Também ao volante. Peugeot estreia o SUV de classe superior

Depois do 3008, a Peugeot acaba de lançar em Portugal o seu novo "SUV de classe superior", com 7 lugares de série. Também conhecido como 5008, chega com promessas de mais espaço, qualidade e a tecnologia, além da estreia da propulsão elétrica, com 660 km de autonomia e preços a partir de 48 150€. E até já o conduzimos!

Numa altura em que tudo parecem ser boas notícias para a Peugeot Portugal, com a marca a liderar as vendas, tanto nos passageiros, a combustão e elétricos, como nos comerciais, também em ambas as variantes, o fabricante dá início à comercialização de mais um modelo para o qual assume altas expectativas, desde logo, devido aos argumentos familiares: o novo 5008.

Nesta nova geração profundamente revolucionada, que a marca do leão decidiu apresentar aos media nacionais com uma viagem entre Lisboa e o Baixo Alentejo, é preciso, no entanto, começar por reconhecer que o novo 5008 não se limita a adoptar a mesma linguagem de design, de forte personalidade, que, aliás, já marca as formas do “irmão” 3008; pelo contrário e graças à adopção da nova e mesma plataforma STLA-Medium, o SUV de topo do emblema francês alardeia um interior não menos impactante e requintado, resultante da aplicação de materiais de elevada qualidade percepcionada, acabamentos cuidados, a par de uma expressiva componente tecnológica.

Aliás, a materializar esta aposta e ainda no exterior, os novos faróis futuristas, felinos e ultracompactos, acompanhados da forte assinatura luminosa das três garras, a procurarem transmitir uma imagem impactante e agressiva, acrescida, entre muitos outros pormenores, de jantes de aspecto aerodinâmico, cujas dimensões podem variar entre as 19 ou 20 polegadas, consoante a versão escolhida. Sendo que, optando pela versão mais baixa, Allure, garantidos estão, igualmente, equipamentos como a câmara e sensores de estacionamento traseiros (num carro com 4,79 m de comprimento, 1,89 m de largura e 1,69 m de altura, sem dúvida que ajuda!…), além do acesso e ligação mais-livres, enquanto, no mais equipado GT, figura ainda a tecnologia Pixel LED nas ópticas, portão traseiro motorizado (à força de braço, é, efectivamente, um pouco pesado…) e tejadilho “Black Diamond”, sinónimo de pintura bi-tom.

Espaço vs. Intuitividade

Entrando no interior, a faceta tecnológica começa por fazer-se notar através da mais recente geração do Peugeot Panoramic i-Cockpit, com o bonito e destacado ecrã panorâmico curvo de 21”, constituído por óptimos materiais e de nitidez excelente, a congregar não apenas um quadrante digital e configurável, ainda que com uma interacção não muito intuitiva (demorámos a perceber quais os botões que fazem o quê…), como um ecrã parte do novo sistema de infoentretenimento Peugeot i-Connect Advanced que, repleto de informação, além de com funcionalidades como a navegação conectada com EV Routing, atualizações “Over the Air” e reconhecimento de voz em linguagem natural, não deixa de, também ele, exigir um período de habituação, até percebermos e interiorizarmos a forma como o sistema está construído. E, isto, mesmo com a prometida ajuda do ChatGPT!

Contudo e num habitáculo em que sabe bem estar e desfrutar, elogios para uma posição de condução a roçar a perfeição, garantida através de um volante redesenhado, óptima pega (melhor, inclusive, que a facilidade de utilização dos botões hápticos) e bom ajuste periscópico, assim como de um banco que, mesmo sem regulação automática na versão base, não deixa de oferecer um óptimo conforto e fácil integração; mais, até, que a visibilidade exterior ou o posicionamento de alguns comandos. Como é o caso, por exemplo, da pequena alavanca da caixa automática que, passou para o tablier, à direita do volante, levando a que, mais uma vez por falta de habituação, tenham sido inúmeras vezes em que tentámos engrenar o sentido da marcha no manípulo dos modos de condução (Normal, Desportivo e Eco), devido à sua posição, mais ou menos, no mesmo local da consola entre os bancos, onde anteriormente estava a manete da caixa.

Contudo, se há qualidade no novo 5008 que, para os responsáveis da Peugeot Portugal, é preciso destacar, é, sem dúvida, a da habitabilidade. Algo que, num SUV com uma generosa distância entre eixos de 2,9 metros, rapidamente se faz notar num espaço interior que permite acomodar até três filas de bancos, todas elas com elevada funcionalidade - no caso da segunda fila, cujas costas são totalmente rebatíveis 40:20:40, graças ao aumento (até 150 mm) da capacidade de ajuste longitudinal 60:40 e que veio facilitar (um pouco mais) o acesso aos dois lugares da terceira fila, enquanto, nesta última, a fácil montagem individual dos bancos e, principalmente, a sua integração no piso, veio permitir que a capacidade da bagageira possa passar dos 348 litros com sete lugares em uso, para os 916 litros com apenas cinco ocupantes. Podendo, mesmo, chegar aos 2.232 litros (2 m de piso plano!), com apenas os lugares da frente em utilização!

