Os veículos da tipologia SUV estão a ficar maiores, mas será que estão a ficar grandes demais para as estradas europeias. Um estudo recente da organização Transport & Environment aponta nesse sentido.
Um novo estudo patrocinado pela organização Transport & Environment, que basicamente é contra todos os automóveis em geral e os de combustão em particular vem dizer que os SUV estão a ficar cada vez maiores e demasiado grandes para as cidades europeias e pede aos reguladores para tomarem medidas para solucionar a questão dos veículos cada vez mais volumosos.
A Transport & Environment, organização europeia não governamental, mas financiada pelo orçamento comunitário, afirma ter examinado os números dos novos veículos ligeiros de passageiros e confirma essa tese.
De acordo com a informação recolhida, os automóveis novos crescem um centímetro a cada dois anos. Como conclusão, aquela organização considera que os veículos estão maiores e a ficarem grandes demais não só para as estradas, mas, principalmente, para os lugares de estacionamento no Velho Continente.
A largura média dos carros é superior a 1,80 metros, que é a dimensão típica de um lugar de estacionamento nas ruas europeias. Isto diminui efetivamente a faixa de rodagem utilizável, criando problemas nos centros históricos das cidades com ruas estreitas.
Crescimento generalizado
O estudo aponta alguns exemplos de veículos particularmente largos e surpreendentemente (ou não) todos são SUV. Por exemplo, os modelos da BMW X5, X6, X7 e XM têm todos mais de dois metros de largura, enquanto o Mercedes-Benz GLS, o Audi Q8, o Porsche Cayenne e o Volkswagen Touareg não ficam muito atrás.
Mas os carros familiares também têm vindo a crescer. O Skoda Octavia, que tecnicamente é um carro de segmento C, já tem um comprimento de 4,68 metros e uma largura de 1,82 metros. O carro mais vendido de sempre na Europa, o Volkswagen Golf, tem agora um comprimento de 4,28 metros contra os 3,7 metros do primeiro Golf.
Impacto na segurança
O crescimento contínuo não se deve apenas à procura de carros mais espaçosos, mas também é influenciado pelas novas normas de segurança mais exigentes. Um exemplo consiste nos pilares mais largos dos veículos atuais em comparação com aqueles de algumas décadas atrás.
Como o legislador exige mais equipamentos de segurança, os fabricantes tiveram de encontrar um espaço adicional para instalar o hardware. O crescimento das dimensões é acompanhado por um aumento de peso, que tem um impacto negativo na eficiência do veículo, o que se reflete no consumo de combustível e nas emissões de dióxido de carbono.
Uma das tipologias de veículos que se enquadram nesta tendência são os SUV. Os automobilistas não páram de os comprar e os fabricantes não hesitam em satisfazer a procura.
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Por outro lado existe uma preocupação crescente relacionada com a segurança. Um estudo do Instituto de Segurança Rodoviária da Bélgica aponta alguns resultados preocupantes. Os acidentes com colisão registados na Bélgica entre 2017 e 2021 indicam que o crescimento da altura da secção frontal do veículo até 10% aumentou o risco de acidente fatal com peões ou ciclistas até 30%.
Em entender da Transport & Environment, a tendência de aumento das dimensões dos veículos só será contrariada se o legislador europeu implementar restrições.