Reino Unido admite “cortar” nos subsídios à Tesla

O governo britânico poderá cortar os subsídios à aquisição de veículos elétricos da Tesla como retaliação às tarifas impostas pela administração Trump aos modelos da Jaguar Land Rover, Rolls-Royce e Aston Martin.

O Reino Unido está a trabalhar intensamente com os Estados Unidos para assegurar uma exceção às tarifas norte-americanas de 25% sobre os automóveis e pode rever os subsídios de que beneficiam os Tesla para, assim, apoiar a sua indústria, segundo afirmou a ministra das Finanças britânico, Rachel Reeves.

A governante alega que o Reino Unido deve ficar de fora de quaisquer tarifas globais porque os dois países têm excedentes comerciais entre eles devido a diferenças de avaliações.

Rachel Reeves alerta que Londres poderá rever o programa de incentivo à aquisição de veículos elétricos que tem dado subsídios à Tesla, detida pelo aliado de Donald Trump, Elon Musk. O Canadá, recorde-se, congelou recentemente o pagamento das deduções fiscais à Tesla.

Inquirida se o Reino Unido poderia salvar das tarifas fabricantes como a Jaguar Land Rover, Rolls-Royce, respondeu que é nisso que se está a trabalhar. “Temos ainda alguns dias de negociações antes das tarifas entrarem em vigor”.

Evitar guerra comercial

As novas tarifas vão ser aplicadas a partir de 3 de abril, um dia depois de Donald Trump anunciar o lançamento de tarifas recíprocas aos países que acusa de serem responsáveis  por grande parte do défice do comércio externo norte-americano.

Em declarações à imprensa britânica, Rachel Reeves alertou que as tarifas norte-americanas podem ameaçar o crescimento económico do Reino Unido, mas sublinhou que não quer fazer nada que possa escalar nua guerra comercial.

Segundo maior importador de automóvei britânicos

Os Estados Unidos são o segundo maior importador de veículos produzidos no Reino Unido, a seguir à União Europeia. “As guerras comerciais não são boas para ninguém”, salienta Rachel Reeves. “Estamos a trabalhar para tentar alcançar um bom acordo para o Reino Unido. Reconheço como isto é importante”, acrescentou.

Por sua vez, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer adiantou que o Reino Unido irá continuar a manter todas as opções em cima da mesa em relação à sua resposta às tarifas. “A indústria não quer uma guerra comercial mas é importante ter todas as opções em aberto”, referiu o governante.

Os Estados Unidos são o segundo maior importador de veículos produzidos no Reino Unido depois da União Europeia, com uma quota de quase 20%, segundo indicam as estatísticas oficiais da SMMT.

Rachel Reeves, que tem procurado fazer a economia desde que foi eleito em julho passado o Governo do Partido Trabalhista, também sugeriu que os apoios concedidos aos veículos da Tesla poderiam ser revistos no Reino Unido.

Como marca que só comercializa veículos elétricos, pode vender os créditos excedentários às empresas que procuram cumprir os objetivos de vendas de veículos elétricos definidos pelo Executivo. “Estamos a procurar alcançar um objetivo de veículos de emissões zero e por isso é que algum do dinheiro vai a Tesla e também estamos a procurar ver como apoiar melhor a indústria automóvel no Reino Unido”.