Quanto ao aproveitamento da terceira fila, habitualmente mais indicada para os miúdos, testámo-la e chegámos à conclusão que, embora com um acesso ainda algo difícil, agora mais por culpa da pouca altura, uma vez instalados e aproveitando o avançar das filas da frente, percebe-se um ligeiro ganho no espaço disponível. Ainda que e em nossa opinião, insuficiente para poder ser considerada uma solução usual para transporte de adultos, os quais e ao contrário de nos restantes lugares, não possuem aí de benesses como o aquecimento dos bancos, o ar condicionado tri-zona com comandos próprios (uma novidade para a 2.ª fila) ou os estores pára-sol ( de série no GT).

Também já 100% elétrico

Relativamente às motorizações, uma oferta totalmente eletrificada e a começar numa opção Mild Hybrid de 48V, com base num 1.2 Pure-Tech de nova geração, com 136 cv e 230 Nm, acrescido de um motor elétrico a debitar 21 kW (28 cv) e 55 Nm de binário, mais uma pequena bateria de iões de lítio com uma capacidade bruta de 0,9 kWh (0,4 kWh úteis). E que, mercê do apoio da componente elétrica, assim como de uma caixa automática de seis velocidades (e-DCS6), a Peugeot diz ser capaz de atingir uma poupança de 20% nos consumos face à versão a gasolina (35%, em cidade), além da capacidade para fazer 50% do tempo de condução em cidade, apenas e só em modo elétrico. Algo que, diga-se, tornou-se difícil de comprovar na viagem que fizemos por auto-estrada e estradas nacionais, e que terminámos com uma média não propriamente estonteante - 7,0 l/100 km.

Já com possibilidade de carregamento em tomada externa (carregador monofásico de 3,7 kWh), uma proposta híbrida plug-in a anunciar 195 cv e 350 Nm, e que, formado por um 1.6 PureTech a gasolina de 150 cv e 300 Nm, mais um motor elétrico de 92 kW (125 cv) e 118 Nm, e uma bateria de iões de lítio de 21 kWh (17,8 kWh), promete um consumo combinado WLTP de apenas 1,0 l/100 km, assim como uma autonomia elétrica de até 82 km. Argumentos que, por o modelo não estar presente na apresentação nacional, não pudemos tentar confirmar.

Finalmente e como solução tecnológica verdadeiramente a estrear no modelo, um trem de força 100% elétrico a debitar 210 cv de potência e 345 Nm, que, em conjunto com uma bateria de iões de lítio de 73 kWh, fornecida pela chinesa BYD (garantia de 8 anos ou 160 000 km) e a anunciar uma autonomia de até 502 km, realizou, num percurso de cerca de 50 km, totalmente feito em estrada nacional, um consumo médio de 18,1 kWh/100 km, ou seja, não muito distante dos 17,7 kWh/100 km anunciados como valor oficial WLTP, neste tipo de trajectos. Onde, aliás, o E-5008 também consegue exibir comportamento competente (tanto o eixo dianteiro, como o traseiro, são novos), ainda que recorrendo a um pisar menos permissivo do que seria de esperar, relativamente às irregularidades do terreno, além do reflexo, na condução, da maior distância entre eixos. Impressão que, no entanto, não belisca a boa estabilidade do conjunto, tal como não altera a já usual (na generalidade dos elétricos…) falta de feeling no pedal do travão; neste caso, mesmo com a presença de um novo sistema de travagem!

Nota, ainda, para o facto de, já para o primeiro trimestre de 2025, estar prevista a chegada de uma variante Long Range, a prometer 230 cv de potência e 668 km de autonomia, graças à integração de um pack de baterias de 97 kWh (estas sim, já fabricadas pela própria Peugeot), enquanto e para o segundo trimestre, é aguardada a chegada da variante Dual Motor, sinónimo, não de um, mas de dois motores elétricos, a garantirem tracção integral, além de uma potência combinada de 320 cv e uma autonomia de até 500 km. Neste caso, fruto da opção pela bateria de 73 kWh, com a Peugeot Portugal a deixar a confiança de que, uma vez com a oferta completa, os elétricos poderão vir a valer cerca de 30% das vendas deste 5008, enquanto o PHEV representará não mais que 15% e o Mild Hybrid, esse sim, o grosso da comercialização: 45%.

Novo 5008 a partir de 36 650€… com campanha

A terminar e a sustentar, igualmente, estas expectativas, uma estrutura de preços de entrada de gama (versão Allure) para o nosso País que  começa nos 39 150€, valor de tabela da versão Hybrid 136 cv e-DCS6, mas que, se aproveitada a campanha de lançamento que já se encontra em vigor, pode ser adquirida por apenas 36 650€. Ou 420€ (valor já com IVA) de mensalidade se recorrendo ao sistema de crédito da marca, Easy Credit, ou, ainda, 550€/mês (c/IVA) caso a opção recaia no Renting Leasys, com um contrato de 48 meses/60 000 km.

A partir daqui, o Plug-In Hybrid 195 cv e-DCS7 por 47 150€, 46 150€ com campanha, 529€/mês com Easy Credit e 565€/mês em Renting Leasys; o Elétrico 210 cv por 49 150€, 48 150€ com campanha, 574€/mês com Easy Credit e 510€/mês com Renting Leasys (contrato de 48 meses ou 40 000€); e, finalmente, o Elétrico 230 cv Long Range, disponível por 53 150€, 52 150€ com campanha. Não estando e ao contrário dos restantes, disponível nas modalidades de crédito automóvel ou aluguer operacional de veículos de longa duração.

Caro ou barato, a expectativa da Peugeot Portugal é que este novo e muito revolucionado 5008 possa instalar-se na liderança do segmento dos SUV de sete lugares…