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No berço do Mercedes Classe G

Texto: Ricardo Machado
Data: 26 de Setembro, 2018

De pilhas de motores V8 AMG a máquinas de costura, há de tudo um pouco nas linhas de montagem do Mercedes Classe G na Magna Steyr. Fomos até Graz, na Áustria, para conhecer em pormenor aquele que é, provavelmente, o último dos jipes puros e duros.

Não é todos dias que nos abrem as portas de uma linha de montagem. Muito menos sem ter de entregar smartphones, tablets e tudo quanto possa esconder uma câmara e ter de assinar uma declaração em como não se vai publicar nenhuma imagem não autorizada. Foi uma surpresa e por isso deixamos escapar a oportunidade de fotografar um conjunto de chassis de longarinas à espera de vez para entrar na linha de montagem.

Ter autorização para fotografar e fazer boas fotos com o telemóvel a partir de um carrinho de golf em movimento constante dentro de uma nave industrial fechada são situações distintas. Fizemos o possível para documentar a forma artesanal como um dos últimos jipes puros e duros vai ganhando forma ao longo de três linhas de montagem paralelas.

O ritmo é tranquilo, 50 a 80 jipes por dia, de segunda a sexta, divididos por dois turnos de laboração, mas nem por isso as linhas de montagem ou o nosso motorista param. Uma pena, porque entre nós e os futuros G apareceram sempre funcionários ou carrinhos carregados de componentes.

É o paraíso dos adeptos da mecânica. Ao chassis em branco, neste caso em preto, começam por chegar os elementos da suspensão. Depois montam a transmissão, seguida pelo motor e linha de escape. E o que dizer de uma muralha de blocos V8 AMG com quatro andares de altura e vários metros de comprimento? Ficamos sem palavras…

Depois de uma série de estações onde são adicionados os mais variados periféricos e complexas redes de cablagem, o chassis casa com a carroçaria. Foi a única altura em que nos pediram para não fotografar. Motivo? A linha de montagem não distingue as versões civis das militares e as últimas são secretas… Deve ser por serem bem mais espartanas que as civis.

Os bancos são dos últimos elementos a entrar e são alvo de um cuidado especial ou não fossem inteiramente feitos na Magna Steyr. Da estrutura interna à pele do revestimento, tudo é montado, cortado e costurado à máquina numa secção específica da vasta zona ocupada pela Mercedes nas instalações da Magna Steyr.

Depois de uma produção tão rigorosa e atenta à mais pequena falha, até custa lançar um G 500 de forma desenfreada montanha abaixo. No entanto, foi o que o nosso condutor fez. Teve o cuidado e explicar que não é assim que se deve conduzir fora de estrada, ressalvando que se o fizermos com um Classe G não há problema de maior. E não houve, nem se espera que venha a haver, porque as unidades onde fomos conduzidos vão sofrer o mesmo tratamento durante as próximas cinco semanas.