Nascido do outro lado do Oceano Atlântico, o mais recente dos crossovers da Volkswagen não demorou muito a ganhar ambições para singrar também no Velho Continente, onde, nem mesmo com um nome diferente, perdeu, quer um certo DNA brasileiro, quer a queda para o sucesso. Também nesta versão Style, com um pequenino mas convincente 1.0 TSI a gasolina...
Pode dizer-se que a fórmula nem sequer é nova, tal como, aliás, já não o era, aquando da concepção do "modelo original", a que foi dado o nome de Nivus. E que, recorde-se, procurava afirmar no Brasil, uma imagem e argumentos que, de resto, já se tornava no Velho Continente!
A demonstrá-lo, o recurso a soluções de créditos já firmados, em particular, do lado de cá do Atlântico, como e o caso da plataforma MQB-A0 que já era utilizada em propostas como o Polo ou o T-Cross. Embora e no caso deste Nivus europeu - ou melhor, Taigo, porque na Europa todos os SUV da Volkswagen têm por princípio começar pela letra 'T' -, a anunciar dimensões exteriores ligeiramente maiores - 4,26 m de comprimento, 1,75 m de largura, 1,51 m de altura e 2,55 m de distância entre eixos -, emolduradas por uma estética de ainda menos risco - a de crossover coupé.
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Marcado, assim, por um perfil particularmente fluído e insinuante, com a linha o tejadilho a descer suavemente, rumo ao portão da bagageira, logo a partir dos pilares 'B', a verdade é que, as qualidades estéticas inatas deste Taigo, permitem-lhe, inclusivamente, não exigir mais do que o nível de equipamento intermédio Style, para assim se destacar. Com esta opção a - naturalmente... - não deixar de acentuar essa mesma afirmação, graças não somente a umas bonitas jantes 'Aberdeen' de 17" (ainda que o carro na foto apresente as opcionais 'Funchal' de 18"...), como também através da presença de faróis dianteiros com tecnologia IQ.Light LED Matrix, interligados entre si por um filete de luz (a mesma solução estilística que, aliás, é possível encontrar na traseira, com os farolins em LED interligados por uma barra de luz aqui mais grossa…); de barras de tejadilho em prateado; e dos vidros traseiros escurecidos. Neste caso, em claro contraste com o Verde Visual escolhido para cor exterior e que, reconheça-se, merece os 537,01€ que custa….
INTERIORPassando ao interior, um habitáculo homologado para cinco ocupantes, que uma distância entre eixos de 2,55 metros ajuda a garantir espaço suficiente para as pernas de todos os ocupantes, ainda que, a inclusão de um terceiro ocupante no lugar do meio, não apenas obrigue o próprio a lidar com um espaço mais estreito e um túnel de transmissão saliente, como acabe exigindo maiores concessões, em largura, aos restantes. Que, até aí, dispunham, sem dúvida, de um bom nível de conforto.
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E se a habitabilidade, quando limitada a quatro ocupantes, facilmente convence, inclusive, em altura, o mesmo se pode dizer da solidez e qualidade percepcionada num habitáculo onde não faltam alguns revestimentos a acentuar as boas sensações. Como é o caso, por exemplo, do material emborrachado que reveste a parte superior do tablier e que só é pena não chegar às portas, onde a opção é pelo plástico rijo e rugoso.
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Igualmente em óptimo plano, a ergonomia das linhas já conhecidas de outros produtos, não apenas por proporcionarem um fácil acesso a comandos, ecrã central táctil a cores de 8" incluído, assim como a alguns espaços de arrumação como é o caso do alçapão na base da consola central, mas também e no caso específico do condutor, a ajudarem a uma boa integração no cockpit. Ajudadas igualmente por um banco confortável, com todos os ajustes necessários, e a apoiar bem o corpo do ocupante, assim como por um volante multiregulável e de óptima pega, além de com botões (físicos) funcionais. Tendo, depois, por detrás de si, um painel de instrumentos 100% digital a que Volkswagen chama 'Digital Cockpit' e que, com as suas 8 polegadas (ou 10,25" em opção), consegue ser não só configurável, como atraente no layout.
