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Com a UE a fixar 2035. França e Alemanha querem adiar fim dos blocos térmicos

Texto: Francisco Cruz
Data: 18 de Julho, 2021

Numa altura em que a União Europeia (UE) se mostra determinada em decretar o fim da venda de automóveis com motores de combustão ou térmicos, já a partir de 2035, notícias alertam para o facto de, tanto a Alemanha, como a França, pretenderem atrasar a entrada em vigor desta decisão. Pedindo, mesmo, maior tolerância…

A notícia foi avançada pela Automotive News, que cita uma fonte não identificada do gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, segundo a qual a presidência francesa decidiu apoiar um plano mais suave de descarbonização, para os construtores automóveis. E que passa, entre outros aspectos, por uma redução de 55% nas emissões, relativamente a níveis de 2021, até 2030.

A par desta medida, o executivo francês defende, ainda, que os híbridos plug-in, ou PHEV, permaneçam em comercialização, para além da data-limite de 2035.

Volkswagen Touareg PHEV
França e Alemanha querem uma maior “tolerância” para os PHEV

Esta nova abordagem, da parte da presidência francesa, vem, assim, contrariar a intenção, entretanto manifestada pela União Europeia (UE), de, não só acabar com o comércio de veículos equipados com motores térmicos, no espaço europeu, a partir de 2035, como também obrigar a uma redução nas emissões, não de 55%, mas de 65%, até 2030, quando comparado com os valores de 2021.

Alemanha pede tolerância

Além da França, também a Alemanha, outra das economias-charneira da UE… e um dos principais fabricantes de automóveis dentro do espaço europeu, deu, entretanto, mostras de quer adoptar uma postura mais flexível, face àquilo que são as metas definidas. Argumentando com a necessidade das medidas a implementar, serem tecnicamente viáveis.

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Em declarações à agência noticiosa alemã DPA, foi o próprio ministro dos Transportes, Andreas Scheuer, quem afirmou acreditar que “todos os fabricantes de automóveis e caminhões estão cientes de que, especificações mais rígidas, estão a chegar. No entanto, estas têm de ser tecnicamente viáveis”.

Assim e no entender deste responsável, é preciso haver alguma tolerância, nomeadamente, na comercialização dos híbridos plug-in, acompanhada de um foco maior no hidrogénio, no caso dos pesados.

A pressão dos fabricantes

Neste novo diferendo que parece querer levantar-se, importa destacar, igualmente, o facto da posição agora manifestada pelo Executivo liderado por Emmanuel Macron, surgir após a realização de várias reuniões com as altas chefias de fabricantes automóveis como o grupo Stellantis ou o grupo Renault. Assim como com alguns dos principais responsáveis por fornecedores como a Valeo, Faurecia e a Plastic Omnium.

Luca de Meo, o novo CEO do Renault Group, anunciou, em maio, uma redução de 15 mil postos de trabalho
Luca de Meo, o novo CEO do Renault Group, anunciou, em maio, uma redução de 15 mil postos de trabalho

Recordar, igualmente, que várias empresas ligadas ao sector automóvel não deixaram de manifestar publicamente a sua surpresa, após conhecerem as intenções da União Europeia de, basicamente, tornar os híbridos plug-in (PHEV) inúteis, após 2035. Desde logo, porque, para alguns fabricantes, a já muito falada electrificação das gamas, é sinónimo, igualmente de híbridos. E até mesmo de sistema híbridos suaves, de 48V.

De resto, os fabricantes não deixaram de alertar para a possibilidade de metas a tão curto prazo, poderem levar ao desaparecimento de postos de trabalho. Com o principal grupo de lobby francês em defesa da indústria automóvel, a avançar, inclusivamente, a possibilidade dos despedimentos poderem chegar a 50% da atual força produtiva.