Ford Puma ST

Ford Puma ST. De garras afiadas

Já disponível no mercado nacional, o Ford Puma ST é uma espécie de gato de pêlo eriçado, fruto de uma carroçaria mais alta face ao solo, e a que um excelente 1.5 EcoBoost de 200cv e autoblocante, garante garras bem afiadas! A questão, no entanto, é saber se saberá o que fazer com elas...

Hoje em dia um verdadeiro sucesso na oferta da marca da oval azul, e isto graças, em grande parte, ao posicionamento crossover, a verdade é que continuam existir muitos condutores portugueses que ainda se recordam do tempo em que o Puma era um pequeno desportivo de duas portas.

Entretanto e passados quase 20 anos - desapareceu em 2002... -, a própria Ford dá mostras de não ter esquecido as origens desportivas deste nome. Nomeadamente, ao entregar à Ford Performance a responsabilidade de criar, a partir de um agora pequeno e espigado crossover, um novo desportivo - o Puma ST.

[caption id="attachment_163087" align="alignnone" width="1500"] Foto: Turbo/Carlos Moura[/caption] Com uma enorme experiência e ainda melhores resultados - basta ver, por exemplo, o exemplo do arrebatador Fiesta ST... -, também aqui a divisão de performance da Ford não virou a cara à luta e, mesmo sem mexer nas linhas ou postura gerais do pequeno crossover, dotou-o, desde logo, de uma imagem mais radical. Com especial destaque não apenas para a traseira, a qual ganha um difusor com das ponteiras de escape integrada e um spoiler mais saliente, como também para as bonitas de jantes de 19 polegadas com pneus Michelin Pilot Sport 4S 225/40 R19. E que, diga-se, em conjunto com a atraente pintura exterior 'Mean Green' (1.271€), contribuem para acentuar as ambições mais "aceleras" do modelo... INTERIOR

Apesar de com ambições muito diferentes das dos restantes irmãos, o Puma ST opta por alinhar com as raízes familiares, no que ao habitáculo diz respeito. Com as únicas alterações a surgirem no domínio do condutor e, definitivamente, para melhor!

LEIA TAMBÉM Resultado do contributo dos fãs. Ford apresenta o Puma ST Gold Edition

As melhorias começam, desde logo, nos bancos dianteiros particularmente envolventes, resultado do know-how da Recaro, a que acresce, no caso do condutor, pedaleira em metal e um volante com ajuste em altura e profundidade, de óptima pega, e com o pormenor da sigla 'ST' a vermelho no braço inferior. Sendo que, uma vez ajustado à nossa posição de condução, fica garantido um correcto acesso à generalidade dos comandos - físicos, maioritariamente -, espaços de arrumação - o melhor, na base da consola central -, e visibilidade exterior - pior, a traseira.

[caption id="attachment_163088" align="alignnone" width="1500"] Foto: Turbo/Carlos Moura[/caption]

Num habitáculo bem construído e de revestimentos agradáveis, convincente, também, a habitabilidade, assim como a capacidade da bagageira, com os seus 456 litros propostos à partida, mas que a possibilidade de rebatimento das costas dos bancos traseiros, no seguimento do piso e ligeiramente na perpendicular, eleva até aos 1.216 litros. Isto, já contabilizando a chamada MegaBox, espaço que fica por baixo do piso amovível e que, quando utilizado, permite colocar dois sacos de golfe na vertical.

Não que seja algo que valorize por aí além um desportivo, mas, tudo bem...

MECÂNICA

Mas se, no habitáculo, as diferenças face aos irmãos menos potentes, são poucas, já debaixo do capot, outro gato se assanha! Neste caso, graças à presença do mesmo três cilindros 1.5 EcoBoost a gasolina que a marca utiliza no Fiesta ST e que, com os seus 200 cv de potência e 320 Nm disponíveis entre as 2.500 e 3.200 rpm, promete, logo à partida, acelerações dos 0 aos 100 km/h em 6,7 segundos, assim como uma velocidade máxima anunciada de 220 km/h.

