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Ford Ranger Raptor 2.0 EcoBlue 210 cv. Prós e contras do diesel

Texto: Carlos Moura
Data: 29 de Setembro, 2024

Com uma imagem exterior e interior idêntica à Ranger Raptor V6 a gasolina, a versão diesel desta pick-up de cabina dupla perdeu em potência e em prestações extremas em fora de estrada, mas ganhou em preço de aquisição e custos de utilização. Será que os prós compensam os contras? 

Mais de um ano após o lançamento da Ranger Raptor com motor a gasolina V6 3.0 EcoBoost com 292 cv, a Ford reforçou a oferta desta sua pick-up mais radical com a aguardada motorização diesel, a qual se carateriza por um preço de venda ao público inferior em mais de 11 mil euros e também custos de utilização mais baixos devido, sobretudo, a um menor consumo de combustível.

Para a Ranger Raptor diesel, a opção da Ford recaiu no motor biturbo de 2,0 litros com 210 cv da geração anterior, associada à uma caixa automática de dez velocidades e não no novo bloco V6 de 3,0 litros EcoBlue com 240 cv que está disponível nas versões Wildtrak e Platinium.

Relativamente à congénere a gasolina da Raptor, a versão diesel perde 82 cv na potência máxima, mas ganha em binário, 500 Nm entre as 1720 rpm e as 2000 rpm contra 491 Nm às 2300 rpm.

Lamentavelmente, a Raptor diesel também perdeu algumas das “diabólicas” funcionalidades da versão a gasolina como o sistema de escape de válvulas ativas, o sistema de anti-inércia dos turbos, o launch control, o bloqueio de diferencial ou os amortecedores Fox Live Valve. Este últimos foram substituídos pelos mesmos amortecedores Fox Position Sensitive da geração anterior. 

Eficaz em todo-o-terreno

Apesar de não proporcionar o mesmo comportamento dinâmico da versão V6 a gasolina, designadamente a melhoria da suavidade na passagem sobre as lombas à medida que a velocidade aumenta, a suspensão continua a proporcionar excelentes prestações nas condições mais extremas em fora de estrada.

Em termos dinâmicos, a Raptor diesel não oferece a mesma aceleração da sua congénere a gasolina, mas mesmo assim consegue ir dos 0 aos 100 km/h nuns respeitáveis 10,5 segundos, valor que não deixa de ser interessante para um veículo que pesa em vazio quase 2,5 toneladas.

Por outro lado, mantém quase as mesmas credenciais em fora de estrada e nalgumas situações até supera, graças à maior disponibilidade de binário a baixas rotações. 

Para vencer as mais diversas situações em todo-o-terreno, esta pick-up de cabina dupla com um comprimento exterior de 5,36 metros, uma largura de 2,03 metros e uma distância entre-eixos longa de 3,27 metros, conta com ângulos específicos de ataque (32º), saída (24º), ventral (24º), altura ao solo de 26,5 centímetros.

Apoios à condução

Os diferentes programas de condução da caixa automática de dez velocidades são selecionados por uma alavanca “by-wire”, que não é muito prática de utilizar em manobras, já que demora muito a responder.

Para auxiliar na condução nas mais diversas situações com com sete programas, desde os tradicionais Normal e Sport, passando pelo Escorregadio, Lama, Areia, Pisos Rochosos e Baja, que são ativados através de um comando localizado entre os bancos dianteiros.

Cada um ajusta um número de componentes: motor, transmissão, sensibilidade e calibração do ABS, controlos de tração e estabilidade, acionamento da válvula de escape, e resposta da direção e do acelerador. Um comando giratório permite escolher o tipo de tração pretendido: 4H (tração permanente às quatro rodas), 4A (tração integral com diferencial central), 4L (relação final curta), 2H (tração traseira).

Por outro lado também possível bloquear o diferencial traseiro através do ecrã da consola central ou ativar o sistema de assistência ao controlo nas descidas.

Para uma utilização quotidiana, a Ranger Raptor diesel oferece uma vantagem competitiva significativa que consiste num menor consumo de combustível. Durante o ensaio, o computador de bordo registou uma média combinada de 11,5 l/100 km contra os 18,7 l/100 km da versão V6 3.0 EcoBoost.

