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Face à escassez no mercado. Volkswagen vai desenhar os seus próprios chips

Texto: Francisco Cruz
Data: 4 de Maio, 2021

Numa altura em que o mercado automóvel se debate com falta de semi-condutores e são já vários os fabricantes que, inclusivamente na Europa, tiveram de interromper produções, o maior construtor europeu, Volkswagen Group, definiu já uma nova estratégia de combate a este problema, a qual passa, segundo avança a imprensa alemã, por conceber os seus próprios chips, ao invés de comprá-los fora.

O caso começa a preocupar fortemente muitos dos construtores automóveis, os quais necessitam desesperadamente de semi-condutores, para poderem continuar, não apenas o desenvolvimento de tecnologias de vanguarda, como a condução autónoma, mas também e principalmente, para poderem continuar a fabricar os modelos que já comercializam.

Com os fornecedores tradicionais deste tipo de componentes incapazes de responder a uma procura cada vez maior, construtores automóveis como o Volkswagen Group começam já a procurar soluções de recurso, que permitam colmatar a falta destas peças no mercado. Sendo que, no caso do maior construtor automóvel europeu, a decisão deverá passar por desenhar e desenvolver estes semi-condutores dentro de portas, ou seja, no seio do próprio grupo.

Herbert Diess CEO Volkswagen
Herbert Diess, junto ao Volkswagen ID.3

A informação foi veiculada pelo próprio CEO do Volkswagen Group, Herbert Diess, que, em declarações ao jornal alemão Handelsblatt, assume que, “para conseguirmos alcançar o desempenho ideal, tendo em vista uma resposta à elevada procura que estes componentes têm, hoje em dia, no mercado mundial, para utilização nos carros atuais, parece-nos que, tanto o hardware, como o software, têm de passar a sair do mesmo local”.

Contudo e de acordo com o mesmo responsável, a intenção do Volkswagen Group não é, propriamente, fabricar o componente físico, algo que o grupo até admite delegar, mas, sim, criar, desenvolver e registar patentes de chips próprios, para utilização nos seus automóveis.

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Diess revelou, ainda, que o trabalho de desenvolver e criar super-condutores pode ficar a cargo da unidade de software do grupo, denominada Cariad.

A ajudar a acelerar esta intenção, surge o facto, também assumido, pela Volkswagen, de tornar a versão de produção do ID Buzz, o primeiro modelo da marca a conseguir conduzir-se sozinho. Sendo que, neste momento, o uma versão altamente automatizada está já em testes de estrada, na Alemanha, também enquanto parte da estratégia de lançamento de veículos autónomos, para serviços de utilização partilhada, já em 2025.

Volkswagen ID. Buzz
O Volkswagen ID.Buzz, acompanhado do modelo que lhe está na origem

Esta decisão também é vista pelos analistas como uma resposta à rival Tesla, cujos veículos estão já preparados para receber chips desenhados e produzidos “à medida”, o que faz com que a empresa de Elon Musk consiga avançar mais depressa do que os restantes concorrentes.

Aliás, o próprio Diess assumiu, na entrevista, que, “tanto a Apple, como a Tesla, têm uma maior competência quanto à forma como os semi-condutores devem evoluir”.

Recorde-se que, em 2020, outro fabricante alemão, a Mercedes-Benz, anunciou a celebração de uma parceria com a Nvidia, precisamente com o objectivo de garantir que os seus automóveis disporiam da próxima geração de chips e plataformas de software.