O custo milionário e vida reduzida dos motores de Fórmula 1

Os motores de Fórmula 1 atingem potências acima dos 1.000 cv, mas duram menos do que o do nosso carro. E o custo de cada unidade é igualmente surpreendente.

Na Fórmula 1, a engenharia dos motores atinge níveis inimagináveis. As unidades motrizes atuais são blocos V6 híbridos turbocomprimidos, com apenas 1,6 litros, capazes de gerar mais de 1.000 cavalos de potência.

Mas apesar apesar desta tecnologia de ponta, um motor dura, em média, sete a oito corridas. São cerca de 2.400 km, considerando oito provas de 305 km, sem contar as sessões de treinos e qualificações.

Custo dos motores de Fórmula 1

Segundo a Jalopnik, cada motor custa entre 10,01 e 14,56 milhões de euros. Com quatro unidades atualmente permitidas por temporada, o gasto anual situa-se entre 40,04 e 58,24 milhões de euros por equipa.

Importa relembrar que todas as equipas estão limitadas por um teto orçamental de 122,85 milhões de euros. Contudo, este não inclui os motores.

2025 British Grand Prix - Kimi Antonelli
@CALLOALBANESE

Custos de desenvolvimento astronómicos

Segundo o ex-piloto Scott Mansell, através no seu canal no Youtube Driver61, em 2023 as equipas gastaram cerca de 14,56 milhões de euros na compra de motores, quando ainda vigorava o limite de três unidades por época.

Mas isto é nada comparado com os custos de desenvolvimento. Um artigo da Forbes, publicado em 2019, estimou que o custo de desenvolvimento de um motor de F1 pudesse atingir 1,274 mil milhões de euros, usando como exemplo o V6 da equipa Mercedes-AMG Petronas F1 Team.

Engenharia de precisão e tolerâncias mínimas

Não é difícil compreender por que razão os custos dos motores de F1 disparam durante o seu desenvolvimento.

O design e fabrico de um motor de Fórmula 1 exige tolerâncias medidas em micrómetros, e cada componente é inspecionado com rigor e consoante os parâmetros impostos pela FIA e as rigorosas condições de funcionamento.

De acordo com Dave Herbert, um engenheiro da Cosworth que Scott Mansell entrevistou no vídeo How Formula 1 Pistons Are Made, até segurar num pistão durante dez segundos pode fazê-lo sair da tolerância para o seu funcionamento.

Materiais comuns para desempenho extremo

Talvez igualmente notável é como os materiais nos motores de F1 são relativamente comuns.

Os motores dos monolugares que enchem as nossas televisões durante o fim de semana usam ligas de alumínio para o bloco, cárter e pistões; aço para a cambota, bielas e árvores de cames e podem usar ligas de níquel, cobalto, ferro ou titânio para as válvulas.

Até os gloriosos V10, que “gritaram” na pista até 2004, utilizavam materiais semelhantes. A única diferença é que, até esse ano, as equipas podiam usar quantos motores quisessem por época, e eles duravam em média uma corrida.

Hoje, têm alguma ajuda do motor elétrico e bateria. E nos regulamentos que entram em vigor no próximo ano, vão dividir igualmente funções na entrega de potência.

Mas tendo em conta que ainda têm de suportar temperaturas acima dos 1.000ºC, pressões extremas e rotações até 15.000 rpm, é impressionante como duram tanto tempo sob condições exigentes.