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Alpine A110 S: Condução em estado puro

Texto: Ricardo Machado / Fotografia: Vasco Estrelado
Data: 18 de Março, 2020

Mais leve, potente e rápido, o A110 S representa o Alpine em estado puro. Um desportivo focado, sem necessidade de truques eletrónicos ou afinações complexas para ser tremendamente eficaz

Depois de ter mostrado como, com “apenas” um motor 1.8 turbo e 252 cv, é possível fazer um dos desportivos mais eficazes e viciantes do momento, a Alpine cedeu à tentação de criar uma versão mais musculada. Nada de muito complicado ou esta não fosse a marca que relançou um clássico por pouco mais de 60 mil euros. Bastou aumentar a potência 16% e afinar o chassis.

Os 292 cv de potência máxima só estão disponíveis acima das 5000 rpm

Mais do que os 76 300 € do preço, o número que define o Alpine A110 S é: 3,8. Resultado da divisão dos 1114 kg pelos 292 cv. É esta relação que melhor explica a vitalidade do A110 S ao longo de toda a faixa de rotação do motor ou a elegância como desenha as sequências de curvas mais exigentes.

Arquitetura de alumínio

Trabalhando sobre a arquitetura de alumínio do A110, a Alpine duplicou a rigidez das barras estabilizadoras e aumentou em 50% a firmeza das molas. Ajustes acompanhados pela afinação condizente dos amortecedores. A revisão das ligações ao solo fica completa com pneus Michelin Pilot Sport 4, montados em jantes Fuchs de 18’’, opcionais (1033 €), que poupam 1,5 kg por roda. Falando em poupar, não há como ignorar o tejadilho em carbono. Custa 2460 €, mas ajuda a baixar o centro de gravidade retirando perto de dois quilos ao topo do Alpine.

O fundo carenado e o extrator traseiro ajudam a criar efeito de solo

Pequenos ajustes à gestão eletrónica do motor 1.8 de quatro cilindros permitiram ganhar 40 cv acima das 5000 rpm. Até este patamar, o funcionamento é idêntico ao da versão de 252 cv. Acima das 5000, a pressão do turbo aumenta 0,4 bar permitindo fixar a potência nos 292 cv. O pico da potência acontece às 6400 rpm, coincidindo com a quebra do planalto de binário, estável nos 320 Nm desde as 2000 rpm. A caixa Getrag de dupla embraiagem e sete velocidades é a mesma.

Vocação desportiva

A vocação mais desportiva deste A110 S está patente nos travões Brembo com discos ventilados de 320 mm, com maxilas laranja, ou nas bacquets Sabelt. De resto é muito parecido com o Alpine A110 normal. Habitáculo minimalista, sem distrações, posição de condução irrepreensível e falta de locais para arrumar a carteira e o telemóvel.

Consola linda, mas sem local onde guardar a carteira e o telemóvel em segurança

Voltando ao número inicial, são os 3,8 kg/cv que permitem ao A110 S acelerar até aos 100 km/h em 4,4 segundos. Se a aceleração é contagiante, a facilidade como curva é viciante. Quando a velocidade nos diz que estamos no limiar de alargar a trajetória, a eficácia da suspensão e o “grip” dos pneus mostram que estamos errados. Tão simples e tão eficaz que se torna acessível a qualquer condutor.

Ensaio publicado na íntegra na Turbo 463