Stellantis: novo CEO vai decidir continuidade de 14 marcas

Depois de Carlos Tavares ter dado um prazo de 10 anos a todas as marcas do grupo para se tornarem rentáveis, eis que, saído o português, a Stellantis volta a confrontar-se com a necessidade de reavaliar a sobrevivência das suas 14 marcas automóveis. Sendo que, neste momento, nem todas parecem ter o futuro assegurado...

Depois dos resultados financeiros relativos ao primeiro semestre de 2024 terem confirmado uma queda nos lucros de quase 50 por cento (48%), isto numa altura em que o grupo procura também procura novo CEO, a Stellantis volta a ser, mais uma vez, confrontada com a impreterível necessidade de se repensar.

Agora com o Chairman John Elkann aos comandos de um transatlântico que leva a bordo, nada mais, nada menos, que 14 marcas automóveis, às quais se juntam ainda várias empresas de peças, acessórios e outras, são cada vez mais as notícias que apontam no sentido da reavaliação da capacidade de todas estas empresas terem, efetivamente, um futuro.

Entre as principais interrogações, surgem emblemas como a Lancia, a Maserati, a DS Automobiles ou até mesmo a Alfa Romeo, isto num grupo automóvel em que, segundo estima a agência noticiosa Reuters, apenas a Peugeot e Fiat, com 20% das vendas cada, além a Jeep, com 15%, parecem conseguir funcionar como verdadeiros motores, para o crescimento da Stellantis.

Quanto a marcas americanas como a RAM, a Dodge ou a Chrysler, embora muito limitadas aos mercados da América do Norte, apresentam performances distintas, com a RAM a assumir-se como uma campeã de vendas, em particular, no segmento das pick-ups, enquanto a Dodge e a Chrysler apenas tentam manter a cabeça fora de água. Isto, depois de, no ano passado, terem ficado abaixo das 150 mil unidades comercializadas cada, o que faz com que não valham mais que 3% das vendas totais do grupo.

Novo CEO com papel decisivo

Entretanto e ao mesmo tempo que é colocado perante esta encruzilhada, John Elkann tem entre mãos a escolha, importantíssima, daquele que será o sucessor de Carlos Tavares. E que, segundo revelou à Reuters uma fonte familiarizada com o pensamento do Chairman, terá de surgir com uma ideia precisa sobre o que fazer com as marcas automóveis do grupo, sob pena de, no entender de Elkann, “não ser o candidato certo”.

Em declarações à mesma agência, Fabio Caldato, da Acomea SGR, um dos accionista de referência na Stellantis, veio já defender que o próximo CEO deve “estar pronto para tomar decisões fortes” e “rever o portfólio” do grupo”. Posição que, no entanto, acabou tendo uma resposta da parte da própria Stellantis, que, em comunicado, garantiu estar “focada em fornecer ainda mais opções aos seus clientes, aproveitando a profunda história e as fortes identidades das suas 14 marcas”.

Fim anunciado?...

Neste esforço que se antevê quase hercúleo, a Europa surge como um desafio ainda mais difícil do que os EUA, não apenas porque marcas como a Peugeot e a Opel parecem disputar quase os mesmos clientes, no segmento generalista, mas também e principalmente, porque emblemas como a Alfa Romeo, a Lancia e a DS, todas elas centradas no Velho Continente, não conseguiram mais do que uma quota de mercado de 0,3%, em 2024. Valor bem diferente do obtido, por exemplo, pela Peugeot, que representou um quinto das vendas globais do grupo.

Seja como for, para Marco Santino, da consultora Oliver Wyman, “os mercados estão a mudar rapidamente e de forma menos previsível do que pensávamos”. Pelo que, acrescenta, em declarações reproduzidas na Automotive News Europe, “talvez ainda não, mas dentro de alguns anos, chegará o momento em que a Stellantis terá de fechar a porta a algumas marcas”.