Despede-se o Verão, chegam os dias em que nos voltamos a sentir bem a Sul. O Sul azul. O Sul dourado pelo sol que agora se apaziguou. O Sul (ainda) das tardes mornas que transportam a nostalgia de sabermos que a espera vai ser longa demais até que tudo recomece. O Alentejo, agora clemente, o Algaver tranquilo, voltam a apetecer.
Com o patrocínio:
Se há alguns meses mergulhámos a Sul pela Costa Vicentina, desta vez propomos-lhe a rota mourisca que acompanha a raia fronteiriça – uma certa linha de estrada quase deserta onde o rádio do carro quase só “fala” castelhano e a antena do telemóvel teima em fixar-se nas redes espanholas. Quem é daqui, os poucos que por cá permanecem, já não estranha. “Ao domingo a gente vai ao outro lado comprar uma coisita ou outra e eles vêm cá fazer o mesmo”.
A partir de Lisboa percorremos a A2 durante 180 quilómetros para tomarmos a saída de Castro Verde, primeiro ponto de paragem. O melhor é estacionar o carro, percorrer a pé as ruas estreitas com as casas brancas e azuis tipicamente alentejanas muito bem cuidadas. Suba até à Basílica Real de Nossa Senhora da Conceição, obra magnífica do Barroco português, mandada edificar em 1717 para homenagear a vitória lusitana na Batalha de Ourique. Um pouco mais para a direita, podemos visitar a Igreja das Chagas do Salvador, mais conhecida por Senhora dos Remédios, e aproveitar para tomar um café no largo contíguo.
CASCATAS E CONTRABANDISTAS




















Ao retomar a estrada seguimos pela N123 rumo ao Parque Natural do Vale do Guadiana. Mais do que a sucessão invulgar de curvas para estas paragens, destaca-se a visita (o desvio vale bem a pena) à maior cascata a Sul: o lugar de Pulo do Lobo, bem marcado na estrada mas apenas alcançável através de uma estrada em terra, primeiro e, depois, a pé, para aqueles a quem não basta ver ao longe as águas do Guadiana precipitarem-se de uma altura de 20 metros. Enquanto no inverno o estreitar abrupto da formação granítica dá origem ao espetáculo poderoso das águas a precipitarem-se na bacia que, na primavera há-de acolher os sáveis para a desova, agora o ténue fio que corre lá em baixo deixa parecer um pouco mais real a lenda (seria mais do que isso?) de que outrora esse era o ponto de fuga dos contrabandistas da região.
Sempre pelo IC 27, através do Parque Natural, chegamos a Mértola, 18 quilómetros depois e abrimos a boca de espanto. Mértola é um desses tesouros escondidos que depressa nos fascina. A sua história explica a pujança da sua arquitetura dominada pelo castelo que desde sempre protegeu a vila contra as constantes investidas de que foi alvo, dada a sua importância estratégica para e economia da região. As referências às sucessivas ocupações perdem-se nos tempos. Primeiro os Fenícios e Cartagineses, depois Suevos e Visigodos elevaram Mértola à categoria de um dos portos fluviais mais relevantes na região sul da Península Ibérica. Algo que foi potenciado durante a longa presença muçulmana, durante a qual, por duas vezes, Mértola chegou a ter o estatuto independente de Emirado Islâmico.
Primeiro, após a queda do Califado de Córdoba (1031) e mais tarde, depois de se libertar da Taifa de Sevilha, em 1151 – 72 anos antes de ser tomada pelas forças de D. Sancho II. Até ao Século XVI, Mértola continuou pujante, reforçando a sua posição estratégica no comércio ibérico, mas essa situação viria a alterar-se durante todo o período dos Descobrimentos portugueses e até finais do século XIX. É nessa altura que entram em funcionamento as Minas de São Domingos que até meados do século XX formaram a base da próspera economia de toda esta vasta região a sul de Beja.
Muito bem cuidada, com recantos e paisagens que nos convidam a imaginar o quotidiano de outras épocas e outros povos, a “Capital da Caça” brinda-nos, ainda, com uma gastronomia incontornável, sendo impossível eleger este ou aquele nome, pois comer e atender bem parece ser ponto de honra dos inúmeros restaurantes e tasquinhas existentes.
Ao deixar Mértola, pela N122, atravessando a ponte medieval não deixe agora de contemplar à distância a forma criteriosa como a vila foi sendo construída dentro dos muros que a protegeram das sucessivas ameaças. Prossiga viagem até Alcoutim, breve ponto de paragem a menos de 40 quilómetros de distância, onde o Rio Guadiana concretiza o falso divórcio entre portugueses e espanhóis. Basta, aliás, olhar o rio e logo se percebe que o “trânsito” entre Alcoutim e Sanlucar de Guadiana é uma espécie de ponte invisível a que os povos das duas margens há muito se acostumaram. Se no Verão as areias brancas da Praia Fluvial convidam a (pelo menos) ouvir o murmúrio das águas cristalinas, agora sabe bem a leitura do jornal pela manhã numa das esplanadas debruçadas sobre o rio.
COM O GUADIANA DE COMPANHIA
Desde Alcoutim retome a N122-1 até que esta encontre o IC 27 que, 38 quilómetros depois, nos permite alcançar Castro Marim, já no Algarve. A estrada está em perfeito estado mas se tiver coragem e quiser fugir da monotonia, deslize ao longo das margens do Guadiana, por uma estrada estreia mas de paisagens lindíssimas, que o vai conduzir primeiro a Guerreiros do Rio e depois à Foz do Odeleite, rio que mais à frente forma uma lindíssima albufeira que convida a apreciar o cair da tarde.
Quase sem nos darmos conta chegamos a Castro Marim que, ao longe se faz anunciar pela imponência do Forte de S. Sebastião. Paredes meias com Espanha, a vila teve no passado uma enorme importância, de que é testemunho o vasto património arquitetónico onde se destaca a Igreja de Nossa Senhora dos Mártires. O seu apogeu, porém, acontece, entre 1319 e 1356 quando é investida na qualidade de sede da Ordem de Cristo, no único período em que esta ordem não esteve sediada em Tomar.
Ao redor de Castro Marim a diversidade de motivos de interesse é outro dos pontos fortes deste concelho. Os amantes da natureza vão deslumbrar-se com a riqueza da fauna e flora da Reserva Ecológica do Sapal de Castro Marim, enquanto os praticantes de golfe encontram num raio de menos de um quilómetro dois percursos desenhados para desafiar mesmo os mais aptos.
Mesmo que as folhas do calendário o desincentivem, a realidade, porém, dá uma boa oportunidade a uma tarde passada numa das magníficas praias da região. É por esta altura que, como já percebeu, nos apetece ir ficando pelo Algarve e, por isso, é-nos difícil recomendar este ou aquele poiso. Uma coisa é certa: fugimos de Monte Gordo que o turismo descontrolado dos anos 90 deixou estragar e passamos bem ao lado de Manta Rota (…) para não corrermos o risco de encontros indesejados. Ficamos (muito bem) na Praia Verde, uma extensão de areia magnífica onde não conseguimos dizer se preferimos um passeio matinal (ou de final de dia) ou um almoço no restaurante (obrigatório) Pezinhos da Areia.
Se não entende por que lhe dizem que o Sul tem um fascínio incomparável por esta altura, vá e diga-nos.
PEUGEOT 508 SW – AINDA MELHOR















