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Ford Ranger Raptor em ação. Veja este video!

Texto: António Amorim
Data: 16 de Julho, 2019

Não é barata, mas há uma razão. A Ford Ranger Raptor faz o que muito poucos veículos de todo-o-terreno conseguem, por muito radicais que sejam. Veja só estas imagens!

A aparência bélica não engana mesmo nada. Esta não é uma Ford Ranger qualquer. É a versão mais preparada possível para a prática do todo-o-terreno puro e duro, mas com velocidade associada. Dois objetivos aparentemente incompatíveis, que a Ford Performance, com muito engenho, um bom trabalho de Design e a ajuda de componentes de topo, conseguiu atingir.

Com base na sua experiência nas corridas no deserto, como as Bajas americanas, e inspirada no modelo original Raptor F150, a divisão desportiva da Ford teve luz verde para fazer esta pick-up totalmente descomprometida.

O preço final de 64 mil euros previsto para Portugal, onde chega em junho, parece elevado, mas só para quem não andou com este veículo em situações verdadeiramente exigentes pelas dunas, praias e trialeiras marroquinas, em pisos de areia, gravilha, pedras e calhaus, a velocidades totalmente impossíveis para qualquer veículo menos preparado.

A explicação para as tremendas aptidões desta pick-up começa desde logo na sua aparência, que não é musculada, alta e imponente apenas por acaso.

A forma serve a função em cada detalhe, a começar pelos pneus de série BF Goodrich de trilho agressivo e paredes reforçadas contra impactos em pedras e obstáculos, e a acabar no sofisticado sistema eletrónico de programação do chassis, com seis modos de condução, incluindo um novo modo “Baja”, especialmente vocacionado para a tal equação do todo-o-terreno com velocidade.

Pelo meio, encontramos o motor turbodiesel de 2.0 litros e quatro cilindros Ecoblue, equipado com dois turbos, um fixo de baixa pressão e outro de geometria variável e alta pressão, conjugados com a injeção direta common rail de alta pressão com injetores piezo e cabeça multiválvulas. O rendimento acusa 500 Nm de binário disponível entre as 1750 e as 2000 rpm, para uma potência máxima de 213 cv. Mais do que o suficiente para evoluir com garra pelo meio das pedras e buracos sempre com força de reserva sob o pedal.

Isto também acontece assim porque o motor está aqui conjugado com a excelente caixa automática de dez velocidades de origem Ford, com modo manual sequencial e patilhas no volante, muito útil para atravessar zonas de areia solta mantendo a rotação alta e com a ajuda do trilho destes pneus, que nem sequer necessitaram de pressão reduzida para atravessar esse tipo de situações.

O sistema de tração é outra grande ajuda para todas as situações, ao permitir a seleção manual de tração traseira ou integral, para altas e baixas, com possibilidade de bloqueio do diferencial traseiro. Existe ainda um diferencial central de controlo eletrónico que permite a evolução em 4x4 no asfalto.

Associadas a estas capacidades “de origem” da Ford Ranger surgem depois os decisivos aperfeiçoamentos aplicados pela Ford Performance, que fazem toda a diferença. Destacamos como principal a suspensão de longo curso Fox Racing, a envolver amortecedores especiais que asseguram mais 30 por cento de curso do que na Ranger normal e com válvulas especiais que lhes permitem ser macios no asfalto e sólidos a absorver os impactos mais bruscos, assim como os triângulos dianteiros mais longos e leves. A suspensão traseira é também totalmente diferente, mantendo o eixo rígido mas com um esquema multibraço de maior curso e molas helicoidais.

Todo o chassis foi reforçado contra impactos no todo-o-terreno, existindo também no ventre da Raptor espessas placas de aço para proteção inferior, bem visíveis à frente e na traseira.

As vias alargadas e as grandes rodas ditaram um alargamento dos guarda-lamas e respetivas proteções plásticas, tudo conjugado com esta frente específica da Raptor, com grelha inspirada no modelo original americano Raptor F150 e com guarda-lamas reforçados e de aparência mais musculada.

Os travões são também diferentes para muito melhor, com discos de maior medida e também com discos nas rodas traseiras.

O resultado de todos estes melhoramentos vê-se a olho nu, com a Raptor a mostrar uma postura corpulenta, bastante maior que a Ranger original em todas as medidas, incluindo nos decisivos ângulos de todo-o-terreno e, acima de tudo, na distância ao solo, que cresceu 5,1 cm, para os 283 mm, o que lhe permite, por exemplo, atravessar cursos de águs com 85 cm de profundidade.

No habitáculo também há elementos de diferenciação importantes, em especial os bancos da frente, de espuma reforçada e mais apoio lateral, mas também revestidos com uma camurça especial que assegura maior aderência ao corpo.

É por tudo isto que, numa Raptor, é muito mais fácil, seguro e divertido evoluir depressa em caminhos de cabras, ou mesmo no asfalto, onde o ruído de rolamento destes pneus é surpreendentemente baixo, o doseamento e consistência dos travões nos coloca um sorriso na cara e o trabalho da suspensão nos permite brincar com as curvas de uma forma totalmente inesperada para um veículo tão pesado (2500 kg) e alto (1,87m). São 64 mil euros mas percebe-se onde está o dinheiro.

A Ford Ranger Raptor é aquele tipo de veículo que nenhum verdadeiro amante dos “puros e duros” pode deixar de considerar.