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Testámos os melhores comerciais do mundo, que são portugueses!

Texto: Nuno Fatela
Data: 5 de Novembro, 2018

A Revista Turbo já teve oportunidade de fazer um pequeno teste ao Citroën Berlingo e ao Peugeot Partner. E é fácil descobrir atributos que explicam o título de Melhores Comerciais do Mundo em 2018

Mangualde, onde fica a fábrica nacional do Grupo PSA, é o local de produção dos dois Melhores Comerciais do Mundo no momento. É deste local de saem os Citroën Berlingo e Peugeot Partner que foram galardoados com o prémio International Van of the Year 2018, modelos que que têm estado durante os últimos anos no Top de vendas nacional do seu segmento , o dos Comerciais Ligeiros. E se a designação comerciais se explica facilmente, pela sua capacidade e compartimento de carga, esta nova geração vem reforçar, e muito, a designação ligeiros.

Ligeireza foi algo que foi possível sentir nestes primeiros testes efetuados em Chantilly, França. Com a nova geração dos modelos de Mangualde carregada com 200kg de “lastro” (uma forma de mostrar melhor como eles funcionam quando estão ao serviço dos profissionais), tivemos oportunidade de testar o bloco Diesel de 100cv (que deve representar mais de 85% das vendas nacionais) e… uma versão a gasolina.

Pode efetivamente parecer estranho um comercial a gasolina, mas é uma demonstração da forma como os tempos têm vindo a evoluir. Não se sabe quais serão as futuras restrições à circulação de veículos a gasóleo, e este Puretech 110 mostra que o Grupo PSA está preparado para qualquer cenário futuro. Mas, dada a sua pouca importância para o mercado nacional, não nos iremos alongar muito em considerações sobre ele. Mas não podemos deixar de destacar o silêncio de rolamento que oferece e a boa resposta ao acelerador. Portanto, se precisar de um veículo comercial mas não for cumprir grandes distâncias, quem sabe se esta não poderá ser futuramente uma opção tentadora…

 

Ao volante

Passando à avaliação do motor BlueHDi de 100cv, ele também merece nota bastante positiva. Na versão testada estava conetado a uma caixa manual de cinco velocidades, e mesmo com o lastro e o pouco conhecimento das rotas (muitas povoações com limites a saltarem entre 30km/h e 50km/h que obrigavam a consecutivas passagens), conseguimos uma média que rondou os 6,5l/100km. O que são valores interessantes, mas que necessitaremos de uma futura avaliação mais profunda (na Turbo Comerciais) para tirar conclusões mais concretas.

Na condução, a nota é muito positiva. O chassis que combina a plataforma de ligeiros EMP2 e o plataforma de carga RG5 (dos anteriores Berlingo e Partner, mas agora mais evoluída) é a base de dois modelos que se mostraram extremamente seguros e estáveis. Além disso, o bom comportamento da suspensão e a posição de condução agradável garantiram um conforto que merece nota positiva.

Um excelente Retrovisor Digital

Para uma condução muito tranquilo também contribuiu um dos grandes trunfos do modelo, o retrovisor digital designado Surround Rear Vision. Como é sabido, a visibilidade para a retaguarda de modelos com caixa de carga, como é o caso dos novos Peugeot Partner e Citroën Berlingo, é um dos maiores handicaps. Mas o Grupo PSA encontrou uma solução muito boa, em que uma câmara capta as imagens que depois são transmitidas a bordo num ecrã de 5”, colocado precisamente onde costuma estar o retrovisor central.

Este retrovisor digital é tão intuitivo que bastam cinco minutos ao volante para o condutor passar a “ignorar” os espelhos laterais quando quer saber aquilo que está a ocorrer na sua retaguarda. Afinal, basta fazer o mesmo procedimento habitual nos ligeiros de passageiros para saber o que está atrás. Este Retrovisor digital tem ainda uma outra grande vantagem. Ao toque de um botão na manete do lado esquerdo ele passa a mostrar imagens da lateral da viatura, no lado oposto ao do condutor, conseguindo dessa forma evitar o surgimento de perigo inesperados neste ângulo morto de visão.

