FIAT 500X CITY 1.6 MULTIJET – Fator X

Texto: Marco António / Fotografia: Vasco Estrelado
Data: 25 de Junho, 2017

O novo 500X é o sexto elemento de uma familia que não pára de aumentar desde que a Fiat lançou o 500, em 2007. Mas a plataforma é bem diferente do original

Ao contrário do que podemos supor, a base de desenvolvimento do 500X é a mesma do Jeep Renegade, apesar de visualmente os dois carros não terem nada a ver um com o outro. Enquanto o Fiat segue a moda dos Crossover (um conceito híbrido que tenta conciliar um pouco de SUV, um pouco de monovolume e um pouco de berlina), o seu colega americano produzido na mesma fábrica em Melfi, na Itália, é claramente um SUV.

De todas as variantes do Fiat 500, este é talvez o mais feliz e porventura o melhor em termos da qualidade real. Tem muitos concorrentes no mercado, nomeadamente o Renault Captur e o Nissan Juke (os mais vendidos) ou ainda o Mini Countryman, pelo que é interessante seguir a sua pegada nesta nova aventura para a Fiat. Numa altura em que muitas marcas apostam neste segmento com produtos originais, este evento pode representar para a marca italiana um salto muito significativo em termos de vendas, especialmente se considerarmos que, para além desta versão City, equipada com a segunda geração do conhecido motor 1.6 Multijet de 120 CV, existem outras mais radicais como o Cross na versão 4×2 que, em relação à versão mais citadina, tem mais plásticos e uma altura ao solo com mais 3 cm. Para os mais radicais existe ainda a versão 4×4 com o motor 2.0 Multijet de 140 CV.

CARROÇARIA 32/50

Embora a parte estética não seja pontuada nos nossos testes, este é um aspeto relevante que condiciona muito a preferência por um determinado modelo. Neste caso, a fórmula escolhida não podia ser mais feliz. Salvaguardando as devidas distâncias, quando observamos o 500X de três quartos de traseira faz-nos lembrar alguns traços do Porsche Macan, o que não deixa de ser um ótimo cartão-de-visita e um excelente argumento quando confrontado com os seus principais adversários, em relação aos quais disputa uma qualidade de construção que consideramos bastante boa. Esta nota-se desde os pormenores mais pequenos, como um simples bater de portas, até às caraterísticas mais importantes como a influência positiva da nova plataforma em matéria de comportamento e segurança. O nível de segurança é, neste caso, valorizado por uma série de ajudas, como um ESP que está sempre atento à mínima deriva, conforme ficou demonstrado no teste de ultrapassagem que o 500X fez a 70 km/h, onde pode levantar uma das rodas traseiras devido à maior altura do centro de gravidade e à transferência de massa mais acentuada.

INTERIOR 45/70

O Fiat 500X tem um habitáculo que supera em termos de espaço a média do seu segmento, ainda que em relação ao Renault Captur e ao Mini Countryman seja um pouco mais pequeno, conforme avaliado pelo seu índice de habitabilidade (9524 pontos contra 9564 pontos e 9534 pontos respetivamente). Não sendo muito alto atrás ele é no entanto mais largo, o que garante um certo desafogo quando esgotamos a lotação traseira. Na frente os bancos com contornos mais ergonómicos garantem uma sensação de conforto muito grande e uma posição de condução agradável.

Se por fora o Fiat 500X respira robustez e uma qualidade grande, por dentro os materiais escolhidos geram a mesma sensação, ainda que a maior parte dos plásticos sejam duros, à exceção dos que cobrem a parte superior do tablier e as portas dianteiras, sem esquecer o painel frontal lacado da cor da carroçaria comum a todos os 500. Mais importante que os materiais usados é no entanto a montagem mais rigorosa que se reflete positivamente na redução dos ruídos quando circulamos por estradas mais irregulares e o que isso representa em termos de conforto. Este é um aspeto que o maior curso da suspensão independente à frente e atrás tenta otimizar, se bem que nem sempre o consiga, especialmente quando as irregularidades variam mais em frequência do que em amplitude.

Suficientemente funcional, o interior do 500X tem algumas incongruências, desde logo um porta-luvas que sendo duplo é mesmo assim pequeno e um apoio central de braços que por ser fixo e muito alto dificulta a posição de condução. Mesmo assim, o condutor acede facilmente à maioria dos comandos desde o botão circular que nos permite selecionar o perfil de condução de acordo com alguns parâmetros (Fiat Mood Selector) até ao ecrã de 5 polegadas situado a meio da consola. Este é muito pequeno e tem um funcionamento pouco intuitivo e complicado quando queremos aceder às informações do computador de bordo. Também o sistema GPS da Tom Tom tem neste caso um desempenho lento e difícil de decifrar! Este é com certeza um ponto a rever num próximo facelitf tendo em conta que nesta matéria a evolução dos concorrentes tem sido muito grande.

