Espécie de ás de trunfo no seio da oferta da marca do leão, o Peugeot 2008 é um dos responsáveis pelo crescimento que o fabricante tem vindo a registar, na Europa e em Portugal. Sendo que, especialmente na atual segunda geração e com o argumento forte que é o nível de equipamento GT Line, o crossover gaulês surge, claramente, marcado pelo sucesso.
Proposta apontada ao cada vez mais competitivo - e apetecível! - segmento B-SUV, a verdade é que o sucesso do Peugeot 2008 começou ainda com a primeira geração, lançada em 2013. Então apontada como uma espécie de sucessora natural da carrinha 207 SW, mas, logo aí, a conquistar um público muito maior e mais diversificado.
No entanto e se a primeira geração caiu, claramente no goto dos consumidores, a segunda, desvendada em 2019, veio reforçar ainda mais esse estatuto. Em grande parte, devido a uma presença ainda mais afirmativa, uma postura mais intensa, um visual ainda mais cativante.
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Enriquecida com o nível de equipamento GT Line, um exponencial dessa mesma emoção visual e estética, graças a pormenores como as jantes em liga leve 'Bund' de 18 polegadas, uma pintura bicolor com tecto 'Black Diamond Noir Perla Nera', a grelha frontal preta 'Dark Chrome' e as capas dos retrovisores em preto brilhante. Elementos a acentuarem as linhas fortes e marcantes de um crossover pequeno, mas com ambições - justificadas! - de gente grande.
INTERIORPassando ao habitáculo, um ambiente marcado, claramente, pela mais recente evolução do já conhecido Peugeot i-Cockpit 3D, com painel de instrumentos elevado e 100% digital, mas agora com tecnologia 3D a sobressair num design futurista, construído em função do condutor. Ainda que e apesar da mais-valia de um banco mais desportivo, com bom apoio lateral e todos os ajustes necessários, assim como de um volante propositadamente pequeno, cortado em cima e em baixo, além de ajustável em altura e profundidade, a não evitar uma certa dificuldade em conseguir conjugar todos estes elementos. De forma a que, por exemplo, a parte superior do volante não impeça a completa visão do painel de instrumentos.
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Num ambiente em que a atenção ao detalhe é visível - veja-se, por exemplo, o frontal do tablier, num entrançado agradável à vista e ao toque, ou, ainda, os muitos revestimentos num Piano Black brilhante… - e em que também a solidez, em particular nos locais mais expostos, é igualmente de bom nível, destaque, ainda, para a boa ergonomia e funcionalidade em termos de comandos, assim como de espaços arrumação. Embora, estes últimos, na sua grande maioria, com pouca capacidade. [caption id="attachment_164876" align="alignnone" width="1500"]
Quanto à bagageira, uma capacidade inicial de 434 litros, a que acresce um bom e amplo acesso, assim como a funcionalidade de um banco traseiro que, rebatendo as costas 60/40, praticamente na horizontal, até podia ser uma mais-valia mais significativa. Isto, se as costas não ficassem mais altas do que o piso, beliscando o aproveitamento dos anunciados 1496 litros...
MECÂNICAProposto com uma ampla oferta de motorizações, que vão da gasolina ao diesel, dos híbridos ao elétrico, a versão que tivemos oportunidade de avaliar, neste ensaio, recorria, contudo, à motorização mais acessível, a gasolina: o 1.2 PureTech de 130 cv, conjugado com caixa automática de dupla embraiagem e oito velocidades.
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Aplicada à realidade, esta solução acaba oferecendo uma utilização agradável, para a qual contribui uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h aceitável, que a própria Peugeot fixa nos 9,1 segundos. Acrescentando-lhe, em seguida, uma velocidade máxima anunciada de 198 km/h.
No entanto e até por se tratar de um pequeno tricilíndrico, ajudado por um turbocompressor e sistema de injecção directa, a exploração mais aplicada das suas potencialidades acaba resultando numa presença (sonora) mais notada no habitáculo, assim como numa penalização maior, em termos de consumos. Os quais facilmente disparam dos 6,1 litros prometidos pelo fabricante, para uns bem mais reais 8 l/100 km. O que, reconheça-se, é alto...
