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Com ex-piloto de F1 na equipa. Team Renault 4L vai ao mais duro rali do mundo

Texto: Francisco Cruz
Data: 2 de Fevereiro, 2022

Considerado o maior e mais duro rali para automóveis clássicos do mundo, o East African Safari Classic Rally vai ter, em 2022, presença lusa. A responsabilidade é de quatro portugueses, um dos quais ex-piloto de F1, que, aos comandos de duas Renault 4L, prometem fazer história. Neste caso, chegando, apenas e só, ao fim.

A verdade é que o desafio é tudo menos fácil: trata-se de um rali para veículos clássicos, neste caso, obrigatoriamente anteriores a 1986, o qual tem lugar, desde 2003, nas duras picadas africanas do Quénia. Procurando, dessa forma, reacender o espírito do Safari Rallye, prova que ganhou a reputação do mais difícil rali do mundo.

Em 2022, ano em que se realiza a 10.ª edição deste East African Safari Classic Rally, os pilotos voltam a ter de enfrentar uma dura jornada de cerca de 5.000 quilómetros, arrancando no próximo dia 10 de fevereiro, para terminarem o seu desafio 11 dias depois, mais precisamente, a 21 de fevereiro. Data em que, caso tudo corra pelo melhor, estarão a passar a linha de meta.

Depois do Nacional de Ralis e do WRC, a Renault 4L vai ao East African Safari Classic Rally
Depois do Nacional de Ralis e do WRC, a Renault 4L de António Pinto dos Santos vai agora ao East African Safari Classic Rally

Foi, precisamente, esta aventura que, quatro portugueses, entre os quais o ex-piloto de Fórmula 1 e ex-bicampeão nacional de ralis, Pedro Matos Chaves, a par daquele que continua sendo um dos principais promotores nacionais e mundiais da histórica Renault 4L no todo-o-terreno (já participou, inclusivamente, em diversas provas do WRC, com a sua 4L!…), António Pinto dos Santos, decidiram agora abraçar.

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Acompanhados de Marco Barbosa, que faz equipa com Matos Chaves, e de Nuno Rodrigues da Silva, o navegador de Pinto dos Santos, a ‘Team Renault 4L 60th Anniversary’ far-se-á à savana africana, como o próprio nome do projecto deixa antever, aos comandos de duas já muito experientes Renault 4L – ambas com idades a rondar os 30 anos, uma delas, soma já qualquer coisa como 200.000 quilómetros, ou passo que, a outra, menos rodada, anuncia cerca de 120.000 quilómetros.

Números, apenas números…

Números que, no entanto e para o mentor da iniciativa (e dono dos carros!), António Pinto dos Santos, são apenas isso – números. Com o piloto de Coimbra a não ter dúvidas de que, mesmo com as duas Renault 4L praticamente de origem (beneficiam, apenas, de reforços da carroçaria e suspensão, além dos equipamentos de segurança exigidos pela FIA), será possível atingir o objectivo a que a equipa se propõe: chegar ao fim.

Team Renault 4L 60th Anniversary
A ‘Team Renault 4L 60th Anniversary’, no teste final antes da partida para o East African Safari Classic Rally – Nuno Rodrigues da Silva, António Pinto dos Santos, Marco Barbosa e Pedro Matos Chaves [a partir da esq.].

Aliás e ainda sobre as duas 4L, é o próprio Pinto dos Santos que frisa o facto de, tanto o motor – com os seus 34 cv de potência e a anunciar uma velocidade máxima perto dos 120 km/h -, como a caixa de velocidades de quatro velocidades e com o tradicional ‘cajado’ a entrar no tablier, assim como a direcção, “assistida a braço”, permanecerem rigorosamente de série. O mesmo acontecendo, como nós próprios tivemos de oportunidade de constatar, com o habitáculo, onde os tradicionais plásticos na cor creme continuam a fazer-se notar…

Já sobre a participação propriamente dita, o piloto comenta que “o projeto de participação no East African Safari Classic Rally foi a melhor maneira que encontrámos para homenagear os 60 anos da Renault 4L, o modelo ao qual estão associadas as minhas aventuras nos ralis”. Sendo que, “vamos alinhar com duas carrinhas ‘rejuvenescidas’, que contamos nos permitam concluir a prova e erguer a bandeira portuguesa à chegada”.

Antes de enfrentarem as picadas africanas, as duas 4L foram colocadas à prova na zona de Viseu
Antes de enfrentarem as picadas africanas, as duas 4L foram colocadas à prova na zona de Viseu

Contudo e “devido à extensão do rali, onde quase todos os dias teremos etapas com cerca de 700 quilómetros (300 km em troços cronometrados), teremos que manter sempre um ritmo elevado, para cumprir a média de 65 a 70 km/h obrigatória”. Pelo que, reconhece, “essa poderá ser uma das dificuldades, mas confiamos na fiabilidade e nas capacidades da Renault 4L.”

“A primeira vez em que o objectivo não é… ganhar!”

Quanto a Pedro Matos Chaves, piloto que chegou a competir na Fórmula 1, além de se ter sagrado bicampeão nacional de ralis, regressa agora à competição, “17 anos depois de ter deixado”, e, logo, para encarar um desafio que é, para si, totalmente novo: “Será a primeira vez que participo numa prova em que o objetivo não é… ganhar!”, recorda. Embora e apesar de ser “um pouco estranho”, “é também um desafio extra que quero vencer”, afiança.

Para Pedro Matos Chaves, esta será a primeira vez em que entra para uma prova, sem ter como objectivo lutar pela vitória
Para Pedro Matos Chaves, esta será a primeira vez em que entra para uma prova, sem ter como objectivo lutar pela vitória

Apesar da abordagem poder ser algo diferente, o também outrora piloto oficial da Renault não tem dúvidas de que será “um grande desafio participar no East African Safari Classic Rally”. Desde logo, porque são “muitos quilómetros a percorrer, durante nove dias, numa mítica Renault 4L de tração à frente e pouca potência”.

Já quanto ao percurso, “a verdade é que muitas das estradas são antigos troços do WRC, o que faz antever, desde logo, dificuldades para cumprir os tempos impostos, sem esquecer os lamaçais que teremos que ultrapassar e que serão, por certo, uma dificuldade acrescida”.

Embora praticamente de série, as duas Renault 4L vão ter de enfrentar cerca de 5.000 quilómetros de savana queniana
Embora praticamente de série, as duas Renault 4L vão ter de enfrentar cerca de 5.000 quilómetros de savana queniana

No entanto, termina Matos Chaves, “a Renault 4L tem fama de passar por todo o lado e, por isso, só podemos partir confiantes que chegaremos ao fim deste que é um dos ralis mais exigentes e duros do mundo”. Sendo que, “se acontecer, saberá certamente a vitória e será uma excelente prenda para a Renault Portugal, dignificando ainda mais o modelo”.