Fique a saber de onde vem toda a potência do Mclaren W1

O Mclaren W1 é o primeiro exemplar de uma nova geração de hipercarros e supera a potência do seu antecessor, o P1, em 372 cv; tudo graças a um truque muito engenhoso no seu sistema híbrido! Fique a conhecê-lo.

Se por esta altura não conhece o Mclaren W1, fica aqui uma apresentação muito sucinta: 1275 cv de potência e 1340 Nm de binário, para um peso seco de 1399 kg (um Golf GTI Clubsport S é apenas 10 kg mais leve), um tempo dos 0 aos 100 km/h em apenas 2,7s e uma velocidade máxima limitada a 350 km/h.

Contudo, o foco deste artigo não é falar do carro em si, mas sim da mestria que foi investida no novo motor V8 híbrido, que impulsiona o mais recente porta-estandarte da marca de Woking, no Reino Unido - chama-se MHP-8, tem 4,0 litros de capacidade e a Mclaren afirma que gera, por si só, 930 cv de potência.

Para efeitos de comparação, o P1, apresentado há mais de uma década e equipado também com um sistema de propulsão híbrido, debitava uma potência combinada de 903 cv e 900 Nm de binário. Cerca de 372 cv de potência e 440 Nm de binário de diferença face ao seu sucessor.

Mas o que separa estes dois hipercarros, com o mesmo tipo de configuração na propulsão, além da década de diferença? Tudo reside apenas e só no sistema híbrido.

Entrega de binário

A melhor forma de entender a tecnologia híbrida do antigo Mclaren P1 está na forma como a entrega de binário é efetuada. O conceito é simples: utiliza-se um motor elétrico, com o seu binário instantâneo a baixas rotações, para combater o atraso na entrega de impulso ("turbo lag") dos dois turbocompressores, utilizados para aumentar a potência do bloco V8.

Em 2013, a Mclaren utilizou esta solução, com um efeito fantástico, no P1. Mas, de acordo com Richard Jackson, o engenheiro-chefe na divisão de motores da Mclaren, esta abordagem sobrecarregava o sistema híbrido, o que levou os engenheiros de Woking a criar uma alternativa para o seu sucessor.

Com o W1, os engenheiros concentraram-se em cumprir dois objetivos: o primeiro era ter um motor que, apesar da enorme potência “turbinada”, ainda tivesse uma boa resposta transitória, com recurso a um sistema híbrido que fornecesse um impulso extraordinário quando o condutor desejasse.

O segundo objetivo era, naturalmente, aumentar a capacidade de potência e reduzir o peso do sistema híbrido, em relação ao antecessor. E a Mclaren atingiu exatamente isso, anunciando, em relação ao P1, uma poupança de 40 kg e o aumento de potência e binário já mencionados.

Autonomia elétrica? Não é importante

É certo que, em termos de capacidade, a bateria do W1 surje em desvantagem face à do P1 - passa de 4,7 kWh para 1,4 kWh –, perdendo, igualmente, na autonomia elétrica – cai dos quase 13 km para 2,5 km. Contudo, o que perde nestes aspectos, ganha através da redução de peso.

Embora a Mclaren ofereça uma atualização da bateria do P1 que reduz o peso original da bateria de 106 kg, para metade, a peso da bateria do W1 situa-se nos 49 kg.

Por outro lado e de acordo com a marca britânica, os clientes do W1 não estão preocupados com uma condução totalmente elétrica. O objetivo dos engenheiros de Woking foi, por isso, criar um sistema híbrido leve, que desse prioridade ao desempenho, e isso implica uma bateria que possa ser descarregada e recarregada rapidamente.

A Mclaren afirma que a bateria do W1 é inspirada na do Speedtail, que também utiliza células cilíndricas. No entanto, apesar da bateria do segundo ter mais capacidade – 1,6 kWh –, apenas o primeiro tem um modo de condução totalmente elétrico.

A abordagem diferente

Tanto o motor elétrico do W1, como a sua unidade de controlo, estão integrados numa única unidade a que a Mclaren chama de “E-Module” e que pesa apenas 20 kg.

Este componente está montado ao lado da transmissão de dupla embraiagem com oito velocidades e intervém sobre as rodas, após a acção das embraiagens, permitindo uma maior produção de binário, sem colocar tensão excessiva no material de fricção. Esta é uma abordagem diferente de todos os sistemas híbridos atuais e anteriores da Mclaren.

O MHP-8

Como já foi mencionado, o W1 estreia um novo bloco V8 com 4,0 litros de capacidade, chamado MHP-8, que sucede ao motor que equipou todos os Mclaren modernos, à exceção do Artura.

O motor foi, de resto, alvo de uma engenharia brilhante. Utiliza tanto injeção direta, como injeção indireta de gasolina, válvulas ocas, entre outras inovações. Em suma, é uma pequena maravilha técnica onde a marca britânica aplicou diversos truques oriundos do know-how adquirido na Fórmula 1.

Os turbos são twin-scroll e maiores que os do motor de 4,0 litros antigo. Ao invés de optarem por turbocompressores elétricos, como acontece na Porsche, na Mercedes-AMG e na Ferrari, os engenheiros de Woking preferiram utilizar a energia da bateria para alimentar o motor elétrico.

Tudo isto também ajuda o Mclaren W1 a atingir outro objetivo, não menos importante: o das normas de emissões. O motor foi concebido para cumprir as normas de emissões Euro7 e, atendendo ao modus operandi da marca, é provável vermos este motor a ser aplicado em mais carros da Mclaren.