Som adaptativo para elétricos vale prémio a projeto português

O projeto de Raquel Esteves, uma investigadora da FEUP, propõe sons adaptativos para carros elétricos. A solução alia segurança, conforto e a redução do ruído urbano.

Raquel Esteves, investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), desenvolveu um sistema de sonoro adaptativo para veículos elétricos.

Este sistema adapta-se ao ambiente, protegendo peões e melhorando a experiência de condução, com o objetivo de evitar a poluição sonora nas cidades.

O projeto foi distinguido com o prémio “Best Overall Student Paper”, atribuído no âmbito da conferência “Noise and Vibration Conference Exhibition” da SAE International, que decorreu nos Estados Unidos.

Som inteligente adaptável ao ambiente

O artigo premiado, baseado na dissertação de mestrado de Raquel Esteves, apresenta um sistema que adapta o som dos veículos elétricos ao ambiente envolvente.

Em ambientes naturais, o sistema emite sons suaves e melódicos, minimizando a intrusão sonora. Já em zonas urbanas, as frequências tornam-se mais audíveis, mantendo-se equilibradas para não incomodar os peões.

Os sons exteriores têm como principal objetivo alertar para a presença do veículo e adaptam-se automaticamente ao número e tipo de elementos detetados no ambiente, sejam pessoas ou animais.

Testado com simulações em 3D

Para testar o sistema sonoro adaptativo, a investigadora recorreu a uma simulação desenvolvida através do Unity, um motor de desenvolvimento frequentemente utilizado em videojogos e simulações 3D, e criou uma plataforma digital interativa.

A experiência interativa foi testada por utilizadores de diferentes faixas etárias, e os testes incluíram simulações realistas em cenários urbanos e naturais, tanto na perspetiva do peão como do condutor.

Os testes concluíram que, em ambientes naturais, os sons discretos e harmoniosos são mais eficazes, enquanto em zonas urbanas já funcionam melhor os sons de baixa frequência, mas equilibrados.

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Percurso multidisciplinar

Licenciada em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, a investigadora aprofundou o design sonoro no Mestrado em Multimédia da FEUP. Desse mestrado, resultou este trabalho que foi orientado por Gilberto Bernardes e coorientado por Eduardo Magalhães.

Atualmente, é investigadora do Digital and Intelligent Industrial R&D Lab (DIGI2), do Centro de Investigação em Sistemas e Tecnologias da FEUP, onde continua a investigar sistemas sonoros inteligentes aplicados à mobilidade elétrica.

“A cidade não tem de ser sinónima de barulho. Com som inteligente, é possível transformar o quotidiano urbano numa experiência mais segura, confortável e até poética,” defende a investigadora, em declarações ao portal noticioso da Universidade do Porto.