TECNOLOGIABeneficiado por um nível de equipamento de topo, como é o caso do GT Line, não faltam argumentos tecnológicos ao Peugeot 2008, com o elemento mais visível e perceptível a ser, desde logo, o novo i-Cockpit com painel de instrumentos 100% digital e layout 3D. Neste caso, a transmitir uma sensação de profundidade verdadeiramente cativante.
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A partir daqui, não deixa de causar, igualmente, boa impressão, o ecrã táctil de 10 polegadas com os seus ícones e layout do sistema de navegação atraentes, ou ainda o funcionamento, já no domínio dos sistema de ajuda à condução, da tecnologia de assistência às manobras de estacionamento Visio Park 1, com acréscimo da ajuda ao estacionamento dianteiro.
Não faltando, igualmente, o Pack Drive Assist Plus, sinónimo de Cruise Control Adaptativo com função Stop&Go, associado à ajuda à manutenção da posição na via.
AO VOLANTEA acompanhar a maior presença em estrada, um desempenho a privilegiar a utilização familiar e o conforto, mais até que propriamente a eficácia dinâmica. Até porque, não só a maior altura ao solo não desaparece sempre optamos por andamentos mais rápidos, como a suspensão do tipo McPherson à frente e torsional atrás, mostra sempre maior preocupação em digerir convenientemente alguns pisos mais degradados, do que propriamente a anular algum balanço da carroçaria.
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Oferecendo uma posição de condução convincente, especialmente pela forma como integra o condutor no cockpit, a possibilidade, ainda, de fazer uso de um sistema de modos de condução, ou Drive Mode, com três opções: Eco, mais vocacionado para alguma contenção nos consumos; Normal, que adopta por defeito; e Sport, a prometer respostas mais enérgicas. Embora e depois, na aplicação do dia-a-dia, sem efeitos ou diferenças muito visíveis.
Aliás, bem mais convincente, a direcção, a mostrar uma boa adaptação à velocidade, conjugada com um bom desempenho dos travões.
VEREDICTOAtraente e com uma estética exterior claramente inspirada no irmão maior 3008 - cuja validade já havia, de resto, passado no exame dos consumidores -, o Peugeot 2008 junta a uma presença marcante em estrada, um habitáculo não menos personalizado e cativante, além de marcadamente vanguardista, tecnológico, e com bons revestimentos. Tudo isto, acrescido de uma habitabilidade de bom nível e capaz de acomodar, inclusivamente, cinco ocupantes.
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Gostámos
Estética Hoje em dia com uma postura ainda intensa e afirmativa, a verdade é que, começa na estética de linhas marcantes, a paixão que os portugueses nutrem por este crossover do segmento B. | Equipamento Especialmente na versão por nós testada, GT Line, o equipamento de série, muito completo, consegue ser um dos argumentos mais fortes no atraente Peugeot 2008. | Habitabilidade Num automóvel do segmento B, ou seja, o dos utilitários, e ainda que com 4,3 metros de comprimento, conseguir acomodar, com razoável conforto, cinco ocupantes, não deixa de ser aspecto a elogiar. |
Não Gostámos
Consumos Resultado da opção por um motor exclusivamente a gasolina, aplicado numa carroçaria alta e com um coeficiente de aerodinâmica não muito favorável, é nos consumos que a factura é cobrada. | Cockpit Embora convencidos pela ergonomia que o habitáculo oferece, particularmente no que ao acesso a comandos diz respeito, já o mesmo não podemos dizer quanto ao posicionamento do volante, de forma a permitir a fácil e completa observação do painel de instrumentos.... um desafio! | Preço Partindo, mais uma vez, do facto de estarmos em presença de um SUV do segmento B, exigir praticamente 30 mil euros por este pequeno crossover, por muito bem equipado que esteja, é, sem dúvida, muito. E, ainda para mais, quando tem debaixo do capot um pequeno tricilíndrico a gasolina... |