Novo Mercedes CLA: um compêndio de tecnologia

A Mercedes define o CLA como o mais eficiente, intuitivo e inteligente automóvel que alguma vez construiu, ao incorporar um conjunto de tecnologias inéditas. Chega no outono e pretende reescrever a História do Automóvel

O novo Mercedes CLA que tem lançamento em Portugal previsto para o outono tem novos motores elétricos, uma nova bateria com 85 kWh de capacidade e um novo sistema operativo que integra as ferramentas de Inteligência Artificial da Google e da Microsoft. Destaque, porém, para a nova plataforma que será utilizada pela versão Shooting Brake (no próximo ano), assim como pelos futuros GLA e GLB que farão desaparecer os atuais EQA e EQB, bem como os Classe A e Classe B.

No lançamento, estarão disponíveis as versões CLA 250 +, com um motor elétrico que anuncia 200 kW (272 cv) e 335 Nm de binário e um consumo de referência de 14,1 – 12,2 kWh/100 km, podendo a autonomia chegar aos 792 km. O segundo modelo será o CLA 350 4MATIC, com 260 kW (354 cv) e 515 Nm de binário. A utilização de um segundo motor no trem dianteiro com 80 kW (109 cv) justifica a designação 4MATIC (tração total) mas este só funciona perante situações em que é necessária potência ou tração adicionais, para que o consumo não seja prejudicado. Neste caso, a Mercedes anuncia um valor de 14,7 – 12,5 kWh/100 km, enquanto a autonomia varia entre 672 km e 771 km.

Os dois modelos partilham a transmissão com duas velocidades, o que acontece pela primeira vez num automóvel deste segmento, bem como a bateria que tem uma nova composição química que permitiu aumentar a capacidade energética em 20%. Fundamental é, porém, a arquitetura de 800 Volt que, segundo a Mercedes, num carregador de 320 kW permite em 10 minutos repor energia suficiente para o CLA 250 + cumprir até 325 km.

Inteligente

Apostando em linhas dinâmicas e fluídas, o novo CLA começará por surgir apenas na configuração berlina, com 4,73 m de comprimento, 1,85 metros de largura e apenas 1,47 metros de altura, num claro apelo desportivo que se acentua através da ausência de aros nas portas e um perfil descendente do tejadilho em vidro (de série). Na frente e em estreia na Mercedes, uma grelha frontal e logótipo iluminados.

Já no habitáculo, o fundo plano garante bastante espaço, enquanto os bancos, com assentos algo elevados, resultado da integração do módulo da bateria no piso, conseguem, ainda assim, oferecer espaço suficiente em altura. Mesmo que e para tal, a Mercedes tenha sido "obrigada" a utilizar um tejadilho em vidro, que, sem cortina, deverá contar com tecnologia de filtragem dos raios solares, impedindo a entrada excessiva de calor, mas não a luminosidade.

Por outro lado e sustentar a ideia de Luxo Moderno que a Mercedes vem defendendo, com insistência, nos últimos modelos, a aplicação nos bancos e tablier de materiais reciclados em grande quantidade, acompanhados de um desenho minimalista. E que também pode ser pontuado por materiais como o couro (verdadeiro ou não, só depende do cliente) ou o alumínio verdadeiro.

Contudo, o principal motivo para falarmos de uma “revolução”, decorre, não tanto destes aspectos, mas sim das inúmeras tecnologias que posicionam este novo Mercedes no topo da digitalização. E que levam a marca de Estugarda a qualificá-lo como “o mais emocional, eficiente, intuitivo e inteligente” automóvel que já construiu.

A sustentar esta ideia, a mais recente evolução do conhecido sistema operativo MB.OS, com doses inéditas de Inteligência Artificial, aproveitando igualmente o facto de estar permanentemente ligado àquilo que a Mercedes designa de “Intelligent Cloud”. Local onde estão alojadas as inúmeras funcionalidades do sistema e que, dessa forma, passam a estar sempre acessíveis a todos os ocupantes do veículo.

IA e ChatGPT

Essa é, de resto, uma das prioridades da quarta geração do sistema MBUX, que, conjugando a Inteligência Artificial, tanto da Google, como da Microsoft, consegue oferecer as funcionalidades de ambas as plataformas, através de um conjunto de apps e serviços apresentados no automóvel como se de um smartphone se tratasse.

Graças a esta capacidade, mas também à incorporação do ChatGPT que memoriza preferências e consegue, inclusivamente, manter conversas idênticas às que mantemos com amigos, a relação entre o automóvel e o indivíduo atinge, no novo CLA, patamares inéditos, garante a Mercedes. Com a marca a destacar, entre os muitos benefícios, a capacidade que o sistema revela para responder a questões relacionadas, seja com o espaço em redor, seja de cultura geral, como, também, a facilidade que a navegação ganha para, através do acesso instantâneo e permanente aos motores de busca, identificar, em tempo real, tanto as condições de trânsito, como o nível de bateria. Indicando, a partir daí, as rotas que garantem uma maior eficiência energética, além das possibilidades de carregamento ao longo do trajecto.

Aliás, em países como a Alemanha ou os EUA, a Mercedes assegura que o CLA permitirá, inclusivamente, reservar um dado posto de carregamento, para uma determinada hora.

Quanto ao assistente virtual “Hey Mercedes”, viu ampliada a capacidade de comunicação vocal, ao mesmo tempo que o sistema MBUX Superscreen (opcional) permite transformar o tablier num enorme ecrã. Do qual fazem parte o painel de instrumentos de 10,25 polegadas, mais o habitual display de infoentretenimento de 14 polegadas ao centro, (estes dois de séries), com o cliente a poder adicionar ainda um terceiro ecrã de 14 polegadas (opcional), para que o passageiro da frente possa aceder a conteúdos exclusivos, como jogos e streaming de vídeo.

Escolhido para “descomplicar” a mobilidade elétrica e mostrar aquilo que a marca alemã pretende para o futuro, não deixa de ser curioso (ou sintomático) que tal papel seja entregue ao novo modelo de entrada na gama. O qual, como também já referimos, deverá perder, ainda este ano, a companhia dos atuais Classe A e B; ou, pelo menos, são esses os planos da Mercedes, no momento!...

Também a combustão

Pensado e desenvolvido para ser 100% elétrico, os sinais que a Mercedes, como todos nós, foi lendo, sobre o ritmo da eletrificação e sobre a atitude dos consumidores, terá determinado uma alteração no rumo inicial. E, ainda este ano, será lançada uma versão híbrida, a gasolina, com tecnologia de 48 volt.

Com 1,5 litros de cilindrada, o bloco, desenvolvido pela Mercedes mas fabricado pelos chineses da Geely, recorre ao ciclo Miller, para um melhor controlo das emissões, e vai estar disponível com três níveis de potência, para versões com tração dianteira ou integral (4MATIC).

A somar ao propulsor, uma caixa de oito velocidades automática com dupla embraiagem que é também nova e que tem no interior um pequeno motor elétrico, apoiado numa igualmente pequena bateria de 1,3 kWh. Segundo a Mercedes, o suficiente para que o CLA possa cumprir a maior parte dos circuitos em cidade em modo elétrico e sem gastar qualquer gota de gasolina.