[caption id="attachment_163089" align="alignnone" width="1500"] Foto: Turbo/Carlos Moura[/caption]

Apoiado numa caixa manual de seis velocidades de bom feeling e engrenagem curta, mas também e como valor acrescido - sim, porque é opcional, constituindo com o Launch Control o chamado Pack Performance, com o preço de 1.118€ -, um autoblocante mecânico Quaife a procurar repartir, de forma mais eficaz, a potência pelas rodas da frente, é caso para dizer que, ao Puma ST, não falta vigor ou força na aceleração. Em particular, na ponta final, o que acaba ajudando a tornar um autêntico prazer explorar um motor que, reconheça-se, não padece de falta de apetite. Afinal, médias de 9,3 l/100 km, num pequeno mas feroz gatinho, será mesmo apetite de felino grande...

TECNOLOGIA

Vocacionado para a condução, surpreendeu-nos um pouco o facto deste Puma ST não dar maior destaque a funcionalidades que tendem a acentuar o posicionamento desportivo, como é o caso das informações relativas à intensidade das forças G, a pressão do turbo ou a temperatura do óleo, durante a condução. Dados que, aqui, a Ford optou por integrar no painel de instrumentos e não exibir o ecrã central, onde teriam mais destaque...

[caption id="attachment_163090" align="alignnone" width="1500"] Foto: Turbo/Carlos Moura[/caption]

Ainda assim, dificilmente se poderá dizer que o pequeno Puma sofre de um equipamento escasso, pois, além de um painel de instrumentos totalmente digital a cores de 12,3", com layouts específicos para cada um dos modo de condução - Normal, Eco, Sport e Track - e até uma animação inicial que faz surgir um Puma - exacto, o felino... - no ecrã por detrás do volante, surge ainda o "necessário" ecrã táctil central de 8", parte do referido sistema de informação e entretenimento Ford Sync 3, e destacado no topo do tablier. E que, elogie-se, não abdica de dois botões principais físicos, solução muito mais prática, e o mesmo tipo de comandos para o ar condicionado automático logo abaixo.

Finalmente e com nota positiva, também, o sistema de som B&O premium, com 10 colunas e DAB, assim como o sistema de navegação premium.

AO VOLANTE

No entanto, a verdade é que tudo isto ganha uma importância relativa, a partir do momento em que, ligado o motor, ouvimos as primeiras notas saídas dos escapes, ainda com o conjunto programado no modo 'Normal', que adopta por defeito.

[caption id="attachment_163091" align="alignnone" width="1500"] Foto: Turbo/Carlos Moura[/caption]

Contudo e porque o objectivo é perceber o porquê deste Puma ST querer ser um desportivo, é já com a certeza de que, lombas e maus pisos, não foram feitos para este felino, que, após alguns quilómetros com o modo Eco ativado, mas sem ganhos evidentes em termos de consumos, passamos ao cerne da disputa, com a selecção do modo Sport. Opção que, diga-se, é também a mais fácil de seleccionar, graças à inclusão de um botão específico entre os braços do volante.

 

A partir daí e já com um "rugir" mais fundo e grosso, de garras afiadas de fora, o Ford Puma ST torna-se mais reactivo, repentino, procurando aproveitar a firmeza resultante de argumentos como uma barra de torção reforçada na traseira, molas específicas com vectorização de força e amortecedores Hitachi de dupla câmara nos dois eixos. Mas que, depois e em particular numa sucessão maior de curvas, acabam não sendo suficiente para manter a compostura do conjunto, amassado pelas constantes forças G que atingem lateralmente o felino. Comprovando, também ele, que, mesmo sem colocar em causa a segurança, é impossível esconder os resultados da aplicação das leis da Física a corpos maiores ou mais altos...

[caption id="attachment_163092" align="alignnone" width="1500"] Foto: Turbo/Carlos Moura[/caption]

Seleccionado, ainda assim, o modo último, Track, que o próprio Puma adverte logo à partida ser opção exclusivamente para a pista, até porque desliga automaticamente o ESC, embora não argumentos como a óptima capacidade de tracção dos pneus Michelin Pilot Sport, o bom nível de eficácia do sistema de travagem e a rapidez da direcção (mais rápida, até, que informativa...), o convite à exploração, nem que seja para ouvir os "rateres" emanados do 1.5 nas desacelerações mais a fundo, logo seguidos de recuperações na velocidade para as quais, particularmente em traçados mais sinuosos, a terceira velocidade surge como a escolha mais correcta. Neste caso, por ser aquela que, claramente, permite uma mais ampla faixa de aproveitamento da força e ímpeto do bloco...

