Tesla perde €10 mil milhões com fim dos créditos de emissões nos EUA

Com a aprovação da Big Beautiful Bill, nos Estados Unidos da América, a Tesla vai perder uma grande parte das suas receitas proveniente da venda de créditos de emissões. A medida poderá ter um forte impacto na rentabilidade da marca.

Durante mais de uma década, a Tesla acumulou lucros significativos através da venda de créditos de emissões a outros construtores.

Estes créditos, adquiridos por fabricantes para compensar emissões e evitar multas relacionadas com os requisitos de consumo e emissões nos EUA (CAFE), renderam à marca norte-americana mais de 10 mil milhões de euros ao longo de dez anos.

Mas com a recente aprovação da lei denominada "Big Beautiful Bill", promovida por Donald Trump, presidente dos EUA, não só serão eliminados os incentivos à compra de elétricos (no valor de 7.500 dólares, aproximadamente 6.825 euros), como também as multas aplicadas a quem não cumpra as metas do CAFE.

O que está em causa

O Corporate Average Fuel Economy (CAFE) foi introduzido em 1975 nos EUA. Em termos simples, enquanto na União Europeia as metas são definidas em termos de emissões de CO₂, nos EUA a indústria automóvel é avaliada por consumo médio de combustível.

Em 2024, a média de consumo exigida à indústria era de 49,2 milhas por galão (mpg), o mesmo que 4,78 litros aos 100 km. E tal como acontece no cálculo de emissões da União Europeia, para o cálculo também entram os elétricos, e os fabricantes em incumprimento dos objetivos incorrem em multas.

O modelo de negócio para empresas como a Tesla é simples: vender créditos de emissões excedentes a fabricantes em incumprimento, permitindo-lhes evitar multas. E com a produção crescente de veículos elétricos da marca liderada por Elon Musk, a venda de créditos chegou a representar quase um terço da receita anual da empresa.

No entanto, com a aprovação da nova medida, não só o subsídio à compra de veículos elétricos será eliminado, como também as multas que incentivavam a compra destes créditos.

  • Soma de emissões pode trazer milhões para a Tesla

    ID: 204412 | 3180828506

De mal a pior

A Tesla enfrenta agora um dos maiores desafios da sua história recente. Além da atual quebra global de vendas, a imagem da marca continua prejudicada pelo envolvimento político do CEO, Elon Musk.

Gordon Johnson, analista da LJ Research, afirmou: “Estas vendas de créditos regulatórios são a razão pela qual a Tesla existe hoje”. “Sem a venda de créditos regulatórios, a Tesla perde dinheiro na sua atividade principal”, disse o analista.

Já os analistas da Wiliam Blair & Co. estimam que a perda desta receita resultará “num impacto direto na rentabilidade da Tesla”. E, juntamente com o fim dos subsídios, acreditam que a procura caia 75% em 2026, antes de desaparecer totalmente em 2027.

Tesla com futuro incerto

A medida implementada reflete uma posição defendida pelo próprio Elon Musk, que apelou ao fim de todos os subsídios governamentais. Mas a decisão poderá ter consequências graves.

Com menos incentivos para os consumidores e o desaparecimento desta receita extra, a Tesla terá de depender exclusivamente das suas vendas para manter a rentabilidade, e essa fonte de receita também não está estável.