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Euro 7. ACEA garante que custos por automóvel aumentarão 10 vezes

Texto: Francisco Cruz
Data: 27 de Maio, 2023

Continua o confronto entre os fabricantes automóveis e a União Europeia, no que à futura norma Euro 7 diz respeito, depois de, esta terça-feira, a Associação Europeia dos Construtores Automóveis (ACEA) ter vindo avisar que, os custos decorrentes da medida, serão dez vezes mais altos que os já previstos pela UE.

A mais recente tomada de posição da ACEA, relativamente aos possíveis efeitos da entrada em vigor da futura norma anti-emissões Euro 7, é avançada pelo site Automotive News Europe, citando, igualmente, declarações do director-geral do organismo, Sigrid de Vries.

Em comunicado, este responsável recorda que “a indústria automóvel europeia está empenhada em reduzir ainda mais as emissões”, mas que, “a proposta do Euro 7 simplesmente não é maneira certa de conseguir tal objectivo, já que terá um impacto ambiental extremamente baixo, com custos extremamente altos”.

O estudo agora divulgado pela ACEA
O estudo agora divulgado pela ACEA

A suportar estas afirmações, a ACEA divulga um novo estudo da consultora Frontier Economics, segundo o qual o custos directos da entrada em vigor da nova norma, em cada automóvel ligeiro de passageiros e de mercadorias, incluindo já homologação, investimento e equipamento, atingirá os 1.862 euros por veículo. Montante que, diga-se, fica muito acima dos 184  euros por veículo e que era a estimativa da Comissão Europeia.

Já no caso dos autocarros e camiões de transporte de mercadorias, o mesmo estudo aponta para um custo médio por veículo de 11.707 euros, ao invés dos 2.765 euros previstos pela Comissão.

Ainda segundo a ACEA, a concretização destes aumentos acabará por resultar em subidas ainda maiores nos preços a pagar, tanto pelos consumidores particulares, como pelas empresas.

Construtores contra mais investimento

Recorde-se que, a tomada de posição agora divulgada pela Associação Europeia de Construtores Automóveis, é apenas o mais recente episódio num confronto que já dura há algum tempo e que decorre da recusa dos fabricantes em aceitarem a entrada em vigor de uma norma anti-emissões ainda mais rígida e que obrigará a maiores investimentos, numa altura em que já estão a investir fortemente na transição para a Mobilidade Elétrica.

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De resto e fruto da pressão dos fabricantes, alguns dos países europeus que contam com uma indústria automóvel de maior peso no seu tecido empresarial, como é o caso da Alemanha e da Itália, têm vindo a liderar um movimento de oposição ao Euro 7, dentro da própria União Europeia. Prometendo, inclusivamente, bloquear a nova norma cuja entrada em vigor está prevista, no caso dos ligeiros, para 2025, e, nos pesados, para dois anos depois.

Comissão não quer ver Dieselgate repetido

No pólo oposto, surge a Comissão Europeia, que defende a entrada em vigor do Euro 7, por entender que é necessária para reduzir, não só as emissões de gases poluentes, como o CO2, o monóxido de carbono ou os óxidos de nitrogénio, como também as partículas que se desprendem dos travões e dos pneus e que ficam no ar.

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Ao mesmo tempo, a Comissão também entende que a norma poderá ser, igualmente, um contributo, para que casos como os do Dieselgate, em 2015, não se voltem a repetir.