Ainda hoje considerado uma das figuras maiores na história do desporto automóvel e, em especial, da Fórmula 1, o britânico Max Mosley faleceu esta segunda-feira, já afastado do 'Grande Circo', com a idade de 81 anos.
Considerado um dos responsáveis por fazer da Fórmula 1 o desporto de milhões que é hoje em dia, mas também pela introdução de várias inovações em termos de segurança, Max Mosley despediu-se, esta segunda-feira, também da vida. Isto, anos depois de deixar o desporto automóvel, que abandonou pela pela porta pequena, ao ver revelados alguns aspectos menos próprios, sobre a sua vida privada.
O caso foi, de resto, dirimido em tribunal, com Mosley a vencer o processo contra o 'News of the World' na Justiça, tendo a justiça dado-lhe razão quanto à qualificação das imagens, que, embora polémicas, não tinham interesse público.
Entretanto, Bernie Ecclestone, antigo CEO do grupo que detém os direitos comerciais da F1 e que, durante muitos anos, trabalhou de perto com Mosley, veio já comentar a morte deste último, afirmando, em declarações à BBC, que, "a morte de Max é, para mim, como perder alguém da família, como perder um irmão. Ele fez muitas coisas boas, não somente em prol do Automobilismo, mas também da indústria [automóvel]. Foi especialmente importante para que os construtores automóveis passassem a construir carros mais seguros."
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Filho de militar e piloto amador
Nascido em 1940, Max Mosley era o filho mais novo de Oswald Mosley, um militar que foi também líder da União Britânica dos Fascistas, e de Diana Mitford. E que, depois de ter chegado a integrar o partido Union Movement, enquanto jovem, acabou licenciando-se em Advocacia, ao mesmo tempo que se assumia como piloto amador. Tendo, mesmo, corrido, na Fórmula 2, pela Braham e pela Lotus.
Já em 1969, Mosley contribuiu para a fundação da March Engineering, equipa que entrou no Mundial de F1 logo no ano seguinte, conquistando duas vitórias em grandes prémios, e mantendo-se na categoria durante as décadas de 70 e 80 do século passado.
Ainda em 1970, Max Mosley tornou-se o representante da equipa March junto da Associação de Construtores de Fórmula Um (FOCA), sendo que, pouco depois, já era um aliado próximo do então chefe da equipa Braham, Bernie Ecclestone.

Fruto da sua acção no seio da FOCA, Mosley acabaria por, em 1977, vender todas as suas acções na March Engineering, para se dedicar, a tempo inteiro, à associação, enquanto seu representante legal. Tornando-se, aí, uma figura-chave na batalha, com a Federação Internacional do Automóvel (FIA), pelos direitos comerciais da F1. E que levou à assinatura da primeira versão do Acordo Concorde, o qual veio colocar um ponto final na disputa.
Entretanto e depois de um curto período afastado do desporto, Mosley regressou, desta feita, como presidente da Comissão de Construtores na Fédération Internationale du Sport Automobile (FISA), para, já mais tarde, em 1993, se tornar presidente da FIA.
Um defensor da F1 e da segurança
À frente da FIA, o britânico não só ajudou a tornar a F1 um desporto ainda mais lucrativo, embora e em particular nos últimos anos, com alguns confrontos com o seu ex-aliado Bernie Ecclestone, como também e na sequência da morte dos pilotos Roland Ratzenberger e Ayrton Senna, na semana do Grande Prémio de San Marino de 1994, na adopção de uma série de medidas de segurança que, depois de implementadas nos monolugares, acabaram transbordando para os automóveis do dia-a-dia.