Menos agradável e, principalmente, menos funcional ou preciso, o sistema automático de ar condicionado Climatronic, sem qualquer botão físico e a exigir, quase sempre, o desviar dos olhos, da estrada...
Quanto à bagageira, uma boa capacidade anunciada de 438 litros, acrescida de um acesso amplo em resultado de um portão de que abre bastante, e que a possibilidade de rebatimento 60/40 das costas dos bancos traseiros permite elevar o espaço disponível, até aos 1.222 litros. Sendo que, colocando o piso, amovível, na posição mais elevada e ao nível do acesso, passa a existir, por baixo, um alçapão, não muito fundo, mas a toda a largura da bagageira.
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Tal como o irmão brasileiro Nivus, também o europeu Taigo aposta em motorizações pequenas e exclusivamente a gasolina, entre as quais, um pequeno três cilindros de 999 cc, alimentado por um sistema de injecção directa e turbocompressor, a prometer 110 cv de potência e 200 Nm de binário. E que, bem apoiado por uma caixa automática DSG de 7 velocidades (também está disponível com caixa manual de seis relações), consegue anunciar acelerações dos 0 aos 100 km/h em 10,9 segundos, assim como uma velocidade máxima de 191 km/h.
Aliás e embora podendo parecer, à partida, pouco impressionantes, a verdade é que, uma vez transpostos para a realidade, estes números acabam deixando sensações bem mais positivas do seria de esperar. Nomeadamente, se mantendo o 1.0 TSI acima das 2.000 rpm. Tornando-as melhores, inclusivamente, que os consumos, cuja média em trajecto combinado a Volkswagen fixa nos 5,9 l/100 km, mas que, numa utilização real, o computador de bordo acaba colocando nos 6,5 l/100 km. Tudo isto, sem a ajuda de qualquer sistema de modos de condução ou até mesmo de uma simples função Eco...
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Disponível no mercado nacional com três níveis distintos de equipamento - Life, Style e R-Line -, a verdade é que não é preciso recorrer à opção de topo, para conseguir um Taigo capaz de destacar-se entre os demais. Bastando, na verdade, a versão intermédia, aqui em análise, para que tal seja uma realidade.
A confirmá-lo, o facto desta versão Style contemplar, de série, tecnologias como o sistema de faróis IQ.Light LED Matrix e farolins em LED, a iluminação diurna também em LED e os faróis de nevoeiro, assim como o Digital Cockpit de 8", o rádio "Ready 2 Discover" com ecrã táctil de 8", seis colunas, app Connect Wireless para Apple CarPlay e Android Auto e serviços Online. Sendo que o condutor poderá requerer, a qualquer momento da sua vivência com o Taigo, a disponibilização de serviços acrescidos, como a Navegação, a qual terá, no entanto, de ser paga, via in-Car Shop.
Já no capítulo do conforto e funcionalidade, uma maior dualidade de sentimentos, com o ar condicionado automático Climatronic a ser proposto de série, mas depois a não convencer totalmente na utilização (sem comandos físicos, obriga a desviar a atenção da estrada, para uma regulação mais precisa), ou ainda as várias entradas para carregamento de telemóveis espalhadas pelo habitáculo, embora reduzidas a um único só tipo - USB-C. Solução que, reconheça-se continua a não ser a mais difundida entre os smartphones…
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Bem mais convincente mostra-se a oferta em termos de tecnologias de segurança e apoio à condução, a qual, elogie-se, não deixa de fora elementos como uma câmara multifunções, monitorização da pressão dos pneus, sistema de monitorização de peões e ciclistas, sensores de estacionamento à frente e atrás, sistema Front Assist, com travagem de emergência em cidade, sistema de detecção de fadiga, serviço de chamada de emergência e-Call e até o Travel Assist com manutenção na faixa de rodagem (Lane Assist) e Cruise Control Adaptativo.
