O Dacia Duster 4x4 é um dos SUV mais acessíveis do mercado, sendo os seus terrenos de eleição os maus caminhos, já que a classificação como Classe 2 nas autoestradas afastará muitos potenciais interessados. Robustez, conforto, eficiência e aptidões em fora de estrada são outros argumentos deste modelo equipado com motor 1.5 dCi de 115 cv. Requinte e sofisticação não serão o seu forte, mas isso também não é o que esperam os seus utilizadores.
Lançado originalmente em 2010, o Dacia Duster rapidamente se impôs no mercado europeu, especialmente junto daqueles que procuram um SUV confortável, robusto, de linhas agradáveis e, sobretudo, com um preço acessível.
Para quem necessita de um veículo com capacidade para enfrentar maus caminhos ou condições de aderência mais precária, a marca também disponibiliza uma versão de tração integral deste modelo, que no mercado nacional é penalizada pela classificação de Classe 2 nas autoestradas.
A segunda geração deste modelo manteve-se fiel às suas origens, com linhas exteriores muito semelhantes à anterior, já que a aposta da Dacia passou por dar continuidade a uma fórmula com provas dadas.
Não obstante, este SUV ainda recebeu uma ligeira atualização estética, que incluiu a adoção da mais recente assinatura visual da marca, destacando-se os grupos óticos dianteiros com luzes diurnas em Y, formato que inspirou os relevos 3D na nova grelha cromada do radiador. Além disso, o Duster é o primeiro modelo da Dacia a ser equipado com indicadores de mudança de direção LED dianteiros.
A aerodinâmica do novo Duster também foi otimizada em túnel de vento, designadamente ao nível do desenho do spoiler traseiro e das jantes. O resultado traduziu-se, segundo a marca, numa redução de até 5,8 g/100 km de dióxido de carbono na versão 4x4 da segunda geração do Duster.
INTERIOR
A partir de dimensões exteriores compactas - comprimento máximo de 4,34 metros, largura de 1,80 metros, altura de 1,62 metros e distância entre-eixos de 2,68 metros -, os engenheiros do Grupo Renault conseguiram encontrar o melhor compromisso possível no habitáculo entre espaço para ocupantes e bagagens.
A altura interior do Duster é suficiente para um condutor de estatura mais elevada, que no nível de equipamento Prestige não tem grandes dificuldades em encontrar a melhor posição atrás do volante, não só graças à regulação em altura e inclinação deste último, mas também às possibilidades de ajustamento (manual, apenas) do assento. O banco do condutor é suficientemente confortável para viagens mais longas, mas carece de apoio lateral nas curvas mais apertadas.
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Por outro lado, o painel de bordo é extraordinariamente simples e funcional. A climatização é ajustada por comandos giratórios e algumas das funções - assistente de descidas em declive, start-stop, modo Eco, sensores estacionamento, câmara, controlo de tração - são ativadas ou desativadas através de botões físicos. Mais simples do que isto é difícil.
Os materiais utilizados no painel de bordo são duros e não se pode encontrar qualquer superfície suave ao toque, assemelhando-mais mais a um comercial do que a um ligeiro de passageiros. Isto, porém, está longe de ser por acaso. Os responsáveis da Dacia sabem perfeitamente que os utilizadores do Duster procuram um veículo robusto, fiável e feito para durar.

