Já são 50 anos. Ainda se lembra do Volvo 240?

Com um legado incontornável na indústria automóvel, relembramos o Volvo 240, numa altura em que se celebra o 50.º aniversário do icónico modelo sueco, que também ficou conhecido como “tijolo voador”.

O Volvo 240, é, muito provavelmente, o automóvel sueco mais emblemático de sempre.

As suas linhas angulares e quadradas, apresentadas em 1974, depressa transmitiram a mensagem de que não fora criado para vencer concursos de beleza, mas para ser um carro de família, duradouro e seguro.

O design, hoje icónico, não assentou em razões de estética ou mera redução de custos. Permitiu espaço para incluir zonas de deformação e pára-choques maiores, os quais aumentaram a segurança dos ocupantes.

O espaço oferecido para toda a família foi priorizado, decorrendo do compromisso da marca sueca em fazer carros para a vida. Valores que, ainda hoje, estão presentes nos automóveis da Volvo.

O design, centrado no ser humano, foi um dos seus maiores argumentos e algo que compensou a longo prazo, com a série 240 a mostrar-se bastante bem-sucedida, contando com um período de produção de 19 anos, que terminou apenas em 1993.

No total e tendo em conta as diversas variantes, foram vendidas 2,8 milhões de unidades. E, ainda hoje, o Volvo 240 continua a ter procura.

Inovador por direito

Em 1976, o Volvo 240 GL foi o primeiro carro a ser apresentado com uma sonda Lambda, que otimizava a mistura de ar-gasolina para uma melhor combustão.

Esta inovação permitiu reduzir as emissões e foi argumento para o 240 receber o título de “Carro Mais Limpo” nos EUA, em 1978.

O 240 foi inspirado no Volvo Experimental Safety Car de 1972, apresentado com o seu design angular e inovações como zonas de deformação, travões ABS, e, até mesmo, uma câmara de marcha-atrás.

Apesar de demasiado avançado para o mercado automóvel da época, as inovações apresentadas abriram o palco para aqueles que são os padrões atuais em termos de segurança automóvel, influenciando não só o 240, como todos os modelos Volvo daí em diante.

Versão Turbo

Em 1981, a Volvo lançou a versão 240 Turbo, disponível tanto em berlina, como em carrinha, e que estava equipada com o motor B21RE de 2,1 litros turbocomprimido, produzindo 155 cv de potência.

Com este motor, o 240 cumpria os 0 aos 100 km/h em 9 segundos e tinha uma velocidade máxima anunciada de 195 km/h. Já a versão carrinha, de nome 240 Turbo Estate, foi aclamada, na época, como a carrinha mais rápida do mundo.

Também com esta versão, a marca sueca demonstrou que era capaz de construir automóveis potentes e com pretensões desportivas, nunca abdicando dos seus valores tradicionais de segurança e durabilidade nos carros.

Mais tarde, aproveitando a introdução dos novos regulamentos internacionais para o então Grupo A dos campeonatos de Turismo, a Volvo decidiu pôr à prova o seu 240 Turbo no maior campo de testes de todos: a competição automóvel.

Os regulamentos estipulavam que os veículos utilizados em competição tinham de ser iguais aos da linha de produção, com direito a um número limitado de modificações, e, com, pelo menos, 5000 unidades construídas.

Além disto, também exigiam que fossem construídos 500 carros do tipo “evolução”, motivo que levou à criação do 240 Turbo Evolution.

A era do “tijolo voador”

Cumpridas as exigências da Federação Internacional do Automóvel (FIA), o Volvo 240 Turbo entrou em pista e venceu duas corridas no ano de 1984, sendo uma na Bélgica, para o European Touring Championship (ETC), e a outra no Norisring, Alemanha, a contar para o Deutsche Touringwagen Meisterschaft (DTM).

No ano seguinte, em 1985, a marca sueca decidiu investir mais na competição, e os resultados depressa ficaram à vista.

Nesse ano, o 240 Turbo garantiu o triunfo máximo, não só nos campeonatos de Turismo europeu e alemão (ETC e DTM, respetivamente), como nos campeonatos nacionais de Turismo da Finlândia, Nova Zelândia e, também, Portugal!

Inicialmente subestimado, o 240 Turbo ganhou a alcunha de “tijolo voador” quando provou a sua vantagem competitiva, ao enfrentar adversários com motores consideravelmente maiores, como era o caso do Rover 3500 Vitesse ou do BMW 635 CSI.

Apesar de manter o aspeto “quadrado”, em 1985, a versão de competição com motor de 2,1 litros dispunha de uma cabeça de cilindros em alumínio, componentes internos forjados, um sistema de injeção específico da Bosch e um novo turbo Garrett, que garantia pressões de até 1,5 bar.

Com estes argumentos, o “tijolo voador” era capaz de debitar potências superiores a 300 cv e atingir uma velocidade máxima de 260 km/h.

Entre outros modelos da Volvo, também icónicos e com um legado digno de lembrança, o 240 foi a democratização de inovações até aí apenas acessíveis em produtos mais caros.

O icónico 240 deixou de ser produzido em 1993, após quatro gerações, tendo sido substituído pelo 850, lançado em 1996, que, de resto, também deu cartas no mundo do automobilismo.