Com o objetivo de auxiliar o condutor, a Ranger Raptor conta com vários sistemas de assistência, destacando-se o detetor de ângulos mortos, regulador adaptativo da velocidade de cruzeiro, reconhecimento de sinais de trânsito, sistema de estacionamento automatizado, travagem pós-colisão, travão de estacionamento elétrico, entre outros.

Procurar as diferenças

Com o motor desligado é impossível distinguir a versão a gasolina e a diesel, com exceção da ausência das ponteiras cromadas do escape. A secção frontal é dominada pela ampla grelha escura com a palavra “Ford”, enquanto os guarda-lamas alargados, os faróis em forma de “C” e o imponente pára-choques transmitem um visual robusto e musculado. 

As entradas de ar no capot, os estribos laterais em alumínio fundido, a placa de proteção inferior sublinham o seu ar radical. Na traseira, as luzes em LED proporcionam uma complementaridade com a estética dianteira, enquanto o degrau central facilita o acesso à caixa de carga, em caso de necessidade. 

A pintura metalizada “Sedona Orange” da unidade ensaiada é opcional, assim como os autocolantes Raptor, as porcas anti-roubo ou o pack exterior Raptor, que inclui barras desportivas e persiana de abertura elétrica.

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A caixa de carga tem as dimensões habituais nas pick-up de dimensões médias com cabina dupla, com um comprimento de 1,64 metros, uma largura de 1,44 metros e uma altura de 51,1 centímetros. A capacidade de carga desta versão está abaixo da média do segmento, com 650 quilos contra os 1000 quilos. O que se ganha em comportamento dinâmico perde-se em carga útil. 

Ambiente premium

O habitáculo também é idêntico ao da versão a gasolina, incluindo os apontamentos em Code Orange no painel de instrumentos, nas saídas da ventilação, no volante. Os materiais utilizados estão mais ao nível de um SUV premium do que de uma pick-up de cabina dupla, justificando assim um preço de venda ao público a partir de 74 413 euros.

O painel de instrumentos e o topo dos painéis das portas estão cobertos por camurça suave, mas resistente e de fácil limpeza, com acabamento mate para reduzir o brilho e aumentar a sensação premium. 

O painel de bordo é dominado por um quadro de instrumentos digital de 12,4” e por um ecrã tátil vertical de 12”, que conta com a mais recente geração do sistema multimedia SYNC4, que funciona bem e o grafismo não é demasiado confuso. Os comandos do ar condicionado bizona, que é de série, estão a cargo de botões físicos, localizados na consola central. 

O equipamento completo é um dos argumentos da Ranger Raptor diesel, não faltando os bancos dianteiros elétricos aquecidos ajustáveis em dez posições, a câmara de 360º, sistema de navegação, sistema de som premium B&O com dez colunas, inversor de potência de 400W, volante multifunções aquecido, entre outros.

Veredicto

Mantendo uma imagem interior e exterior idêntica à da versão a gasolina, a Ranger Raptor Diesel continua a ser uma máquina bastante eficaz em fora de estrada, com a vantagem de apresentar custos de utilização mais baixos, graças a um consumo substancialmente inferior de combustível. 

O prazer de condução mantém-se e apesar de não ser bem o mesmo, constitui uma excelente solução de compromisso, já que aquilo que se perde em potência e em prestações mais radicais em fora de estrada, ganha-se em preço de aquisição e consumo de combustível. Uma diferença superior a 11 mil euros no valor da compra e de 8,0 l/100 km poderá levar a razão a levar a melhor sobre o coração.

Ford Ranger Raptor 2.0 EcoBlue 210 CV

Preço 74 413€ (78 676 € versão ensaiada)

Motor Diesel 4 cil, 1996 cc
Potência 210 cv às 3750 rpm
Binário 500 Nm às 1750 – 2000 rpm
Transmissão Auto, 10 vel
Tração 4WD
Peso 2488 kg
Comp./Larg./Alt. 5,36/2,03/1,93 m
Dist. entre eixos 3,27 m
Carga útil 652 kg
Desempenho 10,5 s 0-100 km/h; 180 km/h Vel. Máx.
Consumo 10,6 (11,5*) l/100 km
Emissões 278 g/km

* Medições Turbo

GOSTÁMOS

– Fora de estrada
– Consumo
– Equipamento

NÃO GOSTÁMOS

– Seleção modos tração
– Habitabilidade traseira
– Preço