VEREDICTO

Sem abdicar dos bons argumentos que fazem dele uma das melhores propostas para o segmento B, a verdade é que o Ford Puma consegue, efectivamente, juntar, nesta versão ST de 200 cv, a dose de adrenalina, força, arrebatamento... e garras afiadas, que só os verdadeiros desportivos têm o dom de oferecer.

[caption id="attachment_163093" align="alignnone" width="1500"] Foto: Turbo/Carlos Moura[/caption]

Contudo e particularmente com um preço que ultrapassa os 36 mil euros, também se torna impossível não reconhecer que, por muito que a potência faça, a maior altura ao solo deste Puma, coloca-o à mercê das leis da Física, sempre que a condução se radicaliza. Não deixando, estamos certo, de causar um certo sorriso, não apenas dos potenciais rivais, mas também do ainda incomparável Fiesta ST...

 

Gostámos Gostámos

Motor

Já conhecido do inolvidável Fiesta, o pequeno tricilíndrico 1.5 Turbo de 200 cv continua a ser um caso sério de desempenho, força e adrenalina, também no Puma ST. Isto, já para não falar no prazer que é explorá-lo!

Prestações

Anunciando uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em qualquer coisa como 6,7 segundos, além de uma velocidade máxima de 220 km/h, este Puma ST mete muito adversário de maior estatuto, literalmente, no bolso! E, nalguns casos, sem necessitar de recorrer à prova definitiva que é o Launch Control...

Posição de condução

Beneficiado por um banco de inspiração desportiva fornecido pelos especialistas da Recaro, a que junta ainda um volante de óptima pega, além de multiregulável, dá gosto estarmos aos comandos do Puma ST.

Não Gostámos Não Gostámos

Consumos

Reconhecido como um verdadeiro poço de intensidade e força, a verdade é que o 1.5 EcoBoost do Puma também mostra apetite de gente grande e a que correspondem médias reais acima dos 9 litros. E, isto, diga-se, sem que tenhamos de andar permanentemente "de faca nos dentes"!...

Suspensão traseira

Alvo de atenção da parte dos engenheiros da Ford, a suspensão traseira do Puma ST foi inquestionavelmente melhorada... mas não o suficiente. Já que, embora mantendo a firmeza que penaliza o conforto, também não consegue manter, nos traçados intensamente sinuosos, manter intocada a compostura.

Conforto

Embora sendo uma daquelas limitações já esperadas num desportivo a sério, também é verdade que o Puma ST faz questão de manter os argumentos familiares conhecidos dos restantes irmãos. Embora e no seu caso, constantemente colocados em causa sempre que uma lomba se aproxima...

Ford Puma ST Preço 36.338€ (s/despesas) Motor 3 cil. gasolina, 1497 cc Potência 200 cv às 6000 rpm Binário 320 Nm às 2500-3500 rpm Transmissão Dianteira, Manual, 6 vel. Peso 1358 kg Comp./Larg./Alt. 4,23/1,81/1,53 m Dist. entre eixos 2,59 m Mala 456 - 1216 l Desempenho 6,7 0-100 km/h; 220 km/h Vel. Máx. Consumo 6,9 (9,3*) l/100 km Emissões CO2 155 g/Km

*Medições TURBO Equipamento Série: Faróis LED com luzes diurnas, máximos automáticos e faróis de nevoeiro, jantes de liga leve de 19", kit de reparação de pneus, limpa pára-brisas com sensor de chuva, retrovisor interior electrocromático, luzes traseiras em LED, pára-brisas "Quickclear", pinças de travão vermelhas, spoiler desportivo, sistema auxiliar de estacionamento à frente e atrás, suspensão ST, travões de disco à frente e atrás, bancos dianteiros Recaro aquecidos, modem FordPass incorporado, modos de condução selecionáveis, rádio com ecrã tátil de 8",10 colunas, B&O e DAB, sistema de Navegação Premium, sistema de chave inteligente com botão Ford Power, alarme Thatchan de perímetro e volumétrico, assistência à travagem de emergência, assistente de arranque em subidas (HLA), chamada e-Call, controlo automático de velocidade com limitador de velocidade, Controlo Electrónico de Estabilidade (ESC),EBA, IVD, controlo de tracção, ABS, limitador de velocidade inteligente com reconhecimento de sinais de trânsito, Mykey, aviso de saída de estrada com manutenção em faixa, sistema de controlo da pressão dos pneus, controlo de tração (TCS), sistema de detecção de deflacção de pneus (DDS) e sistema de gestão de carga.