Com os mercados afectados pelo impacto que a pandemia de COVID-19 produziu, marcas de hiper-luxo como a Rolls-Royce ou a Bentley também começam a registar fenómenos curiosos, em termos de vendas. Desde logo, o aumento da procura por usados. Ainda que, não pelas razões que que o leitor estará já a imaginar…
A notícia é avançada pela Automotive News Europe, que, citando uma pesquisa feita de marcas como a Rolls-Royce ou a Bentley, conclui a existência de uma mudança nas tendências de compra destes automóveis. Mais precisamente, através de um aumento na procura por veículos em segunda mão.
No entanto e ao contrário do que o comum dos mortais poderá pensar, a justificação para esta tendência não reside de perda de capacidade financeira dos clientes tradicionais destas marcas, mas, sim e pelo contrário, um aumento da mesma. Neste caso, resultante da diminuição dos gastos, na sequência das limitações – também de movimentação… – impostas pela pandemia.
Segundo a publicação, a par deste facto, surgem, depois, os recentes condicionalismos decorrentes de dificuldades no fornecimento de componentes – que não chips, salientam estas marcas… -, e que acabaram impedindo os fabricantes de aumentar, ou até mesmo manter, os níveis de produção.
Assim, tem vindo a tornar-se frequente que, um cliente que pretenda comprar um Rolls-Royce ou um Bentley novos, seja confrontado com uma lista de espera de seis meses… no mínimo. E, isto, independentemente do cliente querer um carro mais ou menos personalizado!
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A confirmar esta ideia, surgem as declarações do director de comunicações da Rolls-Royce para a América do Norte, com Gerry Spahn a admitir que, neste momento, 75% das vendas da marca inglesa, são feitas com base no programas de veículos de segunda mão ‘Provenance’. Basicamente, mais do dobro que acontecia anteriormente, quando a percentagem não ultrapassava os 33%.
De resto e a apoiar, igualmente, esta escolha, surge a menor depreciação destes veículos, com um Wraith a perder “apenas” 20% do se valor, no momento em que sai do concessionário, e cerca de 40%, após cinco anos nas mãos do proprietário.
Bentley também não escapa
Tal como a Rolls-Royce, também a rival Bentley assiste a fenómeno semelhante nas suas vendas, nas quais o peso dos veículos usados já subiu um total de 53%, entre 2016 e 2021. Já as vendas de carros novos, subiram, pelo contrário, “apenas” 34%.
Contudo, a verdade é que a marca de Crewe também não se queixa, mostrando-se, igualmente, agradada com esta tendência. Porquê? Porque, na verdade, este aumento na venda de usados também demonstra uma maior adesão da parte dos clientes mais jovens, que graças, aos preços mais baixos, avançam para a compra de um Bentley usado, mas com todas as garantias e até segurança, de um novo.
Resta, agora, saber se, ultrapassada a pandemia, esta tendência se manterá…