Modelo que congrega dois dos mais recentes fenómenos da indústria automóvel, a moda (?) dos SUV, com a mobilidade 100% elétrica, o Audi Q4 50 e-tron quattro consegue ser, para quem com ele convive, uma prazerosa viagem ao futuro. E, ainda por cima, sem a necessidade de realização da dita.
Inaugurando, inclusivamente e na marca dos quatro anéis, uma nova plataforma (MEB), concebida exclusivamente para modelos 100% elétricos, a qual também partilha com os "primos-direitos" Volkswagen ID.4 e Skoda Enyaq - aliás, este Audi é produzido, não em Ingolstadt, mas na mesma fábrica alemã de Zickwau, de onde sai o ID.4 -, o Q4 e-tron pode ser considerado o primeiro e verdadeiro SUV 100% elétrico de volume, comercializado pelo fabricante alemão, e destinado ao mercado dos EV premium.
Embora antecedido pelo SUV e-tron de 2018 e, já mais recentemente, pelo coupé de quatro portas e-tron GT, a verdade é que, será com Q4 e-tron, que a Audi terá o verdadeiro feedback, da parte do mercado, àqueles que são os primeiros passos numa ofensiva elétrica que levará o construtor a tornar-se uma marca 100% elétrica, já em 2023. Desde logo e porque, ao contrário das berlinas, esta, sim, é a carroçaria que, hoje em dia, os europeus mais procuram. Ainda para mais, quando acrescida daquela que é a tendência mais vanguardista do momento - os veículos eléctricos, ou EVs.
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Finalmente e a culminar um perfil do qual se destaca uma linha de cintura em picado, cavas das rodas marcadas de forma contrastante e ombros salientes, uma traseira da qual sobressai o efeito de luz transmitido por farolins esguios e de design interior personalizado. Também aqui, interligados pela cada vez mais frequente barra de luz que a noite torna... espacial. INTERIORMas se o exterior é claramente futurista, o mesmo acontece com o interior do Q4 e-tron, onde, a par de alguns componentes importados de outros modelos, é possível encontrar soluções inovadoras e verdadeiramente vanguardistas, assim como de elevada sofisticação. Como é o caso e para começar, da forma esculpida do próprio tablier, projectado para os ocupantes e contribuindo, ao mesmo tempo, para criar, uma espécie de cockpit envolvente, em redor do condutor. O qual, a par de uma posição de condução correcta e confortável, beneficia, ainda, de um invulgar volante de óptima pega, um painel de instrumentos 100% digital incrustado numa consola que alberga também um head-up display com toda a informação imprescindível à condução e um fácil acesso a um ecrã central táctil de boas dimensões, além de perfeitamente integrado na frontal do tablier.
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Ainda entre as soluções estilísticas inovadores, uma consola que se prolonga entre os bancos da frente e que se destaca pela imagem limpa, graças ao revestimento na parte superior em preto brilhante e onde apenas se manifestam três pequenos comandos: o botão Start (quase desnecessário, uma vez que basta ocupar o banco e pressionar o pedal de travão, para que o Q4 e-tron se ligue), um segundo botão para operar todas as funcionalidades do sistema de som e um terceiro comando, que serve para accionar a caixa de velocidades. Soluções que, no entanto, pelo elemento estético, do que propriamente pela funcionalidade, no fundo, em oposição ao que acontece com o espaço aberto de arrumação, que surge na parte inferior da mesma consola.
Resultado claro da opção pela já conhecida plataforma MEB e, mais concretamente, neste caso, dos 2.764 mm de distância entre eixos, é a generosa habitabilidade em qualquer um dos cinco lugares, fruto, também, de um piso totalmente plano. E que acaba ajudando, igualmente, a uma óptima capacidade inicial de carga na bagageira, fixada nos 520 litros, mas que a possibilidade de rebatimento das costas dos bancos traseiros, no seguimento do piso e praticamente na horizontal, permite aumentar até aos 1490 litros. MECÂNICAEmbora disponível com motorizações menos potentes, o Q4 e-tron aqui em análise, envergava o trem de força mais "generoso" na família: uma configuração de dois motores elétricos colocados sobre os eixos, a oferecerem uma potência máxima combinada de 299 cv (220 kW), assim como um binário conjunto de 460 Nm. Valores que, entre outros atributos, permitem ao SUV alemão anunciar uma velocidade máxima fixada nos 180 km/h, assim como uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 6,2 segundos. Isto, sem esquecer um consumo médio real de 19 kWh/100 km, a permitir acreditar numa autonomia máxima acima dos 450 quilómetros...
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A apoiar os dois motores elétricos, que também permitem ao SUV alemão anunciar tracção integral permanente (quattro), uma transmissão de uma só velocidade e de accionamento contrário ao sentido da marcha - R, ou marcha-atrás, empurrando para a frente; D, ou em frente, puxando o manípulo para trás -, assim como uma bateria de iões de lítio com uma capacidade de 82 kW (77 kW úteis) e com a qual a Audi promete uma autonomia na ordem dos 486 km WLTP. Mas também uma capacidade de carregamento com potências até 125 kW, opção que deverá permitir um carregamento de até 80% da capacidade da bateria, em apenas 38 minutos, enquanto, num posto de carga dito lento, com potências até 11 kW, o tempo de espera sobe para 7,5 horas.
