Com uma autonomia de até 340 quilómetros, o Peugeot e-208 é o automóvel elétrico de segmento B mais vendido em Portugal. Mantendo os mesmos índices de habitabilidade e espaço dos seus irmãos com motores térmicos, a versão mais equipada do 208 elétrico é a GT que oferece apontamentos exclusivos, quer no exterior, quer no interior. Mas será que justifica o preço?...
Lançado no final de 2019, o Peugeot e-208 tem registado uma elevada aceitação no mercado nacional e passou mesmo a ser o veículo elétrico mais vendido do segmento B em 2021, com 580 unidades matriculadas, correspondendo a uma taxa de penetração de 34,6%.
Construído a partir da arquitetura modular EMP2 (Efficient Modular Platform) do Grupo PSA, o Peugeot e-208 oferece os mesmos níveis de espaço, conforto e habitabilidade das versões de combustão (gasolina e diesel), mas com uma condução isenta de emissões, vibrações e ruído. Relativamente à restante gama, esta versão elétrica só é identificável pelo monograma "e-208" na tampa da bagageira e pelo símbolo "e" no pilar C.

A versão mais equipada do Peugeot e-208 é a GT que se distingue exteriormente por apresentar uma grelha frontal específica na cor da carroçaria, faróis LED com assinatura luminosa com três garras, embelezadores das cavas de rodas e frisos de vidro em preto lacado, jantes de liga leve de 17", assim como os leões dicroicos, que mudam de cor consoante o ângulo de visão.
INTERIORIgualmente específico do Peugeot e-208 GT é o habitáculo que conta com detalhes exclusivos, destacando-se o revestimento do tejadilho em preto, bancos em Alcântara / cinza gréval, costuras na cor "Adamite" ou os pedais em alumínio.
Os materiais utilizados são de qualidade e dificilmente se encontram plásticos duros ao toque. O painel de bordo inclui e inserções em carbono e um friso em vermelho, enquanto o volante se mantém fiel à filosofia Peugeot i-Cockpit, compacto e achatado, quer na parte superior, quer na inferior.
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O sistema de infoentretenimento com ecrã de dez polegadas é de série na versão GT. Os gráficos não respondem tão depressa como seria de desejar, mas é compatível com Apple CarPlay e Android Auto. Por baixo do ecrã tátil encontram-se um conjunto de teclas, tipo piano, que permitem controlar funções como o rádio, o sistema de navegação ou o ar condicionado, entre outros.
A habitabilidade é razoável à frente, mesmo para pessoas de estatura mais elevada, mas o mesmo não acontece na traseira, onde o espaço para as pernas não abunda e dificilmente se conseguem sentar mais de duas pessoas com conforto.
Compartimentos para arrumações não faltam a bordo, incluindo as bolsas nas portas, vários recetáculos e um género de prateleira na parte inferior da consola central. Por cima encontra-se um compartimento escondido que se abre com um toque e permite carregar um smartphone por indução.
A bagageira do e-208, por sua vez, oferece uma capacidade semelhante às restantes versões da gama 208, o que se traduz num volume útil entre 311 e 1160 litros, com os assentos traseiros em posição normal ou totalmente rebatidos, respetivamente.
MECÂNICABaseada na plataforma modular multienergias EMP2, a linha motriz do Peugeot e-208 combina uma bateria de 50 kWh de capacidade com um motor elétrico que desenvolve uma potência máxima de 100 kW (136 cv) e um binário máximo de 260 Nm, disponíveis logo no arranque.
Em função das condições de utilização, o Peugeot e-208 conta com três modos de condução disponíveis: Normal, Eco e Sport. A primeira opção foi concebida para maximizar o conforto e será a mais adequada para o dia-a-dia. O modo Eco privilegia a otimização da autonomia, enquanto o Sport dá acesso a todo o potencial do sistema de tração elétrico e conta com uma afinação que vai permitir aumentar as sensações de dinamismo ao volante. Por outro lado, obriga a ligar mais vezes o cabo de carregamento elétrico ao posto de carga.