AO VOLANTECrossover de imagem jovial e dinâmica, o Volkswagen Taigo transporta essa mesma postura para a condução, afirmando-se como uma proposta ágil e estável, fruto também de uma plataforma cujas ligações ao solo um pouco mais firmes, permitem, em conjunto com uma direcção de atuação convincente, rápidas mudanças de direcção, sem que tal termine num desconcertar do conjunto. Ou, até mesmo, numa qualquer perda da estabilidade.
Apto para enfrentar, inclusivamente, os piores empedrados que algumas cidades portuguesas ainda mantêm, onde um bom nível de conforto, a par da elogiosa solidez de construção, mais se destacam, elogios, igualmente, para o já referido desempenho agradavelmente expedido do pequeno bloco 1.0 TSI de 110 cv, ajudado pela excelente gestão feita pela DSG de 7 velocidades, que, juntamente com as pequenas patilhas no volante, consegue, inclusivamente, fazer despontar uma certa irreverência, sempre salutar numa proposta de genes citadinos como é este crossover. E que, aliás, uma saída para estrada aberta e convidativa a velocidades mais alta, rapidamente reforça, não somente pelas limitações do bloco, como até mesmo pela forma mais presente como se sentem os ruídos aerodinâmicos.
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Naturalmente, para as sensações bem mais positivas, nomeadamente, em cidade, também acabou contribuindo o facto de, ao longo deste ensaio, o Taigo ter sido sujeito ao mesmo tipo de utilização que 99% dos automóveis, nas grandes cidades, são - com não mais do que dois ocupantes a bordo, condutor já incluído. Mas, isso, reconheça-se, já não é algo que possa ser assacado aos automóveis, ou até mesmo aos próprios construtores automóveis...
VEREDICTO
Marcado, desde logo, por uma estética exterior que facilmente cativa, o Volkswagen Taigo junta ao sex-appeal das linhas, a racionalidade decorrente de uma qualidade de construção de óptimo nível, de uma habitabilidade convincente para quatro ocupantes, ou até mesmo de uma bagageira cuja capacidade responde sem problemas à maioria das necessidades.
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Aliás, a mesma conclusão é possível aplicar ao pequeno 1.0 TSI de 110 cv, principalmente, quando ajudado no seu desempenho pela caixa DGS. A qual, não temos dúvidas, acaba acentuando a certa queda para o sucesso que este Volkswagen Taigo tem, definitivamente, em si...
Gostámos
Qualidade de construção Correndo o risco de ser um lugar-comum na marca de Wolfsburgo, a verdade é que, nem mesmo o facto de ser uma proposta para os segmentos mais baixos, impede este Taigo de exibir uma qualidade de construção percepcionada excelente. | Tecnologia Mesmo sem recorrer ao nível de equipamento de topo, R-Line, e ficando-se apenas pelo intermédio Style, o crossover coupé alemão garante praticamente tudo o que hoje em dia, desde os faróis IQ.Light LED Matrix, até ao Digital Cockpit, sem esquecer os sistemas de segurança e ajudas à condução | Desempenho dinâmico Recorrendo a uma plataforma de créditos firmados, o Taigo soma-lhe uma suspensão com um pouco mais de firmeza, que não desconfortável, para oferecer um desempenho dinâmico de que dá gosto desfrutar, nomeadamente, em cidade, que é o seu terreno de eleição. |
Não Gostámos
Insonorização do habitáculo Beneficiado por um propulsor a gasolina que quase não se ouve, é já em estrada aberta e a velocidades acima dos 100 km/h que nos apercebemos que o habitáculo poderia estar melhor insonorizado. Nomeadamente, aos barulhos aerodinâmicos . | Visibilidade traseira Mais do que um defeito, uma espécie de feitio já esperado em qualquer coupé, e ainda mais nos de base crossover, também no Taigo, a visibilidade traseira é pouco melhor do que inexistente. Embora e neste caso, tal pouco ou nada preocupe, face à forma como a câmara traseira ajuda a ultrapassá-lo. | Lugar do meio Embora homologado para cinco passageiros, condutor incluído, a realidade demonstra que, ocupante no lugar do meio, só mesmo por uma questão de recurso. Até pelas cedências que exige aos restantes. |