Como tornar os veículos elétricos mais rentáveis…
Texto: Nuno Fatela
Data: 21 de Maio, 2018
Garantir que se introduzem inovações sem que os custos sejam demasiado altos para gerar lucros é uma questão de sobrevivência para qualquer negócio, e os automóveis não são diferentes. Com a mobilidade sem emissões poluentes a tornar-se uma obrigação devido às restrições legais, saiba como podem os fabricantes tornar os veículos elétricos mais rentáveis
A questão dos custos de desenvolvimento e dos componentes tem vindo a ser apontada como um dos maiores entraves à introdução da mobilidade elétrica. Como se tem visto recentemente, os fabricantes estão obrigados a desembolsar elevados montantes para o desenvolvimento destas propostas. Esta situação, em conjunto com os elevados custos a que muitos dos componentes ainda estão disponíveis, tem significado dificuldades para colocar os modelos de emissões 0 no mercado a preços atrativos, já que para a generalidade das pessoas estão com valores muito acima dos concorrentes com motores de combustão.
Agora surgiu um relatório da McKinsey que visa precisamente demonstrar como os fabricantes podem tornar os elétricos mais rentáveis, apontando o caminho a seguir pelas marcas para terem sucesso nesta aventura. É indicado que as vendas mundiais destes modelos atingiram já 1,3 milhões de unidades em 2017, um salto evolutivo de 57% em comparação ao período homólogo, e que os valores devem continuar a crescer. As estimativas são de que os veículos elétricos vão representar 30% a 35% de todo o mercado automóvel em 2030, e os valores da McKinsey estão alinhados com as previsões dos maiores fabricantes mundiais, de que os EV representem, consoante a marca, entre 15% e 25% do volume total de negócios em 2025. Para garantir que esta é uma aposta de sucesso, e até para acelerar a introdução destes modelos, aqui ficam os vários conselhos da McKinsey para tornar os veículos elétricos mais rentáveis…
As marcas devem apostar em lançar plataformas próprias e dedicadas aos elétricos, ao invés de adaptar as atualmente destinadas a modelos com motores de combustão.
Isso vai permitir oferecer mais espaço para as baterias, pois não se está a utilizar uma estrutura que contempla de base espaço para transmissões, escapes e outros componentes “obsoletos”.
Esta opção também facilita a colocação das baterias, reduzindo o tempo e custos desta operação O estilo de plataforma “skateboard” utilizada pela Tesla é apontada como um exemplo, e prova disso é que o caminho tem sido seguido pelos maiores fabricantes mundiais
Elevar o nível de integração
Com a evolução dos conhecimentos de produção, e a progressiva investigação a estas alternativas, a quantidade de componentes, e o espaço que ocupam, está a diminuir. A própria cablagem está a ser reduzida
Esta situação representa uma melhoria em diversas áreas, pois reduz o peso do carro, simplifica o processo de produção e permite a otimização do espaço para os diversos componentes
Dados comprovam esta situação. O Tesla Model S tem 10,1kg de cabos, quase o dobro dos 5,7kg do Tesla Model 3. E no Nissan Leaf de 2017 o total de 2,9kg representa menos 3,3kg que na geração lançada em 2011.
O total de componentes na motorização é outro exemplo disso. No modelo nipónico são agora apenas quatro, em comparação aos anteriores seis, e no caso dos Tesla a redução é ainda mais evidente. São apenas quatro no Model 3 contra 14 no Model S.
Habitualmente, na fase inicial de lançamento de inovações disruptivas os fabricantes lidam com clientes muito conhecedores das tecnologias que estão a ser introduzidas. O caso dos veículos elétricos não é diferente.
Isso significa que este público espera contar com as assistências e soluções tecnológicas mais recentes. Exemplo disso é a redução do número de botões, com recurso aos ecrãs. Os elétricos apresentam, em média, menos sete comandos físicos que os adversários “tradicionais”.
A aposta nas tecnologias também deve ser uma aposta para simplificar os modelos. Verifica-se já um caminho rumo à concentração de todo o centro nevrálgico da viatura numa só unidade central de controlo.
A concentração reduz o perigo de falhas de software nos diversos softwares e na eletrónica. A esta maior fiabilidade junta a vantagem da redução dos custos e espaços
Evoluir na escolha de materiais
A base para esta melhoria estará na introdução de baterias mais avançadas, pois o seu peso (e custo…) mais reduzido trazem outras vantagens associadas,
Essa “dieta” significa que os fabricantes deixam de recorrer obrigatoriamente a metais mais raros e caros, como o alumínio e fibra de carbono, de forma a baixar o peso e não matar a autonomia.
Ao invés podem ser utilizados metais mais baratos, como os aços de alta resistência. Mais uma vez, a Tesla lidera o caminho, pois no Model 3 já começou essa transição. Esse foi mais um dos segredos para a colocação do modelo a preços mais acessíveis.
Fonte: McKinsey, via Inside EVS