João Queiroz: “Sabemos o potencial da marca BYD”

Com pouco mais dois anos de presença em Portugal, a BYD tem registado um crescimento assinalável, sobretudo no segmento empresarial que representa 72% das vendas, segundo refere João Queiroz, diretor comercial da BYD Portugal.

O balanço dos dois primeiros anos de presença da BYD em Portugal tem sido muito positivo e as expetativas largamente ultrapassadas, afirma João Queiroz, diretor comercial da BYD Portugal. “As barreiras têm vindo a ser quebradas todos os meses, mas olhamos sempre para objetivos e valores superiores porque acreditamos que existe um potencial muito grande para trabalhar”.

O responsável comercial da BYD Portugal sublinha que na Salvador Caetano Auto havia a noção do potencial da marca não só a nível de produto, que surpreendeu pela positiva numa fase inicial, mas também na estratégia de expansão para a Europa, onde quer ter uma presença muito forte. “A entrada na Europa é vista com esse mote de criar confiança nos consumidores porque é um mercado muito exigente,” afirma.

Segundo o diretor comercial da BYD Portugal, a marca disponibiliza muitos argumentos competitivos, não só tecnológicos, mas também ao nível do controlo da cadeia de fornecimento. Para além disso tem “uma ambição muito elevada”.

“Nós tínhamos essa perceção, mas isso não invalida que qualquer expectativa inicial que tivéssemos fosse largamente ultrapassada. Conseguimos entrar e posicionar a marca como de acesso premium, que combina uma qualidade superior com uma proposta justa de valor”.

Experiência no fabrico de baterias

Para João Queiroz, um dos principais argumentos da BYD é a sua larga experiência como fabricante de baterias, sendo essa uma das vantagens competitivas na conceção e desenvolvimento de viaturas elétricas ou a “novas energias”.

“Como especialista na produção de baterias recarregáveis, a BYD tem no seu seio toda a tecnologia necessária para o fabrico deste tipo de viaturas. Temos uma bateria altamente tecnológica, produzida em lâminas e não em módulos com química LFP, assim como todas as matérias necessárias para o seu fabrico”.

O diretor comercial da BYD Portugal sublinha que esta marca chinesa possui ainda os recursos para produzir tudo internamente e também tem a capacidade para trabalhar tecnologicamente esses componentes, incluindo a bateria “Blade Battery”, que é uma das mais avançadas da atualidade em termos de estrutura e organização.

Outra vantagem competitiva consiste na produção própria dos principais componentes de um veículo elétrico: bateria, grupo propulsor, a plataforma, a bomba de calor. Além disso, a marca também consegue trabalhar uma cadeia de distribuição e abastecimento mais fluida e rápida, com custos otimizados. O objetivo passa pela disponibilização ao cliente final de uma oferta de acesso premium, com valores mais acessíveis. Para se manter na vanguarda tecnológica, cerca de 10% dos recursos globais da BYD estão alocados à área de pesquisa e desenvolvimento.

Entrada nos PHEV

Apesar de ter entrado na Europa com uma gama de veículos elétricos, a BYD tem vindo a alargar a sua oferta com a introdução de viaturas híbridas plug-in, designadas pela marca chinesa como DM-i.

Segundo João Queiroz, “é o mercado a ditar a oferta”, já que a BYD percebeu rapidamente que “estamos numa fase de transição energética, em que as viaturas PHEV são chave para transmitir alguma confiança aos consumidores relativamente às viaturas eletrificadas”, adiantando que o “mercado pede muito esta tipologia de viaturas”.

“Das análises de mercado, acreditamos que existe um potencial muito elevado nas viaturas híbridas plug-in. Esta tecnologia vai ter uma fatia significativa naquilo que é a nossa presença no mercado”, refere o entrevistado.

“Neste momento pensamos que a tecnologia DM-i representa entre 10% a 15% das vendas da marca, sendo que até à data só temos um modelo com esta solução, mas a nossa estratégia passa pela introdução de mais modelos híbridos plug-in até ao final do ano porque o mercado assim o pede”.

Clientes empresariais

O segmento empresarial, incluindo rent-a-car, representa cerca de 80% das vendas de veículos novos no nosso e qualquer marca que queira crescer no nosso país tem de apostar forçosamente nas frotas. A BYD não é exceção e desde o início que tem procurado chegar a este público-alvo.

“Como marca nova que está a começar, a BYD tem de se dar a conhecer e à sua gama de produtos”, afirma João Queiroz. “Antes da marca entrar com uma proposta competitiva é importante dar a conhecer essa mais valia ao cliente empresarial. Começamos, desde logo, a fazer um trabalho de fundo com as entidades mais próximas das empresas, nomeadamente as locadoras. Vamos estar sempre disponíveis para o canal corporativo”.