 

Mais de ligeiro do que de comercial

Efetivamente, a chegada dos novos Comerciais Ligeiros do Grupo PSA marca um momento importante neste segmento, já que aproxima bastante estas viaturas dos modelos de passageiros. Para tal contribui, por exemplo, a chegada do i-Cockpit ao Peugeot Partner, que assim ganha uma instrumentação em tudo igual à de modelos como os 208 e 308 (e como adoramos aquele volante mais pequeno…), dotando estes modelos de trabalho com um ambiente moderno. Mas não pense, no entanto, que a marca descurou a ótica profissional, mantendo os vários compartimentos de arrumação e pontos de carga , para que os funcionários possam fazer destes veículos um escritório sobre rodas.

Além do retrovisor digital, e do ambiente moderno, existe mais um fator de aproximação entre os Citroën Berlingo e Peugeot Partner e os modelos de passageiros. Trata-se da profusa oferta de assistências de segurança e conforto, com 20 novos sistemas que chegam aos modelos fabricados na PSA Mangualde. É o caso dos alertas do ângulo morto, aviso de saída de faixa, cruise control adaptativo, deteção de risco de colisão, travão de mão elétrico, acesso e arranque mãos livres, carga por indução, conetividade e câmara de marcha-atrás 180º. Como pode comprovar, mais parece a lista de equipamentos de um ligeiro de passageiros…

Entre os apoios especialmente destinados aos profissionais, merece destaque outro dos grandes trunfos destes dois modelos ‘Made in Mangualde’. É o indicador de excesso de carga, colocado no compartimento traseiro e que avisa quando se excedem os pesos máximos aconselhados para as viaturas. Isto evita, desde logo, problemas se for parado pelas autoridades a infringir estas legislações, mas também tem impacto na manutenção da viatura. Afinal, cumprir com estas especificações evita desgaste acelerado de componentes como a suspensão e travões. E não podemos deixar de alertar do impacto que esta questão tem na segurança dos condutores…

 

Mais caros, mas por bons motivos…

A tabela de preços da nova geração Partner e Berlingo começa nos 20200€ para as as versões de entrada Pro (Peugeot) e Control (Citröen) com o motor BlueHDi de 75cv, acrescendo mais 800€ para chegar ao BlueHDi100. E isso explica os motivos para que a marca considere que o motor de 100cv terá a “fatia de leão” nas vendas. E a PSA espera também que seja a partir dos níveis intermédios das gamas, pela relação entre aumento de preços e grande aumento da quantidade de equipamentos, que os clientes se foquem. Falamos do Citroën Berlingo Club e do Peugeot Partner Premium, com custo de 23050€ para o motor de 100cv (menos 550€ para a outra motorização).

Para quem decida fazer muitos quilómetros ao volante, a aposta está nas versões de topo de gama, que são designadas de Asphalt na marca do leão e Driver no Double Chévron. Disponível apenas com o motor mais potente, o seu custo será de 23500€. Existem ainda, na oferta, packs como o Grip para quem deseje uma viatura para tarefas mais pesadas, como o trabalho da construção civil. Nesta fase de arranque das vendas, em novembro, apenas surgem os BlueHDi de 75cv e 100cv, conetados a caixas manuais de 5 velocidades, estando agendado para 2019 a chegada do BlueHDi 130cv. Em equação está a possibilidade de surgir também uma versão a gasolina, embora a marca ressalve que essa possibilidade está condicionada pela fiscalidade nacional, onde apenas o gasóleo pode ser deduzido pelas empresas.

 

Como escolher entre o Partner e o Berlingo

Tendo em conta os preços similares, a opção por versões curtas e longas (estas mais compridas apenas em 2019) e ainda escolha entre peso “standard” ou carga aumentada nos dois modelos, uma das principais questões que surge é sobre como se vão distinguir estes comerciais ligeiros. Na verdade, também aqui existe mais uma aproximação aos ligeiros de passageiros, com os atributos que definem os dois emblemas franceses nessa oferta a serem transportados para os comerciais. Assim, na Peugeot é o ambiente moderno do i-Cockpit que surge como aposta, enquanto na Citroën é a abordagem ao conforto e bem estar a bordo que é sublinhada. A decisão fica, então, na mão dos clientes…