Mercedes-Benz prolonga vida útil dos motores de combustão

A Mercedes-Benz reconsiderou a sua estratégia de se tornar numa marca elétrica já em 2030, onde as condições de mercado permitissem, e anunciou que vai continuar produzir veículos com motores de combustão durante bastante mais tempo.

Muito recentemente, a Audi anunciou que pretende continuar a produzir veículos com motor de combustão durante mais tempo do que o planeando inicialmente e agora a sua velha rival Mercedes-Benz veio dizer o mesmo.

O CEO da divisão de automóvel da marca de Estugarda Ola Källenius admitiu que será necessário fazer uma “correcção de trajetória” e manter em comercialização veículos com motor de combustão durante mais tempo do que o planeado inicialmente.

Será de referir que, há poucos anos, a Mercedes-Benz tinha solenemente afirmado que pretendia ser uma marca totalmente elétrica, “onde as condições de mercado o permitissem” já em 2030.

Em declarações à revista alemã Auto Motor und Sport, Ola Källenius afirmou que os “tecnologicamente avançados motores de combustão eletrificados irão continuar a existir durante mais tempo do que esperado inicialmente”.

Apesar de não ter avançado com um horizonte temporal exato, o finlandês referiu-se a estratégia dupla e combustão e elétrica como uma solução ótima, atendendo ao ritmo inferior ao esperado da adoção de veículos elétricos. “Na situação atual penso que a abordagem mais racional para um construtor tradicional será ter as duas tecnologias e não negligenciar qualquer uma delas”.

Estratégia atualizada

Os fabricantes automóveis estão a rever os objetivos anteriores de eletrificação porque as vendas não têm acompanhado as estimativas realizadas anteriormente. Apesar de algumas marcas continuarem a apostar nos elétricos, como a Mercedes-Benz, que viu as vendas baixarem 23% em 2024, o segmento está a crescer. De acordo com a Agência Internacional de Energia, as vendas de veículos elétricos subiram mais de 25% no ano passado, tendo atingido 17 milhões de unidades.

Por outro lado, o estudo anual sobre veículos elétricos da Bloomberg aponta para um crescimento das vendas de veículos elétricos e híbridos plug-in de aproximadamente 25% em 2025 para quase 22 milhões de veículos. A China deverá ser responsável por quase dois terços das vendas de veículos eletrificados.

À semelhança dos seus concorrentes BMW e Audi, a China continua a ser o maior mercado da Mercedes-Benz, apresar de quebra de 7% nas vendas no ano passado para 683 600 veículos de combustão e elétricos. Relativamente àquele país, Ola Källenius refere que os compradores chineses “não querem os seus carros para irem de A para B”, sublinhando que para muitos “é uma segunda sala de estar”. Isso talvez explique a quantidade de ecrãs que a marca alemã introduziu nos seus modelos mais recentes.

As três marcas premium alemãs vão continuar a disponibilizar veículos de combustão e elétricos depois de 2030. Resta saber o que acontecerá nos países que adotarem as regras da União Europeia que é suposto entrarem em vigor em meados da próxima década.