Cabrios 100% elétricos têm desafios técnicos complicados

A eletrificação dos automóveis tem deixado de lado os descapotáveis devido a alguns desafios técnicos, nomeadamente a nível estrutural e de eficiência energética. Vejamos que desafios são esses.

Os automóveis descapotáveis têm sido tradicionalmente associados à liberdade e ao estilo, proporcionando uma experiência de condução distinta ao permitir uma vista desobstruída a céu aberto.

No entanto, a presença de modelos totalmente elétricos nesse segmento ainda é extremamente limitada.

Apesar dos avanços na eletrificação automóvel, desafios técnicos específicos dificultam a produção em larga escala de versões elétricas.

Uma das principais barreiras para a viabilidade desses veículos é a rigidez estrutural comprometida pela ausência de um teto fixo.

Nos automóveis tradicionais, o teto contribui significativamente para a resistência à torção e à deformação da carroçaria, garantindo estabilidade e segurança.

Sem essa estrutura, os descapotáveis exigem reforços adicionais no chassis, o que aumenta consideravelmente o peso do veículo.

Por exemplo, o VW T-Roc tem um peso de aproximadamente 1341 kg, enquanto a versão cabrio pesa cerca de 1565 kg (mais 224 kg) .

No caso do Range Rover Evoque Cabrio, o peso adicional situa-se nos 250 kg.

A ditadura do peso

Nos carros 100% elétricos, esse problema agrava-se devido ao peso das baterias, que por uma questão de equilibrio se situam sob a carroçaria.

O resultado é um automóvel mais pesado e com maior ineficiência energética e menor autonomia.

A aerodinâmica também representa um grande obstáculo. Nos veículos elétricos, a resistência ao ar influencia diretamente o consumo de energia.

Quando a capota de um cabrio está aberta, a resistência aerodinâmica é maior, exigindo mais potência para manter a velocidade, o que prejudica a autonomia.

Além disso, o fluxo de ar alterado pode comprometer o conforto dos passageiros, aumentando ruídos e turbulências dentro do carro.

O silêncio característico dos carros elétricos, apontado normalmente como uma vantagem, acaba sendo prejudicado pela exposição ao vento e ao ambiente exterior. Outro fator crítico é a eficiência da bateria.

Os descapotáveis geralmente possuem um espaço interior reduzido devido ao mecanismo de recolhimento da capota, limitando o tamanho da bateria e, consequentemente, a autonomia do veículo.

A estrutura reforçada e as exigências aerodinâmicas aumentam o consumo energético, tornando necessário um sistema de armazenamento mais robusto.

Para piorar, a gestão térmica dessas baterias pode ser mais desafiadora nos cabrios devido à exposição direta ao sol e às variações climáticas, exigindo soluções avançadas para evitar sobreaquecimento.

Uma escolha reduzida

A sustentabilidade na produção desses veículos também é uma questão relevante.

Para compensar o peso adicional da estrutura reforçada, seria necessário utilizar materiais leves, como o alumínio e a fibra de carbono, que encarecem o custo de produção.

Além disso, as preocupações ambientais com o fim de vida do veículo e a reciclagem das baterias continuam a ser uma questão central para os veículos elétricos, ainda mais nos cabrios, que podem exigir baterias maiores e mais potentes.

Apesar de todos esses desafios, a indústria automóvel continua a inovar e a apostar na eletrificação independentemente do tipo de carroçaria e por isso algumas marcas já começaram a explorar esse segmento, como a Maserati, que lançou recentemente o GranCabrio Folgore, um dos primeiros descapotáveis elétricos de luxo com um peso adicional em relação ao Gran Turismo Modena superior a 500 kg!

Equipado com três motores elétricos que fornecem uma potência combinada de 829 cv, o modelo oferece uma autonomia entre 419 km e 447 km, além de uma capota de lona retrátil que pode ser aberta em 14 segundos e fechada em 16 segundos, mesmo em movimento.

Outro exemplo da aposta no segmento elétrico foi o anterior Mini Cabrio elétrico que teve uma produção limitada a 1000 exemplares.

Além desses modelos, a MG também entrou na disputa com o Cyberster, um descapotável elétrico que pode chegar aos 530 cv, dependendo da configuração escolhida.

Futuro incerto

A evolução das baterias, a melhoria dos materiais e as novas soluções aerodinâmicas podem, no futuro, viabilizar a produção de veículos descapotáveis elétricos em maior escala.

Até lá, esses modelos continuarão a ser uma exceção, mais presentes em conceitos e protótipos na vida real.

A eletrificação do segmento de luxo e desportivo e dos descapotáveis enfrenta barreiras técnicas antes de se tornar economicamente viável no mercado global.

Devido a essas limitações e aos problemas técnicos mencionados, a Mini abandonou essa solução na gama atual. A atual gama do Mini Cabrio utiliza soluções de mobilidade mais convencionais.

O mesmo ocorreu com a Smart ForTwo, um modelo cuja versão cabrio eletrificada tinha uma autonomia limitada.