É difícil escrever sobre a cidade da luz de forma a iluminar todos os inúmeros encantos. E impossível retratar a vibrante atmosfera. Paris não se descreve. Vive-se. E quanto mais se sente, maior é o desejo de por aqui ficar.
Com o patrocínio
Desconfie daquelas dicas assinadas por alguém famoso, que lhe promete conhecer Paris em 24 horas. Paris é um desfiar contínuo de experiências e vivências, de luz e cores, que, se não se esgota numa reportagem, ainda menos podemos resumir a um contra-relógio entre aqueles que são os seus principais cartões-de-visita.
Paris é subir ao último andar da Torre Eifel, ou avistá-la a partir da basílica de Sacré Coeur. Ziguezaguear por Montmartre, respirar fundo no interior da Catedral de Notre Dame e sentirmo-nos esmagados com a capacidade humana de realizar algo tão portentoso. Paris é acordar manhã cedo no domingo, em Saint-German-des-Prés (o meu bairro favorito na cidade), ler o jornal no Café de Flore, poiso de Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir, e partir para um passeio de barco no Sena (14€) que nos oferece uma visão ainda mais romântica daquela que é (não por acaso) a cidade que mais escritores e realizadores de cinema inspirou.
Várias companhias oferecem múltiplas possibilidades de passeios de barco, mas a nossa sugestão é uma saída ao final da tarde, quando o pôr-do-sol cobre a cidade de uma tonalidade que, por ventura, realça ainda mais uma certa vertente mística. Aproveite para jantar a bordo. Até porque, mais do que captar Paris na memória da máquina fotográfica, o que realmente importa é viver a cidade e gravá-la para sempre no álbum de memórias.
Paris consegue ser inesquecível, mas isso depende da forma como a quisermos descobrir. Isso tem a ver com a disponibilidade para nos entregarmos. Paris não é uma cidade barata (um bilhete único de metro custa 1,6€), mas podemos alcançar os pontos mais carismáticos de forma mais económica adquirindo uma caderneta de 10 passagens que custa 14€. Podemos fazê-lo por nós próprios, mas a melhor solução para o primeiro dia é entregar-se aos “cuidados” de uma das empresas de autocarros (“hop on hop off”, com preços que começam nos 29€ por pessoa) que percorrem os principais pontos de interesse, permitindo a sua visita ou, então, dando-lhe uma ideia da localização para aí regressar por sua conta.
Um bilhete para o museu D´Orsay custa 11€ e para o Louvre, a menos de 300 metros, 12€. Mas estudantes e crianças não pagam. Ir a Paris sem visitar o Louvre será uma experiência incompleta, mas tenha em conta que estamos a falar do maior museu do mundo, com quase 15 quilómetros de galerias cujas mais de 35 000 peças expostas levariam mais de uma semana a ser devidamente apreciadas.
Se tem a intenção de conhecer os principais museus (Louvre, D’Orsay, Orangerie, Arte Moderna, etc.) o melhor é comprar um passe (www.parismuseumpass.com) cujo preço começa nos 42 euros, mas permite-lhe o acesso a mais de 60 locais.
Ali por perto, além do Museu D’Orsay, recomendamos a visita ao Palais Royal e um passeio pela carismática Rue de Rivoli, que nos leva até ao magnífico Hotel de Ville, uma das principais atrações da cidade. A alguns passos de distância encontraremos o Centro de Arte George Pompidou e, na margem oposta, a Catedral de Notre Dame. No entanto, se seguir no sentido oposto, sempre à beira do Sena, vai desembocar na Praça da Concordia, onde começa a Avenida dos Campos Elísios (o nome está relacionado com o paraíso dos mortos, na mitologia grega), que termina na Praça Charles de Gaulle, onde está o Arco do Triunfo. São quase dois quilómetros que albergam algumas das lojas mais emblemáticas do mundo, o que nem sequer é de estranhar já que o preço médio do aluguer de um espaço com 100 metros quadrados ronda um milhão de euros por ano. Além de alguns dos café mais chiques, podemos entrar na loja da Louis Vuitton ou, mais interessante, tomar café no Espaço Citroën, jantar no Atelier Renault e descobrir a fantástica história da Peugeot no Avenue Peugeot 75.
A alimentação é também cara. Um café custa facilmente 4€, e por uma cerveja e um éclair de chocolate no último andar dos armazéns Printemps, na avenida Haussmann, prepare-se para pagar 10€. Vale a exclusividade e, sobretudo, uma vista privilegiada sobre uma das mais emblemáticas zonas da cidade. Além do fabuloso terraço, aquele que é um dos mais antigos armazéns de Paris (fundado em 1865) oferece-nos uma decoração única, onde se destaca a lindíssima cúpula Arte Nova. Vale, enfim, a experiência, que o mesmo é dizer sentir uma cidade onde cada canto tem uma história. Já que por aqui está, pode deixar-se tentar por uma compra “para o currículo”, porque, afinal, a cidade da moda não é, nem por sombras, a cidade das oportunidades.
Depois de uma passagem pelo hotel, é tempo de planear a noite, que em Paris tem sempre algo de especial. Se de dia optou por deslocar-se de metro, pode agora utilizar o seu carro – escolha um hotel com estacionamento que, mesmo cobrando extra (cerca de 25€/dia), é sempre mais barato do que os parques no “coração” da cidade, onde duas horas significam o desembolso de entre oito e dez euros. É uma boa ocasião para descobrir um dos acolhedores restaurantes no Quartier Latin, ao redor da Universidade de Sorbonne, local de encontro de artistas e pensadores, envolto numa atmosfera especialmente cativante.
De noite, como durante o dia, Paris é uma cidade que nos surpreende em cada esquina. Após o jantar desça a Avenida da Opera, agora sem a confusão da quase eterna hora de ponta, atravesse a Rue do Rivoli e faça uma paragem rápida junto à Pirâmide do Louve. Percorra a margem do Sena, atravesse a Pont D’Alma e, claro, deslumbre-se outra vez com a Torre que Gustave Eiffel projetou como peça mais importante para a Exposição Universal de 1889. Pensada para ser uma estrutura temporária, aquele que é o edifício mais alto de Paris (334 metros) foi, ao tempo, alvo de contestação generalizada, mas acabou por se perpetuar e assumir-se como um dos monumentos mais visitados do mundo. Daqui pode subir, mesmo em frente, à Praça Trocadero e apreciar desde o Musée de L’Homme o porquê de Paris ser conhecida pela cidade da luz. Prossiga na Avenue Kleber e prepare-se, qualquer que seja a hora, para a confusão da Place de l’Étoile (Arco do Triunfo) onde o aguarda, de novo, mas com outras roupagens, o charme dos Campos Elísios.
Depois ou em alternativa, a Place Pigale. Se perguntar a alguém mais velho que memória guarda de Paris, é muito provável que a resposta tenha a ver com a famosa zona dos teatros e da comédia burlesca. Mesmo sem os holofotes de outrora, esta zona da cidade continua a ser um símbolo da vida noturna, onde prevalecem “casas” que fazem parte da história de Paris, como o Moulin Rouge, o Lido ou o Crazy Horse, com os seus espetáculos envoltos num glamour que não tem paralelo em nenhum outro local do Mundo.
A zona pode, à noite, parecer algo intimidante, mas a verdade é que continua a simbolizar muito do fascínio daquela que é uma das cidades mais visitadas do Mundo e que por motivo algum pode perder.