Os lugares traseiros também são bastante espaçosos, sendo mesmo possível acomodar três adultos nessa fila, embora aquele que ficar no assento do meio terá de viajar com os pés em cima do túnel da transmissão. O perfil mais esguio dos novos bancos permitiu melhorar a visibilidade dos ocupantes dos assentos traseiros. Além disso, a linha elevada do tejadilho do Duster garante uma generosa altura para a cabeça.
A bagageira, por sua vez, é bastante espaçosa para um SUV compacto, já que oferece 467 litros com os bancos traseiros em posição, podendo este valor ser ampliado até aos 1167 litros com o rebatimento destes assentos, numa configuração de 60:40.
MECÂNICAO Dacia Duster 4WD é proposto com o conhecido motor diesel de 1461 cc da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi que desenvolve uma potência de 115 cv às 3750 rpm e um binário máximo de 260 Nm às 1750 rpm. Este bloco dCi está associado a uma caixa manual de seis velocidades, bastante precisa, mas com um escalonamento demasiado curto entre as relações, para otimizar a utilização em fora de estrada.
Para melhorar a eficiência de combustível, o Duster 4x4 conta com um indicador de mudança de velocidade, surgindo essa informação no painel de instrumentos, e sistema Start-Stop. Neste capítulo, a marca anuncia um consumo médio de 5,3 l/100 km, um valor bastante interessante face a alguns dos principais concorrentes do segmento, alguns dos quais já sem motorizações diesel na sua oferta.

Em função do tipo de terreno, o condutor pode selecionar a tração às rodas dianteiras (2WD) ou integral (Auto) através de um comando giratório localizado no túnel da transmissão. Neste último caso, o sistema assegura uma repartição variável do binário entre as rodas dianteiras e traseiras, podendo ser complementado pela função "Lock", a qual garante uma distribuição fixa da tração 50/50 até aos 60 km/h.
Para utilização em maus caminhos ou mesmo em percursos mais acidentados em fora de estrada, o Duster 4x4 possui aptidões específicas para garantir a progressão, designadamente uma altura ao solo de 21,4 centímetros, um ângulo de ataque de 30º, de saída de 33º e ventral de 21º.
A versão 4x4 oferece ainda um sistema eletrónico que ajuda a controlar o andamento nas descidas mais íngremes, funcionamento com a transmissão em ponto morto ou com a primeira ou segunda velocidades.
TECNOLOGIAO Dacia Duster recebeu uma consola central alta que aloja o ecrã tátil de oito polegadas com sistema multimedia Media Nav, que oferece seis colunas de som, rádio DAB, ligação Bluetooth, tomadas USB, navegação, ligação Wi-Fi para Apple CarPlay e Android Android Auto.
Aquela interface possui ainda um separador "Veículo" que pode ser utilizado para aceder a informações relativas à viagem ou à condução económica e, na versão de tração integral, oferece ainda um pouco habitual (neste segmento) monitor 4x4, com altímetro, inclinómetro, bússola, bastante útil para trajetos em fora de estrada.

Outra ajuda importante em todo-o-terreno pode ser assegurada pelas várias câmaras colocadas estrategicamente em redor da carroçaria, que além da vista traseira (série) também oferecem, em opção, as vistas laterais e dianteira, facilitando na passagem por alguns obstáculos. O sistema é desligado por uma tecla na consola central ou quando a velocidade ultrapassa os 20 km/h.
O Dacia Duster 4x4 dispõe ainda de vários sistemas eletrónicos de assistência à condução como o alerta de ângulo morto, a assistência ao estacionamento com recurso a quatro sensores ultrassónicos instalados no pára-choques traseiro e à câmara traseira, de série no nível de equipamento Prestige, ao assistente ao arranque em subidas e ao já referido controlo adaptativo de velocidade em descida.

A dotação de série deste nível de equipamento compreende igualmente o sistema de regulação da velocidade de cruzeiro / limitador de velocidade, ativado por botões no volante multifunções, sendo simples e intuitivo de utilizar, o ar condicionado automático com visor digital, os sensores de luminosidade,
Referência ainda para o sistema de navegação com cartografia nacional que se revelou lento a carregar e, por vezes, a imagem simplesmente "congelava", deixando de responder ou de indicar qualquer direção.
AO VOLANTEA posição de condução elevada e os pilares finos asseguram uma boa visibilidade dianteira, mas existem alguns ângulos mortos na traseira devido ao formato do óculo e dos pilares. No nível de equipamento Prestige, este constrangimento é facilmente ultrapassado com o recurso à câmara traseira, ativada quando se engrena a márcha-atrás.
O motor diesel 1.5 Blue dCi de 115 cv responde com eficácia às solicitações do acelerador acima das 2000 rpm, mas o escalonamento demasiado curto da caixa manual de seis velocidades obriga o utilizador a manter uma mudança mais alta do que é habitual, exigindo alguma habituação.