MECÂNICA 32/50

Para além do aspeto, o 500X destaca-se pelo conteúdo. A sua plataforma, não tendo nada a ver com a do 500 original, permitiu desenvolver critérios de qualidade que estão ao nível dos carros alemães, com reflexos positivos no comportamento do carro por via de uma rigidez estrutural maior. Esta otimiza o funcionamento da suspensão que curiosamente é tão

independente atrás como à frente, um aspeto pouco comum entre os concorrentes e que se adapta na perfeição às versões com tração às quatro rodas. Neste caso a tração é à frente enquanto o Fiat Mood Selector, um comando rotativo colocado estrategicamente atrás do comando da caixa de velocidades permite escolher três modos de condução diferentes: Auto, Sport e All Weather.

Ao escolhermos um desses modos de condução alteramos alguns parâmetros que podem ser monitorizados pelo computador de bordo. Se no modo Auto tudo se passa normalmente, no modo Sport o acelerador fica mais sensível enquanto a direção ganha firmeza e o ESP intervém mais tarde. No modo All Weather o controlo de tração fica mais atento a uma perda de tração provocada pela deterioração das condições de aderência comuns a determinadas situações como neve ou chuva intensa. No modo Sport aparece no painel de instrumentos a indicação da pressão do turbo ou as forças “g” que variam de acordo com a inclinação da carroçaria e a atividade do motor! Este é a segunda geração do conhecido motor 1.6 Multijet agora muito mais reativo graças a um rendimento superior conforme se pode ver na pressão média efetiva superior a 25 bares. Este é um valor superior a quase todos os concorrentes enquanto o índice de elasticidade é também elevado (3,47).

Destaque para a caixa manual de seis velocidades com um escalonamento adequado às carateríticas de binário e de potência do motor Multijet e com um funcionamento extraordinariamente suave.

AO VOLANTE 28/50

A posição de condução fácil de encontrar graças à boa ergonomia dos bancos e às suas múltiplas regulações torna a condução do Fiat 500X mais agradável, seja na cidade onde o motor a partir das 1800 rpm sobe com desenvoltura até perto das 5000 rpm, seja em estrada onde a estabilidade não é posta em causa pela maior altura ao solo. Nem mesmo nos trajetos com mais curvas a sua agilidade é posta em causa embora a transferência de peso requeira alguma adaptação, até porque a suspensão embora firme tem uma afinação que beneficia o conforto. A única exceção é nos pisos mais irregulares, mesmo assim o desconforto não é muito grande nem sequer isso compromete o comportamento do 500X. A direção com assistência elétrica tem um tato agradável em quase todas as circunstâncias ainda que (e mais uma vez) nas curvas mais apertadas a interpretação das trajetórias não seja a mais correta. Para melhorar esse feeling é preciso escolher o modo “Sport” do “Mood Selection”, altura em que a direção se transforma ficando mais firme. Como já referimos anteriormente o casamento entre o motor 1.6 Multijet de 120 CV e a caixa manual de 6 velocidades é perfeito. A prova disso são as prestações alcançadas, com especial destaque para as recuperações, mas também as acelerações, como dos 0 aos 100 km/h feitos em 10,7 segundos (mais dois décimos de segundo do que a marca anuncia).

O manuseamento suave da caixa de velocidades é também um atributo que apreciamos bastante e que de certa forma nos surpreendeu, por ser uma caraterística não muito normal nos italianos! Para além de suave, o engrenamento é rápido e o escalonamento equilibrado. Este é um equilíbrio que visa essencialmente boas prestações, mas acima de tudo contribuir para custos de utilização mais baixos por via dos consumos mais baixos.

ECONOMIA 39/60

Um aspeto agradável deste crossover da Fiat é o preço. Ao custar pouco mais de 23 mil euros (que inclui 1500 euros de ofertas), o 500X coloca-se ao nível de um Nissan Juke com a vantagem de oferecer um motor mais interessante do ponto de vista das suas caraterísticas mais importantes. Com mais 10 CV ele alcança níveis de consumos reais e anunciados semelhantes. Outro concorrente importante é o Mini Countrymam, ainda que o modelo inglês construído pelos alemães da BMW se apresente um pouco mais caro. Mais caro é também o seu primo, o Jeep Renegade, que partilha grande parte dos elementos mecânicos. Ao reivindicar um consumo de apenas 4,1 l/100 km, as emissões são também reduzidas, mesmo assim ultrapassa as 100 g/Km de CO2. Mas se os consumos até contribuem para reduzir os custos de utilização, o mesmo não acontece com os intervalos de manutenção, que se situam nos 20 mil quilómetros, enquanto as garantias registam os mesmos períodos da generalidade dos concorrentes à exceção da corrosão, em que o prazo não vai além dos 8 anos.