Marcas americanas criticam redução das tarifas às britânicas

Os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido chegaram a um acordo relativo às tarifas aplicáveis às importações de veículos britânicos pelos norte-americanos. Se a redução das tarifas para 10% deixou as marcas britânicas satisfeitas, as três grandes de Detroit ficaram furiosas, não poupando nas criticas.

O presidente norte-americano Donald Trump e o primeiro-ministro britânico anunciaram um novo acordo comercial entre os Estados Unidos e o Reino Unido, que teve o condão de agradar aos fabricantes ingleses e deixar os americanos furiosos.

Ao abrigo do novo acordo, os primeiros 100 mil veículos importados para os Estados Unidos de marcas britânicas serão sujeitos a uma tarifa de 10%, aumentando para 25% para os restantes.

Apesar das marcas britânicas, incluindo a Jaguar Land Rover (99 277 unidades vendidas em 2024), Rolls-Royce (1765), Bentley (3840), McLaren (1270) e outras como a Lotus, ultrapassarem em conjunto as 100 mil unidades, a verdade é que nem todos são construídos no Reino Unido. Segundo a BBC, as exportações de veículos britânicos para os Estados Unidos atingiram as 100 mil unidades em 2024, num valor de aproximadamente 12 mil milhões de dólares.

Além das importações de automóveis, a Casa Branca reivindica que o acordo “irá expandir significativamente o acesso ao mercado britânico pelos Estados Unidos, criando uma oportunidade de cinco mil milhões de dólares para novas exportações por parte dos agricultores, criadores de gado e produtores norte-americanos. O acordo prevê ainda mais de 700 milhões de dólares em exportações de metanol.

A Casa Branca adianta que se mantêm as tarifas recíprocas de 10%, mas haverá um novo acordo para aço e alumínio. O gabinete do primeiro-ministro britânico esclareceu que estas tarifas baixaram de 25% para 0%, o que significa que os produtores de aço britânicos podem continuar a exportar para os Estados Unidos.

Indústria automóvel americana em fúria

O Governo Reino Unido afirma que este é um “acordo histórico” que irá “esmagar tarifas para fabricantes britânicos de automóveis, de aço e agricultores - protegendo empregos e dando estabilidade aos exportadores”. A redução das tarifas nas exportações de automóveis de 27,5% para 10% irá fazer poupar “centenas de milhões por ano só à Jaguar Land Rover”.

Se os fabricantes britânicos ficaram satisfeitos, os seus congéneres norte-americanos manifestaram uma grande e forte insatisfação. O American Automotive Policy Council, que representa a Ford, General Motors e Stellantis, criticou a medida dizendo que beneficia mais os fabricantes de automóveis britânicos do que os americanos.

O seu presidente Matt Blunt explicou que a industria automóvel dos Estados Unidos está fortemente integrada com a do Canadá e México; o mesmo não se passa entre os Estados Unidos e o Reino Unido. “Estamos desiludidos pelo facto da administração ter dado prioridade ao Reino Unido em detrimento dos nossos parceiros norte-americanos”, sublinhou.

Mike Blunt adiantou que será muito “mais barato importar um veículo do Reino Unido com pouca incorporação norte-americana do que um veículo do México ou do Canadá com metade das peças feitas nos Estados Unidos”. O porta-voz acrescentou que isso “prejudica os fabricantes americanos, os fornecedores e os operários”, além de abrir um “precedente horrível para futuras negociações com concorrentes asiáticos e europeus”.