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Citroën ë-Jumpy M 75 kWh Club. Sem compromissos

Texto: Carlos Moura
Data: 13 de Janeiro, 2022

A versão com maior capacidade de bateria do Citroën ë-Jumpy oferece uma autonomia de até 330 km, mas o volume de carga é idêntico à variante de combustão. Em termos de prestações e funcionalidade não houve margem para compromissos.

O Grupo PSA, agora Stellantis, poderá não ter sido pioneiro na mobilidade elétrica, mas agora está a tentar procurar recuperar o terreno perdido para a concorrência com o lançamento de uma oferta alargada de veículos elétricos, incluindo uma gama completa de comerciais elétricos.

O relativo atraso face a alguma concorrência permitiu ao construtor otimizar o seu produto face às necessidades reais dos utilizadores, sem quaisquer compromissos em termos de funcionalidade, capacidade de carga ou prestações.  

Na gama de comerciais médios são propostos três comprimentos de carroçaria, vários níveis de equipamento e duas opções de bateria com capacidades de 50 kWh e 75 kWh, que oferecem níveis de autonomia de 230 km e 330 km, respetivamente.

Na marca Citroën, uma das versões disponibilizadas é a de comprimento médio (M), equipada com bateria de 75 kWh de capacidade e autonomia de até 330 quilómetros.

Além das operações urbanas

Esta variante do Citroën ë-Jumpy apresenta as mesmas dimensões externas e internas da versão equivalente de combustão interna. O segredo reside na adoção da mesma plataforma multienergias EMP2, que está preparada para receber diferentes tipos de motorizações. No caso dos furgões elétricos, a linha motriz – motor elétrico, redutor de uma velocidade e carregador de bordo – está localizada por baixo do capot, enquanto os módulos da bateria de iões de lítio foram instalados no subchassis, na parte inferior do compartimento de carga.

Com um comprimento exterior de 4,95 metros, uma largura de 1,92 metros, uma altura de 1,90 metros e uma distância entre-eixos de 3,27 metros, esta versão de chassis médio do ë-Jumpy está preparada para responder a diferentes tipos de operações de caráter urbano, mas não só.

A arquitetura modular EMP2 permitiu à marca francesa disponibilizar um compartimento de carga idêntico ao da versão de combustão, graças a um comprimento interno de 2,51 metros, uma largura de 1,62 metros – sendo de 1,25 metros entre as cavas das rodas – e uma altura de 1,39 metros. A combinação destas dimensões resulta num volume útil de carga de 5,3 m3 e na capacidade para o transporte de três europaletes. 

A acessibilidade ao compartimento de carga é assegurado por duas portas traseiras simétricas, que podem abrir num ângulo até 90º, ou por uma porta deslizante no lado direito com uma largura de 93,5 cm e uma altura de 1,24 metros.

Interior específico

O habitáculo oferece um ambiente acolhedor e agradável, sem grandes luxos ou requintes, e uma posição de condução elevada, do tipo SUV. O utilizador não tem dificuldades em encontrar a posição de condução mais adequada, graças às possibilidades de regulação do assento – em altura, inclinação e alcance – assim como do volante. No nível de equipamento Club, que corresponde à unidade ensaiada, o banco do acompanhante é duplo e dispõe de um compartimento inferior de arrumação, que pode servir, por exemplo, para guardar o cabo de carregamento.

O painel de bordo foi redesenhado para para acolher os novos comandos específicos das versões elétricas, incluindo o ë-Toggle, localizado na consola central, que permite selecionar as diferentes funções da transmissão – Park, Rear, Neutral, Drive e Break – ou o seletor dos três modos de condução: Eco, Normal e Power. O painel de instrumentos, de fácil leitura, também é específico, destacando-se o indicador de potência, que substitui o conta-rotações tradicional, assim com o indicador do nível de carga da bateria e da autonomia restante. 

A consola central possui um ecrã tátil de sete polegadas que não só permite gerir o rádio, o telefone, o sistema de navegação conectada ou as definições, mas também as especificações elétricas do veículo como o fluxo de energia, as estatísticas de consumo ou o carregamento diferido.

A cabina conta com quase 100 litros de arrumação, destacando-se o porta-luvas inferior com tomadas jack e 12V, as bolsas nas portas, o grande espaço sob o banco do passageiro, o porta-copos no tablier ou o pequeno compartimento aberto na parte superior da consola central.

Prestações impressionam 

O Citroën ë-Jumpy está equipado com um motor elétrico que assegura a tração em função do modo de condução selecionado. O melhor compromisso entre autonomia e prestações dinâmicas é assegurado pelo modo Normal, oferecendo uma potência de 80 kW e um binário de 210 Nm.

