Leapmotor entra em Portugal com eletromobilidade acessível

Resultado de uma joint-venture entre o grupo automóvel Stellantis e a start-up chinesa Leapmotor, o fabricante automóvel Leapmotor International estreia-se, agora, também em Portugal, com o apoio e os meios do grupo euro-americano. O qual, accionista maior (51%) na nova companhia, não deixará de desempenhar papel fundamental nas ambições da Leapmotor de vir a disputar um dos três primeiros lugares de um campeonato (100% elétrico) que tem os fabricantes chineses como principais protagonistas.

Anunciando entre os seus objectivos chegar ao final de 2025 com mais de meio milhão de veículos entregues (em 2024, conseguiu duplicar o resultado do ano anterior, ao entregar 300.000 viaturas), a Leapmotor procura, em Portugal, beneficiar da presença já consolidada da Stellantis, líder de mercado, para crescer. Propondo não só veículos elétricos “ao alcance de todos”, uma “experiência [de aquisição e utilização] simples, acessível e centrada no cliente”, além de “tecnologias inteligentes”, como também uma rede de distribuição que beneficia do apoio do grupo automóvel euro-americano,“desde a escolha do veículo até às soluções de financiamento e aos serviços de assistência pós-venda”, assumem os responsáveis da Leapmotor.

Neste momento já com seis concessionários assegurados em Portugal Continental, e que vão desde Braga (concessão Ethos) ao Porto (Filinto Mota), Viseu (Auto Martinauto), Loures/Lisboa, Amadora e Setúbal (todos integrados em instalações da Stellantis&You), a marca chinesa promete abrir portas com dois modelos 100% elétricos: o citadino T03 e o SUV familiar C10. Sendo que, a caminho, estão não só mais concessões (o objectivo passa por chegar às 14, até 2026), como cinco novos modelos, dois dos quais ainda para 2025 - o C10 com extensor de autonomia (REEV) e que, de resto, já pudemos ver no último Salão Automóvel de Bruxelas, e um novo SUV 100% elétrico.

T03 é elétrico para todos os dias

Quanto aos modelos com que a Leapmotor pretende iniciar, já a partir de Abril, a sua ofensiva em Portugal, a “experiência” começa no pequeno T03, um citadino 100% elétrico, com pouco mais de 3,6 metros de comprimento, cerca de 1,7 m de largura e perto de 1,6 m de altura. Dimensões que lhe garantem óptima habitabilidade, inclusive para ocupantes com mais de 1,8 metros (960 mm de altura livre atrás), além de uma capacidade de carga que pode variar entre os 210 e os 880 litros, mediante o rebatimento das costas dos bancos traseiras.

Ostentando um habitáculo de linhas simples, mas também marcado por um equipamento de série muito completo (a única coisa a escolher é a pintura!), inclusive, no domínio do infoentretenimento (painel de instrumento de 8” e ecrã central de 10,1”), conectividade (conta com Sistema Inteligente de Interacção por Voz e atualizações Over-The-Air) e segurança (10 funções ADAS e condução inteligente de Nível L2), o T03 é proposto numa só versão, até como forma de corresponder à intenção da marca chinesa de oferecer ao cliente uma “política comercial simples”.

O mesmo acontece com a motorização, 100% elétrica, traduzida num só motor elétrico de 95 cv e 185 Nm, tracção dianteira e bateria de 37,3 kW, a oferecer 265 km de autonomia (395 km em cidade), soluções com as quais garante uma desenvoltura e agilidade que facilmente convence. Qualidades a que o modelo acrescenta argumentos como é o caso da capacidade de inverter a marcha em menos de 10 m de largura (uma faixa de rodagem tem, em média, 7 metros), sem esquecer a presença de tecnologias pouco vulgares no segmento, como o sistema com três modos de condução (Eco, Sport e Standard) e direcção (Standard, Comfort e Sport), a travagem regenerativa ou até mesmo o acesso com chave Bluetooth e consulta remota do estado do veículo.

Relativamente a carregamentos, o T03 conta com um carregador de bordo de 6,6 kW, com uma potência máxima de carregamento DC de 48 kW, e que faz com que um carregamento doméstico, a repor dos 30 aos 80%, demore (segundo a marca) cerca de 3,5 horas. Já num posto de carregamento rápido (DC), a mesma amplitude de carga requer apenas 36 minutos.

Alvo de um ensaio completo que vai poder ler já na próxima edição da revista TURBO, que sai ainda este mês de março, o Leapmotor T03 vai estar disponível para encomenda a partir de 19.600€, valor que, no entanto, poderá ainda sofrer um desconto na ordem dos 3%.

