Até aqui o bloco V8 há mais anos em atividade, a Bentley prepara-se, agora, para se despedir do seu já muito “experiente” V8 6.75 litros a gasolina. Isto, depois de mais de seis décadas ao serviço da marca de hiper-luxo de Crewe.
A verdade é que, se estivéssemos a falar de uma pessoa, ninguém estranharia a merecida reforma!
No entanto, a personagem principal desta peça, não é uma pessoa, mas um motor, de oito cilindros em V, e com 6.75 litros de capacidade, da Bentley. Cuja entrada ao serviço aconteceu, mais precisamente, durante o ano de 1959, ou seja, há 61 primaveras.
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Membro da atual família de motores Série L, este V8 da Bentley, que os condutores britânicos também conhecem pela designação, carinhosa, de 6.3/4 litros, despede-se, no entanto, com o sentimento e certeza de missão cumprida. Traduzida, desde logo, num total de 36 mil unidades produzidas, a última das quais, saída da linha de montagem de Crewe, no passado dia 1 de junho.
Aliás, foi exactamente esse sucesso, que inclusivamente lhe garantiu a conquista da distinção de V8 de maior êxito na história, que levou a que, um total de três gerações de trabalhadores, tenham passado as suas vidas a fabricar este bloco.
Como tudo começou
Comercializado, como já foi referido, durante 61 anos consecutivos, o V8 6.75 litros da Bentley foi utilizado, pela primeira vez, num Bentley S2 de 1959. Anunciando, então, uma potência total de 180 cv.
Criado pela mão do desenhador de motores Jack Phillips, pouco depois da mudança da Bentley para as então novas instalações de Crewe, este V8 começou por nascer com o objectivo declarado de substituir o seis cilindros utilizados nos Bentley Mark VI R-Type e S1. Ainda que, o propósito inicial, fosse, não fazer um V8, mas apenas um novo seis cilindros.
Razão pela qual se tornou um oito cilindros em V? Apenas e só, porque, durante o desenvolvimento, esta foi a configuração que mais altos índices de resistência revelou.
De resto e até mesmo quanto à cilindrada, o resultado final acabou não sendo aquele que os mecânicos da Bentley previram, já que a ideia era fazer um bloco mais pequeno. No entanto, a necessidade de adaptação do novo motor à nova Série T, acabou levando a que a cilindrada pudesse chegar aos 6.75 litros, uma marca já mítica para a Bentley.
A partir daí, a evolução foi constante, ainda que mantendo sempre aquela que era a sua configuração original. E que, diga-se, não impediu sequer, que este V8 começasse por receber, primeiro, um turbo, e, já mais tarde, dois.
Entretanto e graças também à electrónica, mais precisamente, à introdução da tecnologia de injecção e do sistema de posicionamento variável das válvulas, o V8 foi ganhando, cada vez, mais potência e binário. Chegando ao momento da despedida, com 530 cv de potência e 1.100 Nm de binário, disponibilizados com o Mulsanne Speed.
A par destes atributos, o V8 da Bentley foi melhorando, igualmente, nas emissões, sendo que, passados 61 anos de trabalho árduo, regista, hoje em dia, uma redução de 99% face ao valor anunciado na estreia.
A despedida
Entretanto, a Bentley anunciou já que pretende lançar uma edição especial comemorativa de despedida do seu V8, juntamente com aqueles que serão, também, as últimas 30 unidades do Mulsanne de produção. Nos quais, não faltarão, naturalmente, pormenores a recordar que, debaixo do capot, seguem as últimas unidades deste icónico motor.
Quanto às razões da passagem à reforma do V8 6.3/4 litros, derivam não só da entrada em funções de um mais contido W12 4.0 litros, mas também da presença de um bem mais recente V6 híbrido. O que também explica que, no âmago desta decisão, esteja a necessidade de redução de emissões.
Problema, que, aliás, veio colocar em causa a existência de praticamente todos os V8 do mercado…