Volkswagen UK lança subscrição para mais potência no ID.3

No Reino Unido, a Volkswagen está a cobrar uma taxa extra para desbloquear toda a potência do ID.3. O modelo é vendido com menos cavalos e o acréscimo de potência só fica disponível mediante subscrição.

A prática de subscrições digitais na indústria automóvel não é novidade. Diversas marcas já dispõem de serviços digitais por subscrição, sejam funcionalidades extra, sistemas de assistência rodoviária, ou até acréscimos de potência.

E é precisamente este último serviço o protagonista da recente abordagem da Volkswagen no Reino Unido, de acordo com a Auto Express.

A publicação avançou com a informação de que o site da marca para o Reino Unido apresenta os ID.3 Pro e Pro S como tendo apenas 204 cv, em vez da potência total de 231 cv.

Mais abaixo, em letras pequenas, é possível ler-se que os proprietários podem “ativar o acréscimo de potência opcional mediante o pagamento de uma taxa”, disponível em regime mensal, anual ou vitalício.

Quanto custa desbloquear os 231 cv?

 No site, a Volkswagen oferece ainda um mês de teste gratuito, numa abordagem semelhante à dos serviços de streaming.

Segundo a publicação, os custos no Reino Unido são o equivalente a 19,60 euros por mês, 196,40 por ano ou 773 euros de uma só vez, de acordo com a taxa de câmbio atual.

Este tipo de paywall automóvel mostra-se particularmente polémico, já que os Volkswagen ID.3 Pro e Pro S estão disponíveis desde o equivalente a 42.531 euros e 44.024 euros no Reino Unido, e muitos consumidores consideram que este acréscimo de potência poderia estar incluído de origem no preço do veículo.

Portugal fora desta estratégia

Também à semelhança de vários serviços de subscrição, este serviço não está disponível para o mercado português.

No site da marca para Portugal, os ID.3 Pro e Pro S estão disponíveis com a potência completa, e a partir de 42.826 euros e 44.467 euros, respetivamente.

A aposta em serviços digitais e subscrições gera receitas recorrentes para as marcas, mas está a levantar dúvidas sobre até que ponto os clientes são donos do automóvel que compram.

Outras tentativas dos fabricantes de automóveis para subscrições

Outros fabricantes de automóveis têm vindo a experimentar funcionalidades associadas a modelos de subscrição. A BMW ficou conhecida por ter testado a cobrança de 18 dólares por mês pelo acesso a bancos e volantes aquecidos em determinados mercados, como a Coreia do Sul, o Reino Unido e a Alemanha. A marca também tentou aplicar subscrições a funções avançadas de assistência à condução e ao Apple CarPlay, mas acabou por recuar devido às fortes reações negativas.

Já a Mercedes-Benz, nos Estados Unidos, lançou uma subscrição anual de 1.200 dólares para desbloquear maior potência e aceleração em alguns modelos elétricos, como o EQE e o EQS, através de um simples desbloqueio de software promovido como “Aumento da aceleração”.

A Toyota — e a sua marca Lexus — gerou polémica ao exigir subscrição para usar o arranque remoto a partir do comando, e não apenas através da aplicação, o que levou a empresa a voltar atrás. A Audi, por sua vez, testou na Europa a subscrição de funcionalidades como os faróis Matrix LED e o controlo de cruzeiro adaptativo.

A Porsche oferece atualmente o programa “Funções sob demanda”, que permite subscrever ou comprar definitivamente funcionalidades como o controlo de velocidade cruzeiro adaptativo, a suspensão ativa (PASM) ou a navegação, disponibilizando tanto testes temporários como desbloqueios permanentes.

O Grupo Volkswagen — que inclui marcas como VW, Audi, Skoda e Seat/Cupra — tem igualmente experimentado, sobretudo na Europa, recursos pagos para desbloquear funcionalidades como atualizações de navegação, sistemas de assistência ao condutor e melhorias de iluminação.

A Tesla é provavelmente o caso mais conhecido, vendendo o “Full Self-Driving” como compra única (12 mil dólares) ou em regime de subscrição mensal (199 dólares), além de cobrar pelo desbloqueio de funcionalidades como bancos traseiros aquecidos, apesar de o hardware já estar instalado nos veículos.

A General Motors começou a exigir que alguns clientes subscrevessem o serviço OnStar em determinados modelos novos e prepara os seus futuros elétricos — como o Cadillac Lyriq ou o Chevrolet Blazer EV — para integrarem cada vez mais serviços pagos e complementos de software.

A Ford também explorou serviços semelhantes, como o BlueCruise, um sistema de condução sem mãos, disponível por cerca de 75 dólares por mês ou 2.100 dólares por três anos.