Dizer que o Peugeot 508 SW se renovou obriga a que se acrescente algo mais. Gostávamos já tanto desta “carrinha” (imagem, capacidades dinâmicas, conforto e qualidade) que temíamos pelo resultado de qualquer intervenção.
Mas, de novo, o resultado é surpreendente. A frente foi redesenhada ao nível dos faróis (que podem receber a tecnologia LED), do “capot” e, principalmente, da grelha que assume uma postura mais vertical e passa a exibir, com orgulho compreensível, o Leão em posição de destaque. Alterações importantes são notadas, também, no interior. Desde logo com a utilização de materiais de ainda maior qualidade e de mais locais para arrumar pequenos objetos. Porém, o que mais se saúda é a incorporação de todas as novas tecnologias que a Peugeot estreou no 308, como o Peugeot i-Cockpit que nos transmite uma sensação de espaço e funcionalidade arrebatadora. Tudo está, na realidade, no campo de visão de quem conduz e, principalmente, ao alcance de um dedo. O novo display, na consola central, concentra todas as funções de condução e permite-nos dispor de uma verdadeira central multimédia de interconexão com o nosso smartphone.
O Peugeot 508 SW está ainda mais talhado para as longas viagens em família. Ao espaço e conforto adiciona, portanto, funcionalidades de real utilidade (como a câmara de marcha atrás) e dispositivos de segurança com provas dadas, como o avisador de transposição involuntária de faixa de rodagem. Quanto ao motor turbodiesel de 2.0 litros com 150 CV, é um frugal devorador de quilómetros, mantendo com facilidade um ritmo elevado de viagem para no final nos surpreender com consumos que facilmente se situam abaixo dos 7 litros aos 100 quilómetros, mesmo em trajetos sinuosos.
ESTAR EM CASA… NO HOTEL








O sumo de laranja é natural!!! O sublinhado impõe-se porque são raríssimos os hotéis de cinco estrelas, na terra das laranjas, que ao pequeno-almoço não se limitam a disponibilizar sumos em pó. Desculpem mas como meço a qualidade de um hotel pelo pequeno almoço e pelo conforto da cabine de duche tenho que repetir: o sumo de laranja é natural (e a qualidade da cabine de duche fantástica).
Aliás, o conforto e o arranjo das 40 suites do Boutique Hotel Praia Verde em momento algum deixam transparecer que não estamos perante uma unidade de cinco estrelas. O enquadramento paisagístico é excelente e o conforto das estruturas de apoio irrepreensível, a começar pelo bar exterior, passando pela piscina e pela sala de refeições. Pena só que seja um pouco distante da praia mas… o passeio é agradável. E a cereja no topo: a simpatia, eficácia e disponibilidade de toda a equipa. Faz-nos sentir em casa.
Artigo publicado na Revista Turbo 398, de Novembro de 2014