Novo Mercedes CLA mostra o que vale

Percorremos mais de 300 km ao volante do novo Mercedes CLA, mas logo nos primeiros instantes percebemos porque é que a marca o define como o mais importante projeto dos últimos anos. Chega a Portugal em outubro e tem tudo para elevar a mobilidade elétrica a um novo patamar.

Uma base mecânica totalmente nova (plataforma, motores e bateria), que progressivamente será partilhada com outros modelos, e o recurso em larga escala à Inteligência Artificial, com o intuito de proporcionar uma experiência a bordo inédita, testemunham a forte aposta da Mercedes no novo CLA, que chega a Portugal em outubro.

Ola Källenius, o CEO da Mercedes, define-o como “o automóvel mais eficiente que alguma vez fizemos e, também, o mais inteligente”.

Preços e potências

O modelo que, em breve, substituirá o Classe A, assumindo-se como a proposta mais acessível da Mercedes, começará por estar disponível com a configuração Limousine (quatro portas), estando a chegada da mais versátil Shooting Brake prevista para o início do próximo ano.

No lançamento estarão disponíveis as versões CLA 250+ (a partir de 55 500€) e 350+ (60 050€). A primeira anuncia 272 cv e 335 Nm, enquanto a autonomia chega aos 792 km.

Já o CLA 350+ 4MATIC tem 354 cv e 515 Nm de binário, graças à instalação de um segundo motor (109 cv) no trem dianteiro que garante tração total.

Este só trabalha quando é solicitada potência adicional ou perante situações de tração mais exigentes para não penalizar os consumos. A autonomia varia entre 672 km e 771 km.

As duas versões partilham a transmissão com duas velocidades, uma estreia num automóvel deste segmento, bem como a bateria de iões de lítio com 85 kWh úteis de capacidade cuja química foi revista, o que permitiu aumentar a densidade energética em 20%.

Dado muito relevante é, também, arquitetura de 800 Volt que num carregador de 320 kW permite em 10 minutos repor energia suficiente para o CLA 250 + cumprir até 325 km.

Economia e autonomia em destaque

Na Dinamarca, cumprimos mais de 300 km ao volante do novo Mercedes CLA e a primeira impressão é bastante positiva, mesmo tendo em conta que esse primeiro contacto decorreu exclusivamente em trajetos urbanos e estradas de baixa velocidade.

Em destaque, o consumo de 12,1 kWh/100 km no caso do CLA 250 +, e 12,8 kWh/100 km, para o 350+, o que permite acreditar que as autonomias anunciadas não estarão muito distantes das reais.

A capacidade de resposta é a adequada, mais do que suficiente no 250+. A sensação de uma dinâmica apurada é reforçada pela solidez da estrutura que beneficia da correta “arrumação” do peso da bateria entre os dois eixos.

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Fundamental, também, o acerto da suspensão, com um bom compromisso entre conforto, filtrando bem as irregularidades do piso, e a firmeza inerente a uma condução mais desportiva.

Já a direção privilegia a utilização urbana, com a leveza a favorecer as manobras de baixa velocidade.

Espaço não é o forte

No interior totalmente novo depressa notamos que a vertente tecnológica e o conforto se sobrepõem ao espaço e à funcionalidade (será reforçada na Shooting Brake).

A Mercedes reclama para o novo CLA ganhos de habitabilidade em todas as cotas, mas o aumento do comprimento (quatro centímetros, para 4,72 metros) e da distância entre eixos (mais seis centímetros, para 2,79 metros) favorece apenas os ocupantes dos lugares dianteiros.

Na traseira, o espaço para pernas é limitado e a impossibilidade de “arrumarmos” os pés sob os assentos dianteiros também não ajuda.

Já o lugar central está apenas destinado a uma criança, pois nem o piso totalmente plano consegue mitigar a ausência espaço em largura. A capacidade da bagageira é de 405 litros, a que se juntam 101 litros adicionais sob o capot dianteiro.

Nos lugares dianteiros tudo é diferente, com os bancos de regulação elétrica, com massagem e ventilação, a garantirem bastante conforto e a susterem muito bem todo o corpo.

Digital e inteligente

A posição de condução é correta, e a visibilidade traseira não é demasiado prejudicada pelo pilar algo volumoso, ou pelo oculo estreito.

As informações de condução surgem no “head-up display” (de série) e no ecrã digital de 10,25 polegadas totalmente programável (podemos escolher as informações que preferimos visualizar).

Este funde-se com o segundo “display” de 14 polegadas que aloja o sistema de infoentretenimento, bem como todas as funções de ajuda à condução e a climatização.

Em estreia neste segmento é ainda oferecida a possibilidade de podermos dispor de um terceiro ecrã (14 polegadas), no qual o acompanhante pode selecionar aquilo que quer visualizar, incluindo jogos e streaming de vídeo, através do acesso ao iTunes, por exemplo.

O grande trunfo do novo CLA é, porém, o sistema MB.OS, que compatibiliza as funcionalidades da Google e da Microsoft, possível graças ao recurso a “quantidades” inéditas das ferramentas de Inteligência Artificial e à ligação permanente à chamada “Intelligent Cloud onde estão alojadas as inúmeras funcionalidades (na forma de apps) que estão sempre disponíveis para todos os ocupantes do veículo.

É o caso do Chat GPT, integrado no assistente virtual que viu ampliada a capacidade de comunicação vocal, sendo capaz de responder a um leque amplo de questões, bem como de antecipar algumas das nossas preferências.

Com bons materiais e a construção sólida habitual da Mercedes, o interior do novo CLA destaca-se igualmente pelo ambiente luminoso, graças ao amplo tejadilho em vidro.

Mais discutível é a estética do tablier, demasiado vertical e formando um bloco compacto e até algo intrusivo, sobretudo no caso das versões sem o terceiro ecrã para o acompanhante (Hyperscreen).

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Shooting Brake e combustão em 2026

No início de 2026 a gama CLA passa a contar com uma motorização híbrida de quatro cilindros, com 1,5 litros e três níveis de potência (ainda não divulgadas).

Estará acoplado a uma nova transmissão automática com oito velocidades que tem no interior um pequeno motor elétrico que tem como função principal reduzir os consumos e as emissões, sendo capaz de garantir a maior parte dos trajetos em cidade.

A energia é fornecida por uma pequena bateria de iões de lítio com 1,3 kWh de capacidade.

Também no início do próximo ano chega a versão Shooting Brake que tem uma aparência muito dinâmica, ao mesmo tempo que aumenta a funcionalidade, dado que o acesso à bagageira (455 litros de capacidade) é muito mais.

O tejadilho panorâmico é de série e em opção estará disponível o sistema Sky Control que permite regular a intensidade da luminosidade transmitida ao habitáculo.

Face ao modelo atual, a nova Shooting Brake cresce 35 milímetros no comprimento. As motorizações disponíveis são as mesmas previstas para a Limousine.