O modo Eco, por sua vez, permite otimizar o consumo de energia e a autonomia, reduzindo o desempenho do aquecimento e do ar condicionado (sem os desativar), limitando a potência a 60 kW e o binário a 190 Nm. Para situações mais exigentes está disponível o modo Power, que oferece uma potência máxima de 100 kW e um binário de 210 Nm.

Independentemente do modo de condução selecionado, o Citroën ë-Jumpy surpreende pelas suas acelerações e recuperações, apesar do seu peso em vazio de quase 2,2 toneladas. Para não penalizar a autonomia de até 330 quilómetros desta versão com bateria de 75 kWh de capacidade, a velocidade máxima está limitada a 130 km/h.

Referência ainda para a eficiência do sistema de regeneração de energia, que permite ganhar alguns quilómetros de autonomia durante a condução, sobretudo em circuitos urbanos. A combinação dos modos de condução Eco e B permite retirar o melhor partido do sistema de travagem regenerativa, especialmente se o utilizador conseguir manter o ponteiro na secção “Charge” do indicador de potência. 

Várias opções de carregamento

Durante o ensaio foi possível alcançar um consumo médio de 22,1 kWh/100 km, um valor abaixo dos 24,0 kWh/100 km anunciados pela marca. Mesmo neste último caso, isto representa um custo de 3,36 euros por cada cem quilómetros percorridos. A título de comparação, a versão de combustão 1.5 BlueHDi de 120 cv, com um consumo médio em condições reais de 6,0 l/100 km, apresenta um custo de 8,66 euros para percorrer a mesma distância.  

Para recuperar a capacidade da bateria, a Citroën propõe várias alternativas, desde o carregamento numa tomada doméstica de 220V até à carga rápida num posto de 100 kW, operação essa que pode demorar entre 47 horas e 45 minutos (neste caso para 80% da capacidade), passando pela wallbox de 7,4 kW ou 11 kW, assegurando uma carga completa em 11h20 ou 7h30, respetivamente.

Com o objetivo de facilitar o carregamento do ë-Jumpy, a Citroën disponibiliza uma oferta de carregamentos à medida, que não só inclui os dispositivos – tomada standard, reforçada Green Up ou wallbox – como a montagem nas instalações ou domicilio do cliente. Este serviço oferece soluções de carregamento, disponíveis como acessórios, um centro de contacto único para todos os clientes, a instalação dos postos por especialistas qualificados.  

Para garantir o máximo conforto, as suspensões possuem molas com rigidez variável e amortecedores com nivelamento variável associado à carga. As suspensões e a direção conferem uma elevada precisão de condução, enquanto as baterias localizadas sob o piso de carga asseguram uma boa distribuição de peso.  

Conclusão

Eleito “Veículo Comercial Internacional do Ano de 2021” por um júri constituído por jornalistas da imprensa especializada europeia – a TURBO COMERCIAIS passou a ser a publicação representante no nosso país – juntamente com o Peugeot e-Expert e o Opel Vivaro-e, o Citroën ë-Jumpy conta com várias propostas de carroçaria e equipamento no mercado nacional. A unidade ensaiada corresponde à de chassis médio (M) com bateria de 75 kWh e nível de equipamento Club.

Disponível a partir de 47.410 euros, conta com uma dotação de série que privilegia o conforto dos utilizadores, destacando-se o ar condicionado manual, os sensores de estacionamento traseiros, os sensores de chuva e luminosidade ou o sistema de navegação conectada.

A autonomia de 330 quilómetros é mais que suficiente para as necessidades diárias de operação, sendo a capacidade de carga idêntica à da versão equivalente de combustão. O preço de aquisição é mais elevado – cerca de 17 mil euros – mas os custos de energia e manutenção são substancialmente inferiores.  

Ensaio publicado originalmente na Turbo Comerciais 43 – maio / junho 2021

Ficha técnica

Citroën ë-Jumpy M 75 kWh Club

PREÇO47.410 € (48.060 € unidade ensaiada)
MOTORElétrico 100 kWh (136 cv) 
BINÁRIO260 NM
TRANSMISSÃODianteira; 1 Vel; Auto
COMP./LARG./ALT.4950/2010/1900 MM
D.E.E.3270 MM
PESO BRUTO3028 KG
TARA2188 KG
CARGA ÚTIL 840 KG
CONSUMO24,4 kWh/100 KM (WLTP) / Teste 22,1 kWh/100 KM
AUTONOMIA330 km
EMISSÕES0 G/KM
IUC0 €

Equipamento

Rádio MP3 Bluetooth, retrovisores elétricos e aquecidos, travão de estacionamento elétrico, banco do duplo do acompanhante, ar condicionado manual, sensores de estacionamento traseiros, sistema de navegação conectado, limitador / regulador de velocidade, ajuda ao arranque em subida, faróis automáticos, limpa pára-brisas automático, reconhecimento dos painéis de velocidade, Connect Assist, Connect Play