Numa altura em que são muitas as vozes a assumir a defesa única e exclusiva da mobilidade 100% elétrica, a Kia estreia a segunda geração do importante Niro, manifestando a vontade de continuar a jogar, não em um, mas em vários tabuleiros. Estratégia que, diga-se, o Kia Niro HEV Tech que assume o papel de protagonista neste ensaio, facilmente fundamenta e justifica…
Chegada ao mercado nacional já durante este ano de 2022, a segunda geração daquele que é, hoje em dia, uma das propostas da Kia para o importante segmento C-SUV, o Niro, apresentou-se perante os consumidores, colocando, desde o primeiro instante e se assim poderemos dizer, todas as cartas na mesa.
Optando por uma estratégia diferente de alguns rivais, que preferem ir introduzindo vários tipos de motorização ao longo do período de vida de um modelo, o Kia Niro chegou, também aos concessionários portugueses, em (praticamente) todas as formas de eletrificação. Mantendo, ao mesmo tempo que fazia da hoje em dia muito valorizada motorização 100% elétrica (EV) uma espécie de carta de apresentação, outras soluções que, embora de imagem talvez não tão forte em termos ecológicos, continuam a ser vistas como uma “opção segura” pela maioria dos clientes. Como é, de resto, o caso dos híbridos plug-in e, principalmente, dos híbridos sem necessidade de carregamento externo, como os híbridos convencionais. Ou e numa solução ainda simples, os Mild Hybrid!
De resto e falando no caso específico do modelo que é a razão deste ensaio, o Kia Niro HEV, valerá a pena começar por dizer que, em termos de design exterior, a opção pelo híbrido poucas alterações traz, face ao 100% elétrico. Mantendo, pelo contrário, a mesma e nova linguagem de design fortemente vanguardista, iniciada naquela que é a nova interpretação do chamado ‘Tiger Nose’, complementado com uma nova e não menos marcante iluminação 100% LED.
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Aliás e numa proposta que, por exemplo e face à geração anterior, ganha também uma postura mais SUV, fruto, desde logo, de uma maior distância ao solo (16 cm, contra 14,5 cm do antecessor), ajudada por jantes de design aerodinâmico de 18″, realce, igualmente, para a presença de alguns pormenores não apenas atraentes ao olhar, mas também com funções aerodinâmicas, como é o caso das pequenas aletas que figuram na moldura das portas traseiras, ou ainda do generoso airelon traseiro a prolongar a linha de tejadilho. E que, em conjunto com um óculo traseiro de pouca altura e um generoso pára-choques, que também integra, numa posição mais baixa, os piscas e a luzes de marcha-atrás, acaba contribuindo para uma traseira de aspecto sólido e marcante.
Em prol da habitabilidade e versatilidade
Passando ao habitáculo, de acesso fácil, um ambiente que não esconde a inspiração naquela que é a nova referência (elétrica) da Kia, o EV6, e, em particular, no tablier, com o seu painel negro e prolongado, do qual fazem parte a instrumentação e o ecrã do sistema de infoentretenimento. Ambos com 10,25″, totalmente digitais, e, no caso do primeiro, configurável segundo uma de três opções. Mas que, ainda assim, não evitou que, a exemplo do que acabaríamos por sentir relativamente aos widgets exibidos pelo sistema de infoentretenimento, nos tenha transmitido um layout, de certa forma, já gasto…
De resto e num habitáculo onde é notória a preocupação em apresentar alguns revestimentos que procurem elevar a sensação de qualidade perceptível a bordo e, já agora, disfarçar alguns plásticos menos convincentes (o caso da tampa do porta-luvas é apenas um exemplo…) não ficámos igualmente convencidos com o plástico baço escolhido para revestir o frontal do ar condicionado que, ainda por cima, exibe comandos tácteis geralmente pouco precisos (felizmente, ainda existem dois botões físicos que acabam facilitando o ajuste da temperatura…), tal como não nos atraiu, particularmente, o generoso manípulo da caixa automática de seis velocidades – fácil de operar, sem dúvida, mas ainda assim algo intrusivo em demasia…
Bem mais funcionais, por isso, soluções como a óptima prateleira na base da consola central, que além de servir para descarregar a carteira e telemóvel, também pode servir para carregar, via wireless, este último, sendo que, no caso do smartphone não permitir tal possibilidade, existem sempre e para todos os ocupantes, entradas USB e USB-C; inclusive, nas laterais interiores dos bancos dianteiros!
