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Audi A6 Avant 50 TFSIe quattro. Dá que pensar…

Texto: Francisco Cruz
Data: 6 de Outubro, 2022

Outrora a carroçaria de eleição entre os condutores portugueses, as carrinhas têm vindo a cair em desuso, substituídas pelos SUV e crossover. No entanto e no caso desta Audi A6 Avant, hoje em dia também já disponível com motorização híbrida plug-in, como é o caso desta versão 50 TFSIe quattro, a troca deixou-nos, efectivamente, a pensar…

(Re)conhecidas, logo à partida, pelos seus argumentos familiares, como é o caso do espaço interior ou da capacidade de carga, e a que progressivamente começaram a somar, não raras vezes, uma imagem tão desportiva – ou estatutária – quanto a das berlinas, as carrinhas foram, durante muito tempo, a solução preferida dos condutores portugueses.

Contudo e, particularmente, com o irromper da moda dos SUV, não é menos verdade que estas têm vindo a cair progressivamente no esquecimento. Substituídas não somente pelo desejo dos consumidores de uma postura na estrada (supostamente) mais aventureira e audaz, como também pela opção feita pelos fabricantes de estrearem novas e hoje em dia mais atrativas alternativas de mobilidade, em termos de propulsão, naquela que é, verdadeiramente, a carroçaria da moda; não a mais aerodinâmica, sublinhe-se, apenas a mais procurada…

Senhora de linhas atraentes e estatutárias, a Audi A6 consegue sobressair por onde quer que passe. Mesmo quando o faz com "pés de veludo" e sem barulho...
Senhora de linhas atraentes e com um certo ar desportivo, a Audi A6 consegue sobressair por onde quer que passe. Inclusive, quando o faz com “pés de veludo” e sem barulho…

No caso específico da Audi, vale a pena dizer que, a questão das emissões, já não será argumento, uma vez que o fabricante de Ingolstadt tem, na sua oferta, carrinhas com motorizações híbridas de carregamento externo, ou PHEV, capazes de garantir tão ou melhores resultados que a grande maioria dos SUV equipados com o mesmo trem de força. Como é o caso desta Audi A6 Avant 50 TFSIe quattro S-tronic

Com consumos e autonomia de elogiar

Mesmo sem fazer especial alarde deste novo e cada vez mais valorizado atributo, conforme demonstra, aliás, uma estética exterior praticamente intocada face às versões exclusivamente a combustão, a não ser na porta de carregamento e na denominação que ostenta no portão da mala, a verdade é que esta A6 Avant TFSIe conta, debaixo do capot dianteiro, com um trem de força composto pelo já bem conhecido quatro cilindros 2.0 litros a gasolina, acrescido de um motor elétrico e de uma bateria de 14,4 kWh de capacidade útil. Conjugação com a qual consegue anunciar não apenas um potência combinada de 299 cv e um binário máximo de 450 Nm, como também uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em 6,2 segundos, a par de uma velocidade máxima de 250 km/h. Contributo, igualmente, de uma caixa automática de 7 velocidades que, reconheça-se, sabe fazer bem o seu papel…

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E se estes resultados não deixam de ser surpreendentes, desde logo, por estarmos em presença de uma A6 mais pesada do que as versões exclusivamente de combustão e cujo peso ultrapassa as duas toneladas (2.150 kg), também é verdade que, o facto de contar com uma componente elétrica, não só lhe garante uma maior e mais fácil disponibilidade nas reacções, como a vantagem de poder circular em modo 100% elétrico e sem emissões, durante 68 quilómetros. Ou, pelo menos, é o que a marca afirma, já que, connosco, esta não ultrapassou os 56 km, valor que, ainda assim, não deixa de ser um bom registo.