Apesar da parceria internacional com a Ayvens, a BYD Portugal está aberta a trabalhar com todos os parceiros de negócio que ajudarem a alavancar e desafiarem a trabalhar com a sua gama de produtos. “Prova disso é que temos trabalhado campanhas locais e esporádicas com praticamente todas as locadoras”, esclarece o entrevistado, sublinhando que têm sido feitos acordos com praticamente todas as locadoras.

“Acreditamos que ninguém melhor para trabalhar os nossos produtos do que aqueles que melhor conhecem o mercado empresarial. Desde o início foi essa a nossa estratégia”, adianta João Queiroz.

Valores residuais

Relativamente aos valores residuais, que é um critério muito valorizado pelas locadoras e pelos frotistas, o diretor comercial da BYD afirma que ainda “há algum trabalho a fazer” e que irá demorar o seu tempo.

“O fator incerteza e de ser uma marca nova no mercado poderá ter um peso menos positivo, digamos assim, numa cotação de valor residual. O primeiro passo é darmos a conhecer a nossa gama e darmos a experimentar os nossos produtos aos clientes e locadoras. Só depois, com o tempo e a perceção daquilo que é a qualidade e mais valia de uma viatura BYD é que conseguiremos ter um valor residual com a devida perceção da nossa gama”, sublinha o entrevistado.

O facto de contar com uma gama eletrificada tem ajudado a BYD a crescer no mercado nacional, beneficiando da procura do segmento empresarial, que representa 72% das vendas da marca.

Os benefícios fiscais concedidos às empresas em termos de dedução de IVA na aquisição e Tributação Autónoma são consideradas “chave” pelo diretor comercial da BYD, afirmando que “é uma pressão positiva” que leva as empresas a procurarem esta tipologia de viaturas, tornando-a muito “atrativa para esta fatia de mercado”.

Rede "clássica"

O crescimento do parque circulante vai obrigar à implementação de um serviço de após-venda eficiente, designadamente para responder às exigências do segmento empresarial.

O diretor comercial da BYD Portugal explica que o aumento do número de veículos em circulação levou à necessidade de construir uma rede de assistência preparada para responder a essas exigências.

“Desde muito cedo, a nossa estratégia foi abrir muitos pontos de venda. Nós acreditamos no modelo de negócio de proximidade com o cliente, não só a nível de venda, mas também de após-venda”.

No primeiro ano, a rede tinha 14 pontos de venda e após-venda. Neste momento vai em 19 e foi estabelecido um objetivo ambicioso de fazer 30 pontos de venda e após-venda BYD em 2025. O objetivo é que qualquer ponto de venda esteja sempre associado a um ponto de após-venda para ajudar a trabalhar a proximidade com o cliente.

Revisões obrigatórias

O diretor comercial da BYD Portugal salienta que a marca encara a manutenção como algo sério porque acredita que as suas viaturas têm um ciclo de vida longa. “Há algumas marcas que, por serem serem viaturas elétricas, não tornam obrigatórias as revisões, ou seja, sugerem manutenções recomendas. Esse não é o caso da BYD.

“Nós temos manutenções obrigatórias: dois anos ou 80 000 km. Muitas delas têm substituição de componentes, mas acima de tudo, têm verificações. Isso é importante nesse aspeto. Nós recomendamos ou obrigamos que as viaturas sejam assistidas e seguidas de perto.Temos aqui alguns mecanismos que se tornam obrigatórios para o cliente vir fazer essas verificações para perceber se efetivamente a viatura está a ter comportamento que nós esperamos ou não. Queremos o produto seja fiável, ou seja, olhamos à durabilidade. A prova disso é a maneira como construímos o produto. Temos alguns indicadores naquilo que é a nossa estratégia de utilização dos nossos produtos, que nos demonstram isso e mostram que nós já trabalhamos o produto para que ele seja fiável e durável”.

Apesar da sua origem chinesa, a BYD tem uma estratégia muito bem definida para a sua implementação na Europa, o que se estende ao nível de suporte após-venda, nomeadamente nas peças.

”A expansão para a Europa permite-nos ter sempre centros operacionais de peças, nomeadamente um em Madrid, que nos garante o acesso a praticamente todos os componentes, tirando uma ou outra exceção, que poderá ter que ter que vir da Europa ou ter que vir da China,” refere João Queirós. Conseguimos ter praticamente todas as peças em 24 horas em território nacional.