C10 é familiar competente

Também à disposição dos jornalistas, para os primeiros quilómetros ao volante em solo nacional, esteve o mais familiar C10, um SUV 100% elétrico de segmento D que, claramente, mostra argumentos para se afirmar, também em Portugal. E, desde logo, graças a um interior muito espaçoso (4,74 m de comprimento, 1,99 m de largura e 1,68 m de altura), de linhas limpas e simples, elevado conforto e capacidade de carga (435 - 1410 litros), do qual faz também parte um óptimo equipamento de série, logo na versão de entrada Style (existe ainda o Design).

A justificar esta afirmação, tecnologias como acesso e arranque por cartão (para entrar, encosta-se junto ao sensor no retrovisor esquerdo e, para arrancar, coloca-se na prateleira entre bancos), iluminação ambiente inteligente, painel de instrumentos LCD de 10,25” (mas também com números e letras muito pequeninas), ecrã central táctil de alta definição de 14,6” (e que integra tudo, já que não há qualquer botão físico além dos que surgem no volante) e sistema de infoentretenimento de nova geração (Leap OS 4.0). Sem esquecer e já no domínio da segurança, sete airbags, 12 sensores ADAS, Autohold, travagem multicolisão, sensor de colisão, gravador de dados de emergência, câmara 360 com directrizes dinâmicas e sensores de estacionamento traseiros, entre muita outras soluções.

Ainda como parte do equipamento de série, 17 ajudas à condução como o Cruise Control Adaptativo (ACC) com Assistência Inteligente à Velocidade (ISA), o Controlo de Centragem na faixa (LCC), a assistência ao engarrafamento, o aviso de colisão frontal com travão autónomo de emergência, aviso de saída de faixa e manutenção na mesma, alerta e travão de trânsito cruzado na traseira, e o aviso de sonolência, atenção e distracção da parte do condutor. Tudo isto, complementado com “mimos” como o tecto panorâmico em vidro de 2,1 m, bancos mais ergonómicos, certificados e sustentáveis, além de uma bagageira sob o capot com mais 32 litros, a juntar aos 26 espaços de arrumação no interior.

Assente numa plataforma dedicada e concebida segundo a tecnologia Cell-to-Chassis, que integra a bateria na estrutura do veículo, melhorando a rigidez torcional, o C10 é proposto com um único trem de força 100% elétrico e tração traseira, recorrendo a um só motor de 218 cv e a uma bateria de 69,9 kW. Com os quais anuncia não só prestações de 7,5s nos 0-100 km/h e 170 km de velocidade máxima, como também uma autonomia em trajecto de combinado de 424 km, graças igualmente a consumos oficiais de 18,8 kWh/100 km. E que, confirmámo-lo, adequam-se perfeitamente à realidade…

Chegado o momento de carregar a bateria, a possibilidade de fazê-lo em ambiente doméstico, com potências de até 11 kW, ou então numa tomada CC com capacidade de até 84 kW, onde bastarão 30 minutos para repor energia para mais 210 km, assim como para elevar o nível da bateria dos 30 aos 80%. Não será propriamente uma referência, mas, ainda assim…

Ao contrário do T03, 100% chinês até na forma como lida com a estrada, o C10 chegará aos concessionários já depois de ter passado pelas mãos dos engenheiros da Stellantis, que, inclusivamente, recorreram ao circuito italiano de Balocco, para afinar a suspensão. Situação que se nota na forma mais firme e informativa como o SUV chinês se faz à estrada, isto sem beliscaduras no conforto e, mais importante, dificilmente perdendo a compostura, mesmo quando sujeito a situações de sobreviragem, em estrada molhada. Momentos em que, apesar das dimensões, deixou-se estabilizar, regressando à postura descontraída e confortável que é seu timbre, graças também à óptima insonorização, garantida através da utilização de mais de 40 painéis acústicos.

Equipado com um sistema de quatro modos de condução (Eco, Conforto, Desportivo e Personalizado) e sistema de travagem regenerativa com três níveis (selecionável, também ela, no ecrã central), só não gostámos tanto do feeling da direcção, o qual, mesmo com três níveis de atuação, a única alteração que se nota é, na opção Sport, mais peso, e o facto da opção One-pedal, suave na atuação, só poder ser accionada com o carro imobilizado. Nuances a que a Leapmotor “responde”, por exemplo, com o argumento extra de uma capacidade de reboque de até 1500 kg e a possibilidade de transportar até 100 kg no tejadilho.

37 400€ por um familiar de segmento D

Com disponibilização prevista já para o próximo mês de abril, o Leapmotor C10 inicia comercialização em Portugal com preços a partir de 37 400€ (versão Style) e 38 900€ (Design), valores inquestionavelmente competitivos para um SUV de segmento D. E que, sublinhe-se, pode ficar ainda mais barato, graças ao desconto de 4% que os responsáveis da marca chinesa admitem vir a fazer…