Teste na Noruega. Conheça os elétricos que perdem mais autonomia com o frio

Já se sabia que as baterias dos elétricos não se davam bem com o frio, mas teste efetuado na Noruega veio revelar que há perda de autonomia

Já se sabia que as baterias dos veículos elétricos não se davam bem com o frio, mas um recente teste com 23 automóveis efetuado na Noruega veio revelar que, em média, há uma perda de autonomia de 25% em relação aos resultados homologados em ciclo WLTP. E como em tudo também há uns melhores do que outros, saiba quais os mais eficazes!

A Federação de Automobilistas da Noruega (NAF) e a revista local 'Motor' organizaram um teste para avaliar a autonomia dos automóveis elétricos. Naquele país da Escandinávia, 90% dos automóveis novos são elétricos e uma das particularidades desse país são os invernos rigorosos.

Aquele teste teve como objetivo analisar a influência do frio sobre a autonomia real de diferentes automóveis elétricos e os resultados não deixam de surpreender.

O frio reduz a velocidade das reações químicas da bateria e consequentemente diminui o seu rendimento. Num automóvel elétrico com baterias de refrigeração ativa procura-se que não haja um excessivo desvio térmico para evitar reduções no seu rendimento. Por isso necessitam de usar a maior parte da sua energia para manterem a temperatura a um nível ótimo. 

Elementos indispensáveis no inverno

A regulação térmica é obtida através da circulação do líquido anti-congelante, movido por bombas de água elétricas. Alguns usam mesmo a bomba de calor do automóvel para aquecer a bateria

Ao mesmo tempo, com temperaturas baixas, os utilizadores necessitam de recorrer a elementos como assentos aquecidos ou o sistema de ar condicionado do veículo, que são grandes consumidores de energia.

Além disso, a resistência dos pneus é muito superior quando se circula em piso com neve ou molhado do que em superfícies secas.

A combinação destes elementos faz com que alguns veículos tenham uma perda considerável na autonomia real, que pode chegar aos 30% relativamente ao valor homologado em ciclo WLTP.

Trajeto com perfil misto

O teste foi realizado em finais de janeiro, com temperaturas máximas entre 1 e 4 graus e mínimas entre - 11 e - 4 graus. Estas condições são consideradas duras, mas não são consideradas extremas para o inverno norueguês. O percurso teve uma extensão total de 480 quilómetros e a última parte foi realizada em altitudes mais elevadas, por vezes superior a mil metros.

Os 23 veículos iniciaram o trajeto com a bateria totalmente carregada e a rota tinha um perfil misto, incluindo cidade, bastante estradas secundárias e alguma autoestrada.

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Os resultados finais foram ordenados em função do desvio da autonomia relativamente ao valor homologado em ciclo WLTP.

Com base nos dados deste comparativo pode-se concluir que existe um desvio médio da autonomia no inverno de 25% em relação à homologação WLTP. Isto significa que um veículo que anuncia oficialmente 400 quilómetros não deverá percorrer em condições reais mais de 300 quilómetros.

Grandes diferenças 

Curiosamente neste teste da NAF e da 'Motor' verificam-se grandes diferenças nas perdas de autonomia entre os diferentes modelos. O que menos alcance perdeu foi o HiPhi Z, um crossover caro de alta tecnologia e origem chinesa, cuja autonomia diminuiu apenas 33 quilómetros (-5,9%). Contudo. o seu preço é superior a 100 mil euros.

O BMW i5 (-12,2%) e o Lotus Eletre (-12,3%) são os outros dois modelos que subiram ao pódio, já que a distância é relativamente curta para o vencedor. Curiosamente, entre os dez veículos que apresentam menos desvios na autonomia homologada, seis são chineses: Xpeng G9, Nio EL6 e ET5 Touring, os mencionados HiPhi e Lotus, assim como o BYD Dolphin.

O Mercedes-Benz EQE e o Audi Q8 e-tron também não se saíram mal neste comparativo, com uma perda de 20% sobre o valor da homologação. O mesmo não se pode dizer do campeão de vendas Tesla Model 3, com um desvio de 29,9%.

Contudo existem modelos que ainda se dão pior com o frito, como o Polestar 2 Long Range (-30,0%), o Volvo C40 (-30,9%), o Toyota bZ4X (-31,8%) e o Volkswagen ID.7 (-31,9%). Nesta última situação, a autonomia homologada em ciclo WLTP desceu de 608 quilómetros para 404 quilómetros reais.

23 modelos em análise

PosiçãoCarroAutonomia WLTP (km)Autonomia real (km)Perda
1HiPhi Z555522-5,9%
2BMW i5 eDrive40505443,6-12,2%
3Lotus Eletre530464,4-12,3%
4Kia EV9 GT Line505441,9-12,5%
5XPeng G9520451,8-13,1%
6NIO EL6529456-13,8%
7NIO ET5 Touring560481,4-14,0%
8Mercedes EQE 350 4MATIC491399-18,7%
9Audi Q8 e-tron Sportback 55515411,4-20,1%
10BYD Dolphin Active427339,2-20,6%
11Ford F-150 Lightning 98 kWh429337,5-21,3%
12MG4 Extended Range520399,6-23,2%
13Hyundai Ioniq 6 Long Range614467,8-23,8%
14Hyundai Kauai Electric LR454341,3-24,8%
15Nissan Ariya 87 kWh498369,4-25,8%
16Peugeot e-308 GT409297-27,4%
17Jeep Avenger395286-27,6%
18Opel Astra-e GT413296-28,3%
19Tesla Model 3 Long Range629441-29,9%
20Polestar 2 Long Range614430-30,0%
21Volvo C40 LR572395-30,9%
22Toyota bZ4X AWD460313,5-31,8%
23Volkswagen ID 7 77 kWH608414-31,9%