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Efeméride. Porsche 911 Carrera RS 2.7 comemora 50 anos

Texto: Carlos Moura
Data: 26 de Maio, 2022

O Porsche 911 Carrera RS 2.7 está a assinalar 50 anos de existência. Conheça algumas das curiosidades deste mítico modelo desportivo da Porsche que também ficou conhecido para a posteridade como “cauda de pato”, “RS” ou “2.7”. A esta reputação não alheio o facto de ter sido o primeiro automóvel de produção com spoilers à frente e atrás e o automóvel mais rápido da Alemanha.

O primeiro automóvel de produção em série com spoilers à frente e atrás surgiu à 50 anos. Era o Porsche 911 Carrera RS 2.7, também conhecido como “cauda de pato”, “RS” ou “2.7”, que ganhou a fama, e o proveito, de ser o “desportivo mais rápido da Alemanha”.

O Porsche 911 Carrera RS 2.7 começou a ser desenvolvido em 1972 como um veículo desportivo especial de homologação, projetado para ser muito leve e rápido, acabando por se tornar na base para corridas e ralis, graças a várias inovações técnicas. 

O motor traseiro é uma das imagens de marca do Porsche 911 Carrera RS 2.7
O motor traseiro é uma das imagens de marca do Porsche 911 Carrera RS 2.7

O plano inicial da Porsche previa o fabrico de 500 unidades para homologar o 911 Carrera RS 2.7 como um veículo de competição do Group 4 Special GT e também recebeu homologação de estrada para os clientes que quisessem participar em corridas.

Estreia no Salão de Paris de 1972

O Porsche 911 Carrera RS 2.7 foi apresentado oficialmente no Salão Automóvel de Paris, a 5 de outubro de 1972, e no final de novembro as 500 unidades já estavam todas vendidas.

Aprópeia marca alemã foi surpreendida pelo sucesso do veículo e conseguiu triplicar os números de vendas até julho de 1973. No total, foram construídos 1580 exemplares e, após a produção do veículo número 1000, o Porsche 911 Carrera RS 2.7 foi homologado para o Grupo 3, bem como para o Grupo 4. 

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O pacote de equipamento opcional M471 levou a Porsche a construir 200 unidades da versão mais leve ‘Sport’. Para além disso, foram produzidos mais 55 exemplares da versão de corrida, 17 veículos base e 1308 unidades da versão Touring (M472). 

Cura de emagrecimento

O interior do 911 Carrera RS 2.7 ‘Light’ (M471) foi reduzido ao mínimo, de acordo com os requisitos do cliente e da data de produção. Os bancos traseiros, os tapetes, o relógio, os ganchos para casaco e os apoios de braços foram todos removidos.

A pedido dos clientes, os bancos desportivos mais pesados foram substituídos por dois bancos de baixo peso. Até mesmo o Escudo Porsche no capot foi inicialmente colado. Comparativa-mente com o pacote de equipamento ‘Touring’ (M472), o ‘Sport’ pesava menos 115 kg, para um peso total de 960 kg.

O motor boxer de 2,7 litros, com injeção de combustível, desenvolvia 210 cv às 6300 rpm e um binário de 255 Nm às 5100 rpm. Com estes números, a versão Sport acelerava dos 0 aos 100 km/h em 5,8 segundos, números esses que tornaram o 911 Carrera RS 2.7 no primeiro veículo de produção a baixar dos seis segundos, marca estabelecida pela revista alemã ‘auto, motor und sport’.

A velocidade máxima ultrapassou a marca dos 245 km/h (a versão Touring fazia 6.3 segundos, 240 km/h). O RS 2.7 tornou-se a combinação ideal de peso, desempenho, aerodinâmica e condução. 

Spoiler traseiro

Os engenheiros Hermann Burst e Tilman Brodbeck, em conjunto com o estilista Rolf Wiener, desenvolveram um spoiler traseiro, que foi testado no túnel de vento e na pista de testes. 

O objetivo era manter o estilo formal da carroçaria do 911, mas compensar os inconvenientes da traseira inclinada através de medidas adequadas e estilísticas e, para além disso, melhorar a sua aerodinâmica. 

Porsche 911 Carrera RS 2.7 comemora 50 anos

A elevação do spoiler “cauda de pato” do 911 Carrera RS 2.7 empurrava-o para mais perto da estrada, quando o mesmo era conduzido a alta velocidade, e fornecia ao motor traseiro refrigeração adicional. Este efeito foi alcançado sem qualquer aumento da resistência ao ar. Na verdade, a velocidade máxima aumentou 4,5 km/h. 

Os engenheiros também começaram a trabalhar no chassis. Como a Porsche tinha experiência com rodas traseiras mais largas devido às corridas, os engenheiros também decidiram experimentá-las no 911 Carrera RS 2.7. 

Pela primeira vez na Porsche, um veículo de produção em série estava equipado com pneus de diferentes tamanhos entre os eixos dianteiro e traseiro. A Fuchs forjou jantes de 6 J x 15 com pneus 185/70 VR-15 na dianteira, e jantes 7 J x 15 com pneus 215/60 VR-15 na traseira. Para que os mesmos fossem instalados, a Porsche alargou a carroçaria em 42 mm na parte traseira, perto das cavas de roda. 

Origem da designação Carrera

As laterais entre as cavas das rodas têm inscritas a designação “Carrera”, palavra de origem espanhola que significa “corrida” em português, e a sigla RS no spoiler traseiro refere-se a ‘Rennsport’. 

A inspiração para o novo nome foi a ‘Carrera Panamericana’ foi a inspiração para o novo nome. Em 1953, a Porsche conquistou a primeira vitória numa corrida de endurance com o 550 Spyder. Depois, em 1954, terminou em terceiro na geral – uma sensação que desencadeou a nova adição ao nome. 

Nos anos seguintes, a Porsche utilizou a designação Carrera nos veículos mais potentes com motor Fuhrmann de quatro árvores de cames de 1954, como foi o caso do 356 A 1500 GS Carrera ou 356 B 2000 GS Carrera GT. 

A designação Carrera surgiu na traseira do Porsche 904 Carrera GTS de 1963 e podia ser encontrada junto à cava de roda dianteira no 906 Carrera 6 de 1965.

Segundo as explicações da época, Carrera também podia ser entendido como um “predicado de qualidade para uma delicadeza técnica que tinha dado provas em pista e ralis”. 

De um modo geral, era o nome ideal para o futuro modelo topo de gama do 911. “Queríamos atribuir o já famoso nome ‘Carrera’ a um veículo de produção e pensámos na melhor forma de o representar”, recorda Harm Lagaaij, o designer da Porsche naquela época. Decidiram colocar a inscrição na área entre as cavas de roda.