Com mais de 145 estreias mundiais e quase de 1700 expositores de 41 países, o IAA Transportation 2024 reuniu a esmagadora maioria das empresas presentes no setor dos veículos comerciais ligeiros e pesados. A indústria demonstrou que está preparada para a transição energética, mas as condições de mercado estão longe de ser favoráveis devido à ausência de incentivos e de infraestrutura.
O maior certame europeu de veículos comerciais decorre por estes dias na cidade de Hannover, na Alemanha, e a edição de 2024 do IAA Transportation (como agora se chama) conta com quase 1700 expositores de 41 países.
Relativamente à edição de 2022, registou-se um crescimento de 21% face à edição de 2022, obrigando à ocupação de mais dois pavilhões da Feira de Exposições de Hannover. A organização – a VDA (Associação da Indústria Automóvel da Alemanha) – refere que a percentagem de expositores internacionais aumentou de 61,8% em 2022 para 72,3% em 2024, constituindo um novo marco histórico.
O IAA Transportation 2024 foi palco para 145 estreias mundiais e inovações, sendo que muitas delas estão inseridas no tema principal da edição deste ano: eletrificação e hidrogénio. Os fabricantes e os fornecedores exibiram os seus mais recentes desenvolvimentos nesta área, abrindo caminho para um futuro mais sustentável nos transportes.
Vendas não descolam
Contudo, a abertura desta edição do certame coincidiu com a polémica relativamente às metas a atingir para as vendas de veículos novos com emissões zero em 2025. De acordo com a legislação prevista, os veículos com emissões zero deverão representar 25% das vendas.
Caso contrário, as marcas poderão ter de pagar muitos milhões de euros em multas. Acontece que a entrada em vigor desta medida ocorre numa altura em que as vendas de veículos elétricos estão a desacelerar na Europa devido aos preços ainda elevados das viaturas e também à diminuição dos incentivos à aquisição.
Para agravar a situação, a implementação de uma infraestutura de carregamento de veículos elétricos e de abastecimento de viaturas a hidrogénio está a ser efetuada a um ritmo demasiado lento para as necessidades previsíveis em termos de parque circulante.
Infraestrutura necessária
No discurso de abertura do IAA Transportation 2024, a presidente da VDA, Hildegard Müller, sublinhou que a indústria automóvel e de veículos comerciais é a conduzir a transformação com grande empenho, investimentos avultados e inovações impressionantes.
“No IAA Transportation, a indústria está a mostrar que já desenvolveu e está a produzir produtos para a mobilidade neutra em carbono”, afirma a presidente da VDA, acrescentando que agora é “altura de colocar estes veículos nas estradas”.
Para que tal seja possível é necessário desenvolver rapidamente a infraestrutura, incluindo a construção de estações de abastecimento de hidrogénio e aumentar o número de pontos de carregamento para veículos elétricos, designadamente para pesados.
“A expansão de pontos de carregamento para veículos comerciais enfrenta frequentemente constrangimentos devido à capacidade da rede. Os carregadores querem converter, querem carregar e depois deparam-se com a realidade. O operador local de rede elétrica tem uma lista de espera de vários anos para disponibilizar as capacidades necessárias. É evidente que algo está errado e tem de ser feita alguma coisa, sendo necessárias urgentemente contra-medidas decisivas.,” esclarece Hildegard Müller.
Políticos têm fazer o seu papel
A presidente da VDA considera que cabe aos políticos a implementação de medidas para acelerar a transição energética. “Agora precisamos de uma agenda estratégia para atingir os objetivos climáticos. Isto significa um projeto de gestão bem estruturado que permita alcançar esse objetivo. Por esse motivo, a VDA pediu um adiamento da entrada em vigor das medidas aplicáveis aos veículos comerciais pesados para 2026. O facto é o seguinte: a expansão da infraestutura de carregamento e abastecimento de hidrogénio tem de avançar e implementada a nível nacional tão depressa quanto possível”.
A indústria automóvel está a canalizar o investimento e a inovação para assegurar a mudança e exige uma abertura à tecnologia: “O IAA Transportation 2024 é a prova de que o futuro da mobilidade assenta em inovações tecnológicas como a mobilidade elétrica, propulsão a hidrogénio e tecnologias digitais. O mix de tecnologias é um pré-requisito decisivo para a mobilidade neutra em carbono”, refere Hildegard Müller.
Prémios
A noite da estrelas do IAA Transportation 2024 foi palco para a cerimónia de entregas de prémios das várias tipologias de veículos. Nos comerciais ligeiros, o troféu de “International Van of the Year” foi entregue pelo presidente do júri Jarlath Sweeney a Heinz-Jürgen Löw, responsável da marca Renault pela área de negócio de veículos comerciais, pela eleição do novo Renault Master como “Van of the Year 2025”.
Nos camiões, o MAN hTGX ganhou o “Truck Innovation Award 2025” pelo comportamento semelhante a um diesel alcançado pelo motor de combustão a hidrogénio de seis cilindros em linha H4576 de 16,8 litros. O troféu de “International Truck of the Year” de 2025 foi atribuído ao Mercedes-Benz eActros 600, equipado com dois motores elétricos no eixo elétrico e três pack de bateria (cada um com 207 kWh de capacidade) que permitem uma autonomia superior a 500 quilómetros sem carregamento.
Nos semirreboques, a Schmitz Cargobull ganhou o prémio “International Trailer Award 2025” na categoria “Carroçaria” com o S.KOe COOL com refrigeração elétrica, e a Kässbohrer na categoria “Chassis” com o semirreboque de lonas 12-15 Flexi.
Nos autocarros, a Solaris convenceu o júri do International Bus of the Year com a tecnologia do hidrogénio introduzida no Urbino 18 Hyddrogen.