Já com as baterias recarregadas, processo que, recorrendo a uma tomada de 7,4 kW de potência máxima, deverá demorar, sensivelmente, cerca de 2,5 horas, bastam algumas dezenas de quilómetros para ficarmos convencidos com a forma como esta A6, mais pesada, se faz à estrada e, principalmente, à auto-estrada. Traçado onde a carrinha alemã mais facilmente exprime todas as suas qualidades de verdadeiro familiar, enquanto senhora de um elevado conforto, a que não falta sequer um toque de emoção. Neste caso, garantido não somente através da presença do já bem conhecido ‘Drive Select’ e respectivos modos de condução, mas também de uma compostura que, até mesmo em trajectos mais sinuosos, faz-nos querer carregar um pouco mais acelerador.

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De regresso à cidade, o aproveitamento de opções exclusivas desta versão, como é o caso do modo e-tron, que nos permite conduzir em modo exclusivamente elétrico até aos 130 km/h; do modo auto-hybrid, que adopta por defeito e que procura fazer uma correcta conjugação dos dois motores; ou do modo ‘Battery Hold’, que permite-nos guardar energia para utilização futura. Sendo que, ainda à disposição, está o modo Battery Charge, através do qual se torna possível repor alguma energia, “transformando” o motor de combustão em gerador. Embora e a partir daqui, deixando de beneficiar de consumos que podem rondar os 1,5 l/100 km e que, sem energia nas baterias, passam a figurar mais próximo dos 5,8 km/h… O que também não é mau, não senhor!

O argumento da ergonomia… e da versatilidade

Com a autonomia reposta, o mais certo é que os 56 km conseguidos por nós sejam suficientes para cumprir a quase totalidade dos percursos feitos pela maioria dos condutores, diariamente, nos quais, além do (quase) silêncio na deslocação, se torna ainda possível desfrutar de uma óptima qualidade de construção e materiais, assim como da óptima ergonomia e funcionalidade de um habitáculo que só não lida muito bem com um passageiro ao meio, no banco de trás. Não apenas porque o banco e o túnel de transmissão não se mostram propriamente receptivos, mas também porque a visibilidade traseira já é má, mesmo sem alguém ali sentado…

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Mas se, neste último caso, tudo se resolve com uma câmara traseira, na bagageira, a capacidade inicial de 405 litros, complementada com um amplo acesso proporcionado por um portão de accionamento elétrico, acaba correspondendo às necessidades de uma família. Mesmo com o facto, incontornável, deste valor representar uma perda de 106 litros face às versões com motores exclusivamente de combustão, as quais não têm de acomodar um pack de baterias debaixo do piso, tornando-o, dessa forma, mais alto. Inclusivamente, que as costas dos bancos traseiros quando rebatidas…

Prejuízo que, ainda assim, nos parece pequeno, numa carrinha que, sendo igualmente uma espécie de iniciação a mobilidade elétrica, mostra argumentos mais do que suficientes para (re)acender o interesse dos portugueses, não apenas neste tipo de carroçarias, como neste tipo de propulsão. Hajam os quase 75 mil euros que custa…

Proposta familiar, a mais estatutária das carrinhas de Ingolstadt reflete essa mesma postura também no desempenho dinâmico
Proposta familiar, a mais estatutária das carrinhas de Ingolstadt reflete essa mesma postura também no desempenho dinâmico

AUDI A6 AVANT 50 TFSIe QUATTRO S-TRONIC

Motor Gasolina 4 cil. em linha 1984cc PHEV
Potência combinada 299 cv (220 kW)
Binário máximo 450 Nm
Transmissão Integral, Auto. 7 vel.
Comp./Alt./Larg. 4,95/1,88/1,49 m
Dist. entre eixos 2,92 m
Peso 2150 kg 
Bagageira 405 – 1.535 l
Acel. 0-100 km/h 6,2s
Vel. máx. 250 km/h
Consumo (WLTP) 1,3 [1,6*] l/100 km
Emissões de CO2 (WLTP) 31 g/km
Capacidade da bateria 14,4 KWh (úteis)
Autonomia elétrica 65 (56*) km
Tempo de carga 2,5 horas (0-100% 7,4 KW)

* Medições TURBO

GOSTÁMOS

– Conforto
– Comportamento
– Autonomia elétrica

NÃO GOSTÁMOS

– Visibilidade traseira
– Lugar do meio
– Sistema de recuperação de energia não-ajustável