Mercê de nova estratégia e produtos. E se, na Europa, o Automóvel se tornasse chinês?

Numa altura em que uma autêntica galáxia de marcas chinesas se prepara para entrar na Europa, a TURBO antecipa-se e revela muito do que aí vem

Uma autêntica galáxia de marcas chinesas aproxima-se do mercado automóvel da Europa a grande velocidade. O crescente nível de qualidade, as fusões com marcas europeias e a eletrificação global são os grandes impulsos desta ofensiva, que a TURBO aqui lhe revela, num trabalho de fundo que vamos publicar ao longo dos próximos dias.

Já lá vai o tempo em que as marcas chinesas chocavam a Europa com os seus veículos de sofrível qualidade, muitos deles cópias baratas e fraudulentas de modelos europeus de renome.

Contudo, o tempo passou e a indústria automóvel chinesa soube aprender e evoluir. Nuns casos de forma direta, criando parcerias ou mesmo adquirindo marcas europeias falidas mas ainda suculentas em termos de imagem (MG, Volvo, Lotus…), noutros casos colhendo a engenharia das suas parceiras ocidentais. Neste caso, obrigadas a partilhar capital com entidades locais em troca de implantação industrial e quota de mercado em território chinês.

Fruto da aprendizagem, mas também da aquisição de nova engenharia através da compra de marcas europeias falidas, a indústria automóvel chinesa evoluiu muito, desde o tempo das cópias baratas e fraudulentas
Fruto da aprendizagem, mas também da aquisição de nova engenharia através da compra de marcas europeias falidas, a indústria automóvel chinesa evoluiu muito, desde o tempo das cópias baratas e fraudulentas

Pelo caminho, o fenómeno da eletrificação (tema estrategicamente dominado pela China, desde as matérias primas e indústria mineira à engenharia de baterias, alvo de forte investimento chinês no Mundo, incluindo nos Estados Unidos) está a dar-lhes o impulso definitivo para se baterem, ombro a ombro, com os gigantes ocidentais. Incluindo, com a própria Tesla, já ultrapassada em vendas globais pela BYD.

A força dos números

Primeiro, as marcas chinesas ganharam traquejo e dimensão no fértil mercado doméstico, alavancado por uma expansão socio-económica nunca vista no Mundo e que, até certa altura, era menos exigente e portanto facilitadora do crescimento em números. Algo que é refletido nas taxas de motorização da China, atualmente com 219 veículos por mil habitantes (2,2/10) quando há 20 anos o rácio era de apenas 16/1000.

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Foi assim que o Império do Meio se tornou no maior mercado de carros novos desde 2009 e exibe hoje o maior parque rolante do Planeta, com 301 milhões de veículos registados (sem contar com motos). Ultrapassando mesmo os 276 milhões que circulam nos EUA.

São valores astronómicos, que espelham o momento alto da indústria automóvel chinesa, agora já com novos padrões de qualidade e uma invejável robustez financeira.

A China possui, hoje em dia, o maior parque rolante do Planeta, com 301 milhões de veículos registados... sem contar com as motos!
A China possui, hoje em dia, o maior parque rolante do Planeta, com 301 milhões de veículos registados... sem contar com as motos!

Outra vantagem é que o seu modelo de negócio está a saber escapar ao tradicional, apanhando a boleia do desenvolvidíssimo e agressivo mercado digital chinês, berço da Alibaba, a maior empresa de comércio eletrónico do Mundo.

Mais do que simples marcas isoladas, os fabricantes chineses estão hoje organizados em fortes grupos industriais que englobam diversos emblemas, muitos deles a ficarem disponíveis na Europa no espaço de meses ou... semanas.

[Amanhã: Os grupos automóveis chineses]