O escalonamento é tão curto que numa utilização em estrada é mais fácil arrancar em segunda velocidade do que em primeira, pois a prioridade foi dada à utilização em todo-o-terreno, onde esta versão surpreende pela capacidade em ultrapassar em alguns obstáculos, embora não seja propriamente um todo-o-terreno "puro e duro". Todavia, encontra-se perfeitamente capacitado para avançar em maus caminhos ou em situações de aderência mais precária do piso como gelo, neve ou lama.
Pela positiva há que destacar a eficiência de combustível, com o computador de bordo a indicar uma média durante o ensaio de 5,7 l/100 km, valor não muito afastado dos 5,3 l/100 km anunciados pela marca.

No que se refere à suspensão poder-se-ia pensar que esta seria dura e desconfortável, mas pelo contrário surpreende pela positiva e proporciona um elevado conforto aos ocupantes. Mesmo nas inúmeras lombas que os autarcas deste país teimam em "plantar" nas ruas e estradas, alegadamente em nome da segurança rodoviária, os amortecedores do Duster 4x4 conseguem garantir uma passagem sem "saltar" muito nem penalizar as costas dos ocupantes.
A competência da suspensão é acompanhada por uma direção elétrica que compensa os movimentos amplos e lentos nas transferências de peso, proporcionando uma maior precisão nas curvas. O sistema de travagem, por seu lado, embora simples, assegura espaços de imobilização curtos e resiste bem à fadiga.
VEREDICTOPara quem pretende um SUV com tração integral robusto, confortável, eficiente, o Dacia Duster 4x4 é uma das propostas mais acessíveis e interessantes do mercado. No nível de equipamento Prestige é proposto a partir de 24.900 euros. Além disso, a lista de opcionais também não é particularmente extensa. Exemplo disso é a unidade ensaiada com apenas 650 euros em extras.

A isto há que juntar os baixos custos de combustível típicos das motorizações diesel. Os materiais utilizados a bordo estão longe de ser requintados e sofisticados, mas os utilizadores do também não o pretendem, privilegiando a robustez e a durabilidade. Nesse capítulo, o Dacia Duster 4x4 cumpre perfeitamente esses requisitos e vai mesmo além em termos de conforto.
Gostámos
Painel central O painel central apresenta a dimensão correta e está ligeiramente inclinado em direção ao condutor, que, assim, consegue ler com mais facilidade as informações fornecidas pelas diferentes aplicações como o menú 4x4 mais completo ou da condução. | Bancos Os estofos dos bancos da segunda geração do Duster são totalmente novos. O tecido e o formato dos encostos de cabeça são fáceis de manter e oferecem mais conforto. O perfil mais esguio dos bancos melhora a visibilidade do habitáculo de todos os ocupantes. | Câmara auxiliar A reduzida lista de opcionais do Duster 4x4 integra uma câmara auxiliar, que além da tradicional vista traseira, também proporciona a visualização de imagens na dianteira e em cada uma das laterais. Em todo-o-terreno e em manobras é bastante útil. |
Não Gostámos
Plásticos duros O painel de bordo não oferece qualquer superfície suave ao toque nem possui qualquer acabamento mais requintado ou sofisticado. Todos os plásticos são duros, embora resistentes, estando vocacionados para uma utilização intensiva. | Escalonamento caixa O escalonamento demasiado curto da caixa manual de seis velocidades foi pensado para uma utilização em fora de estrada e vencer obstáculos mais difíceis. No dia-a-dia torna-se incómoda, designadamente nas reduções, e exige um certo período de adaptação. | Classe 2 A introdução do sistema de tração integral no Duster valeu a esta versão a classificação como Classe 2 nas autoestradas portuguesas, aumentando significativamente o custo de utilização, pagando o mesmo que um autocarro ou camião de 12 metros. Um absurdo! |