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E se, no caso do condutor, este mesmo banco é garantia, logo à partida, de uma posição de condução correcta e confortável, ajudada por um volante de óptima pega e amplos ajustes, além de um bom apoio de pé esquerdo, já no caso dos ocupantes dos lugares de trás, elogios para a continuação da excelente habitabilidade, consequência do já referido aumento das dimensões exteriores e, em particular, da distância entre eixos (2,70 m), a ajudarem a garantir não apenas mais espaço e conforto, como também um aumento da capacidade da bagageira, para os 451 litros. Tudo isto, sem esquecer um generoso alçapão por baixo do piso falso, no qual só é pena ser tão irregular…
Com a poupança como meta
Focando a atenção naquilo que está debaixo do capot dianteiro, ou seja, o já bem conhecido, de outros modelos, quatro cilindros 1.6 GDi a gasolina de 105 cv e 147 Nm, nota para o facto de surgir, neste Niro HEV, apoiado por um sistema elétrico composto por um motor de 44cv e 170 Nm, mais uma pequena bateria de iões de lítio de 1,56 kWh, graças aos quais o crossover sul-coreano vê a sua potência (combinada) aumentada para os 141 cv, além do binário fixado nos 265 Nm.
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Graças a estes argumentos, mas também à presença de uma caixa DCT de seis velocidades de funcionamento agradável, assim como de um sistema de tracção apenas dianteira, o anúncio de prestações não mais do que razoáveis, como é o caso da aceleração dos 0 aos 100 km/h em 10,8 segundos ou da velocidade máxima apontada aos 162 km/h, mas, principalmente, de um consumo combinado de 4,6 l/100 km. O qual, sublinhe-se, o Niro HEV faz questão de cumprir, conforme ficou demonstrado com a média real de 4,5 l/100 km feita por nós, após um “exame” que se prolongou por mais de 400 km, entre auto-estradas, estradas secundárias e cidade.
Já no que às sensações diz respeito, a constatação de uma proposta claramente vocacionada para a utilização familiar, confortável e de desempenho fiável e seguro, principalmente, na utilização sempre intensiva em cidade. Onde também é possível aproveitar a presença de um sistema de modos de condução com três opções – Eco, Normal e Sport -, seleccionáveis através de um botão específico, colocado entre os braços do volante, onde se pode ler ‘Drive Mode’. E, como também já seria de esperar, com o Sport a proporcionar um pouco mais de vigor na resposta, ainda que claramente aquém de algo que possa ser encarado como levemente desportivo…
E o veredicto é…
Confortável e competente na forma como se entrega à condução, qualidades a que acresce ainda uma excelente habitabilidade e funcionalidade para todos os ocupantes, o Kia Niro HEV assume-se, desta forma e antes de mais, como um óptimo familiar, inclusive, fruto dos consumos poupados que ostenta e contribuem para tornar esta versão Mild Hybrid ainda mais atraente. Em particular, para todos aqueles que, ainda desconfiados de uma mobilidade totalmente elétrica, não renegam, ainda assim, a possibilidade de uma maior poupança, resultante de um sistema elétrico que, até por não necessitar de ser carregado, praticamente nem se dá por ele.
Depois e se a tudo isto ainda juntarmos o excelente equipamento garantido pelo nível de equipamento Tech, mais a garantia geral de 7 anos ou 150.000 km oferecida pela marca, tudo por um preço final de 33.600 euros (valor que contabiliza já os 4.300€ de desconto que a Kia Portugal tem em vigor), será mesmo caso para dizer que, não restam dúvidas, de que é a própria realidade, que acaba justificando a existência deste Kia Niro HEV…
Kia Niro HEV Tech
Preço 33.600 euros (37.900€ sem campanha)
Motor 4 cil., 1.580cc + motor elétrico
Bateria/Capacidade Iões de lítio / 1,32 kWh
Potência combinada 141 cv
Binário máximo 147 Nm
Transmissão Auto., 6 vel.
Peso 1.399 kg
Comp./Larg./Alt. 4,42/1,82/1,54 m
Dist. entre eixos 2,72 m
Mala 451 – 1.445 l
Desempenho 10,8 s 0-100 km/h; 162 km/h Vel. Max.
Consumo 4,6 (4,5*) l/100 km
Emissões CO2 105 g/km
* Medições TURBO
GOSTÁMOS
– Conforto
– Habitabilidade
– Equipamento
NÃO GOSTÁMOS
– Visibilidade traseira
– Exposição da instrumentação ao sol
– Alguns plásticos