A partir do seletor de condução também é possível aceder a dois modos de regeneração energia da desaceleração e da travagem. O modo D (Drive) garante uma recuperação semelhante à de um veículo com motorização térmica, enquanto o modo B (Brake) assegura um maior nível de regeneração sempre que se levanta o pé do acelerador ou se trava.
De acordo com o ciclo WLTP, o Peugeot e-208 consegue percorrer até 340 quilómetros entre carregamentos. A bateria pode recuperar a sua capacidade através de três formas distintas: com recurso a uma tomada doméstica de 220V, demorando a operação até 16 horas; em modo trifásico (11 kW) e com recurso a uma wallbox é possível efetuar o carregamento em 5h15; já em modo monofásico (7,4 kW), o processo demora 7h30; a terceira opção consiste num posto de carga rápido de até 100 kW, sendo possível recuperar até 80% da capacidade em apenas 30 minutos.
Em termos de prestações, a aceleração dos 0 aos 100 km/h é realizada em 8,1 segundos, enquanto a velocidade máxima está limitada a 150 km/h.
TECNOLOGIAO 208 estreou o Peugeot i-Cockpit 3D, cujo painel de instrumentos projeta as informações como se de um holograma se tratasse, à semelhança de um moderno avião de caça. As indicações são dinâmicas e surgem à frente dos olhos em dois níveis de leitura, sendo colocadas no campo de visão do condutor para que não tenha de desviar o olhar da estrada.
No centro do painel de bordo encontra-se o ecrã de infoentrenimento da Peugeot, que tem uma diagonal de dez polegadas e navegação no nível de equipamento GT, podendo ser controlado com acessos táteis e diretos nas teclas de acesso táteis e diretos ou por comando de voz.

Para apoiar a condução, o e-208 GT está dotado com vários sistemas de assistência, destacando-se a sempre útil câmara traseira, travão de estacionamento elétrico, acesso e arranque mãos livres, sistema ativo de vigilância de ângulo morto e sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, alerta de manutenção da faixa de rodagem com correção de trajetória, entre outros.
AO VOLANTECom exceção da quase ausência de ruído, o Peugeot e-208 conduz-se como qualquer outro modelo desta gama com motor de combustão. Após a verificação no painel de instrumentos digital que o veículo está pronto para arrancar, basta deslocar o seletor de condução para a posição D ou B e acelerar.
Disponíveis de forma instantânea, os 260 Nm de binário proporcionam uma aceleração progressiva, sem quebras ou solavancos. Com velocidade limitada a 150 km/h, as prestações são fulgurantes, com uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 8,1 segundos, enquanto o consumo é moderado, com uma média registada durante o ensaio de 15,2 kWh/100 km.
No modo Eco e em ambiente urbano é possível baixar o consumo de energia até aos 12 kWh/100 km, já que tem uma gestão para otimizar ao máximo a autonomia. Em termos de custos e tendo em conta o consumo anunciado de 15,9 kWh, por cada cem quilómetros percorridos representa um gasto de 3,18 euros (para um preço de 0,20 €/kWh).

A colocação da bateria sob o piso assegurou um centro de gravidade mais baixo, com reflexos positivos ao nível de um comportamento dinâmico que se revelou bastante previsível, designadamente nas curvas mais rápidas.
A suspensão também se manifestou eficiente ao digerir as irregularidades dos maus pisos, apresentando um comportamento típico dos automóveis franceses.
VEREDICTOO recurso à plataforma multi-energias permitiu à Peugeot disponibilizar várias alternativas energéticas do Peugeot 208 que pouco diferem em termos de design, habitabilidade, espaço e condução. A autonomia superior a 300 quilómetros em utilização real é mais do que suficiente para a maioria das utilizações.

Gostámos
i-Cockpit 3D O Peugeot 208 foi o primeiro modelo da marca francesa a disponibilizar a nova geração do sistema i-Cockpit 3D, onde as informações são apresentadas em dois níveis de leitura. O ecrã digital transmite as informações sob a forma de holograma dinâmico. | Autonomia real A bateria de 50 kWh assegura uma autonomia anunciada de 340 quilómetros em ciclo WLTP, valor mais do que suficiente para a maioria das deslocações diárias pendulares. Durante o ensaio, a autonomia real atingiu os 320 quilómetros. | Equipamento O nível de equipamento e sofisticação é um dos argumentos da versão GT, num pacote que compreende bancos em alcântara e couro, navegação conectada com ecrã tátil de 10", acesso e arranque mãos-livres, câmara traseira, entre outros. |
Não Gostámos
Habitabilidade traseira A habitabilidade traseira fica aquém da média do segmento B. O espaço para as pernas dos passageiros dos bancos traseiros não abunda e a largura, quer à frente, quer atrás, também não é brilhante, sendo recomendável apenas para quatro ocupantes. | Seletor de condução O comando dos modos de condução é efetuado através de um seletor localizado no espaço do túnel da transmissão. Apesar de funcional, o sistema poderia ser mais intuitivo e também mais rápido a engrenar o modo pretendido pelo condutor. | Preço Para um particular que não beneficia de grandes incentivos fiscais, o Peugeot e-208 GT está longe de ser propriamente acessível. O preço de venda ao público de 32.630 euros é pouco convidativo para um veículo de segmento B. |