Redução de custos de produção e desenvolvimento dos veículos elétricos é a estratégia dos fabricantes europeus para combater a chamada "invasão" chinesa, que começa a incomodar.
Preocupados com a "invasão" de veículos elétricos chineses no Velho Continente, os fabricantes europeus querem reduzir os custos de produção até 40% nos seus custos. Uma das formas passa pela diminuição dos seus próprios custos de desenvolvimento e produção.
A comercialização de veículos elétricos mais acessíveis tornou-se uma prioridade para os fabricantes porque a transição para viaturas de menores emissões está a ser acompanhada por preços elevados, o que se deve sobretudo aos custos relacionados com a bateria.

Os fabricantes chineses como a BYD e a SAIC investiram fortemente na transição, recorrendo a custos de mão-de-obra mais baixos e a fornecedores locais de baterias para ganharem vantagem sobre os concorrentes.
Em 2022, os fabricantes chineses alcançaram uma taxa de penetração de 9% no mercado europeu de veículos elétricos, percentagem que é quase o dobro relativamente à do ano anterior.
Concorrência feroz
Além das marcas chinesas, os fabricantes europeus também têm vindo a enfrentar uma pressão cada vez maior da Tesla, que já diminuiu várias vezes os seus preços este ano, mesmo que seja à custa da diminuição das suas margens. O impacto já começa a ser visível.
No primeiro semestre, a Tesla e a MG, detida pela SAIC, foram as que mais cresceram em termos de vendas na Europa.
O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, afirmou mesmo que a competição com os fabricantes chineses será "extremamente brutal", sublinhando que "a competitividade nos custos é 25% melhor". O português não tem dúvidas em afirmar que "temos de lutar" e descreveu a ofensiva chinesa como uma "invasão".

"Temos de utilizar os nossos próprios custos para assegurarmos que continuamos a ter lucros com preços acessíveis para a nossa classe média", adiantou Carlos Tavares.
O CEO da Stellantis defende que os construtores ocidentais devem recorrer "às mesmas armas" dos que os concorrentes chineses, comprando componentes em países com baixos custos laborais e estabelecendo parcerias com fornecedores de baterias que ofereçam a melhor combinação de densidade energética, custo e peso.
Citroën ë-C3 é exemplo
Com base nesses "ingredientes", a Stellantis está a desenvolver modelos como o Citroën ë-C3 que serão comercializados por valores de 25 mil euros ou menos e de uma forma rentável.
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A Stellantis vai começar a produzir esse modelo a partir do próximo ano na fábrica de Trnava, na Eslováquia, que tem custos de mão-de-obra inferiores às fábricas da Europa Ocidental, para grande irritação do ministro francês da Economia.