No dia-a-dia, elogios para a capacidade de recuperação de energia na travagem e desaceleração, inclusive, em auto-estrada, com o condutor a poder igualmente seleccionar, entre um de três níveis e com recurso às patilhas no volante, a intensidade de atuação do sistema. Assim como e já agora, também para o bom funcionamento da tecnologia que, através da navegação, nos leva até ao posto de carregamento mais próximo. Algo que, embora possa parecer surpreendente, não acontece em todos os elétricos...
TECNOLOGIAVanguardista no design, o Audi Q4 e-tron reafirma essa postura na tecnologia que congrega, sendo de enaltecer, por exemplo, a funcionalidade, rapidez e intuitividade do sistema de informação e entretenimento MMI, acessível através de um ecrã com ícones facilmente seleccionáveis, e a que se junta, logo abaixo, os comandos do ar condicionado, físicos, como deve ser para uma mais fácil regulação.
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Igualmente muito funcional, o head-up display com informação apresentada segundo a tecnologia de Realidade Aumentada, e a que se junta, entre outros argumentos, a possibilidade de atualização do software via wireless. Ou seja, sem necessidade de deslocação à oficina.
Finalmente e já no capítulo da assistência à condução, a presença, de série, de sistemas como o alerta de saída da faixa de rodagem, do assistente electrónico da direcção, do Audi pre sense dianteiro, do limitador de velocidade e dos sensores de estacionamento traseiros. O que faz com que, muito daquilo com que o "nosso" Audi Q4 contava, fosse, na verdade, opcional e pago à parte...
AO VOLANTEEmbora com mais de 4,5 metros de comprimento, uma altura que ultrapassa os 1,6 metros e um peso que vai além das 2,2 toneladas, a verdade é que, um dos aspectos que mais rapidamente sobressai, quando ao volante do Audi Q4 e-tron, é a competência da plataforma nos esforços de garantir um bom equilíbrio entre conforto e dinâmica. Com o modelo alemão a beneficiar, ainda, de uma direcção competente e um sistema de travagem eficaz, para agradar, em praticamente todo o tipo de trajectos diários.
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Assim, agilidade é coisa que não falta a este SUV elétrico, fruto também daquela que é uma das qualidades inatas de qualquer elétrico, e que passa pela capacidade - forte - de aceleração, em resposta a qualquer pressão no acelerador. Ainda que e no caso deste Q4 e-tron, evidenciada de forma não tão exagerada quanto noutras propostas, inclusive, quando seleccionamos aqueles que, supostamente, são os modos de condução mais desportivos: Dynamic e Individual. Este último, sinónimo de propulsão e trem de rodagem configuráveis, segundo uma de três hipóteses - Eficiente, Equilibrada e Desportivo. Ainda que, depois, a diferença entre os três, pouco se note...
VEREDICTOEnvergando aquela que é a carroçaria mais procurada na atualidade, a que soma uma outra "moda", que é a propulsão exclusivamente elétrica, o Audi Q4 50 e-tron quattro assume-se como o modelo que, no fundo, permitirá à marca alemã avaliar a resposta e interesse dos seus clientes, quanto a esta nova era em que se prepara para entrar.
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Exibindo já conhecida imagem de marca e qualidade de construção e de materiais, a que se junta o sempre apreciado toque de luxo e muito vanguardismo, assim como muito espaço, conforto e uma autonomia já considerável, quer-nos parecer que, a marca dos quatro anéis, poderá estar, mesmo, no caminho certo...
Gostámos
Design interior Tão ou mais vanguardista quanto o exterior, a verdade é que o design interior do Q4 e-tron rapidamente justifica, através da funcionalidade e ergonomia, a quantidade de ângulos e arestas. | Tecnologia Dos equipamentos destinados a ajudar à condução, até aos muitos outros pensados em prol do conforto, a tecnologia a bordo do Q4 e-tron é, sem dúvida, bem mais do que um elemento de atracção visual... | Habitabilidade Baseado na conhecida plataforma MEB, desenvolvida de base para veículos 100% elétricos, o SUV elétrico alemão ostenta, a exemplo dos "primos" ID.4 e Enyaq, muito espaço para ocupantes e bagagens. |
Não Gostámos
Excesso de opcionais Deslumbrados com a imagem e tecnologias presentes no "nosso" Audi Q4 e-tron, equipado com motorização topo de gama, fomos ver os opcionais. E não é que, só de extras, eram cerca de 17.000 euros?!... | Manutenção na Faixa de Rodagem Até pode ser uma questão de configuração ou regulação para formas de atuação mais suaves, mas a verdade é que, tal como se mostrou, o sistema de manutenção na faixa de rodagem era tão brusco, que mais parecia funcionar aos repelões!... | Preço A imagem de marca é forte, a qualidade é elevada, o espaço e o conforto não ficam atrás. No entanto e ainda assim, por bem menos que 57 mil euros que este Q4 e-tron pede, já é possível encontrar outras propostas, inclusive, dentro do mesmo grupo, e a que só faltará o posicionamento premium. |