O Volkswagen Group prepara-se para dar um novo rumo à espanhola Seat, visando a sua transformação, de uma marca generalista de automóveis, numa plataforma de micro-mobilidade. Cuja oferta passará já não e apenas por veículos de quatro rodas, mas também pelas scooters elétricas.
A revelação foi feita pelo próprio CEO da Seat, o britânico Wayne Griffiths, em declarações reproduzidas pela Automotive News Europe, nas quais o responsável assume que, o futuro da outrora marca generalista de automóveis, passará pela sua transformação num conceito mais abrangente e relacionado com a micro-mobilidade.
Nesta nova realidade, o negócio da Seat centrar-se-á já não na venda de automóveis, mas na oferta de serviços de mobilidade, propostos através do aluguer e partilha, não só de automóveis, mas principalmente de uma gama cada vez maior de scooters elétricas, disponibilizada através da submarca Seat Mó.
"Vejo uma alternativa aos carros nas cidades e, também, talvez, uma alternativa aos carros de propriedade privada, através de serviços de assinatura e partilha de veículos", afirmou, em entrevista dada em Barcelona, Wayne Griffiths.
O fim da Seat como a conhecemos?…
Numa altura em que a Cupra, marca que nasceu como variante mais desportiva dos modelos Seat, vive um forte crescimento, admitindo já uma possível entrada no mercado norte-americano, a marca espanhola fundada em 1950 pode, assim, vir a desaparecer, tal como a conhecemos, ressurgindo com contornos bem diferentes dos atuais.
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De resto e ao mesmo tempo que surgem estas notícias, o Grupo Volkswagen, detentor da marca espanhola, prepara-se para investir cerca de 10 mil milhões de euros naquelas que são as infraestruturas da Seat em Martorell e Pamplona, mas para aí criar um centro europeu de desenvolvimento e produção de veículos elétricos, para os segmentos de entrada.
Igualmente a justificar esta transformação, segundo Griffiths, surge a legislação anti-emissões cada vez mais restrita que tem vindo a ser implementada na União Europeia e cujos próximos desenvolvimentos levarão, também segundo o CEO da Seat, a que o custo de produção por carro suba cerca de 2.000 euros.
Segundo refere a Automotive News, a Seat concluiu o ano de 2022 com vendas pouco acima dos 480 mil veículos e um lucro operacional de 179 milhões de euros, ao passo que, por exemplo, a Cupra, fundada apenas em 2018, conseguiu, no ano transacto, duplicar as suas vendas para quase 153.000 automóveis. Tendo já estipulado como meta, a médio prazo, chegar às 500.000 unidades ano.
Cupra nos EUA para rivalizar com a Tesla
Para tal e ainda segundo Griffiths, a estratégia da Cupra deverá levar a marca a entrar no mercado dos EUA, com uma oferta ampla de veículo elétricos. Assumindo, a partir daí, como objectivo, conseguir competir com fabricantes como a Tesla.
Contudo e para que isso seja possível, o mesmo responsável defende que vai ser preciso ter uma fábrica na região. "Sabemos que podemos ser uma marca de nicho e de sucesso, porque vemos outras marcas que são nossas concorrentes dando passos em direcção ao mercado dos EUA", defende, numa clara alusão à Alpine, Wayne Griffiths. Sendo que, "se quisermos pensar nos EUA, ainda antes do final da década, é agora que temos de tomar decisões, quanto ao produto".