Nascido para envergonhar Enzo Ferrari, o Ford GT40 conseguiu isso mesmo nas 24 de Le Mans de 1966. Com tecnologias de construção do mais exótico que há, o novo Ford GT reacende a chama, com as primeiras 500 unidades já esgotadas
O novo GT é o Ford mais veloz de sempre, com uma velocidade máxima de 350 km/h. O “milagre” reside, em parte, no V6 EcoBoost de 3.5 litros: 656 CV de potência, com 90 por cento dos seus 745 Nm de binário disponível a partir das 3500 rpm. O peso também, dá uma ajuda: apenas 1385 kg, graças, em grande parte, à construção do chassis em carbono, tal como a carroçaria de linhas fluídas.
Ancorados à célula do habitáculo em fibra de carbono estão os dois subchassis em alumínio, um dianteiro e outro traseiro, sobre os quais são aplicados painéis estruturais também em fibra de carbono. Para além de reduzir o peso final, este tipo de construção garante enorme rigidez e uma boa base de apoio para os diversos componentes mecânicos, entre os quais o motor V6 biturbo EcoBoost, que está acoplado a uma caixa automática de sete velocidades e dupla embraiagem, montada no eixo traseiro.
Já a suspensão possui uma estrutura do tipo pushrod, em que as molas e amortecedores estão quase na horizontal. A barra estabilizadora é do tipo ativo e a distância ao solo é variável. Jantes de 20 polegadas, calçadas com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 especialmente desenhados para o Ford GT e com uma estrutura e composição específicas, asseguram uma ligação ao solo eficaz, com a potência de travagem assegurada por discos em carbono-cerâmica.
Graças a este apurado trabalho de conjugação entre uma mecânica poderosa, uma aerodinâmica refinada, uma aprofundada redução do peso e aos sistemas de suspensão, a Ford alega que o GT consegue um tempo de 2 minutos e 9,8 segundos no circuito canadiano de Calabogie, ou seja, mais rápido que o Ferrari 458 Speciale ou o McLaren 675LT.
Para maior interligação entre o piloto e o carro mas, também, para melhorar a rigidez do conjunto, os bancos fazem parte integrante da estrutura, estando directamente acoplados ao chassis. Para que seja assegurada a adaptação à fisionomia do condutor, tanto os pedais como o volante podem ser regulados. Este último tem um formato inspirado na Formula 1 e integra diversos comandos, surgindo bem integrado com um ecrã de instrumentos totalmente digital , com 10 polegadas. “Porque a concentração do condutor é muito importante num carro de tão elevadas performances, este painel muda consoante o modo de condução”, afirma Jamal Hameedi, engenheiro chefe da Ford Performance.
CINCO MODOS DE CONDUÇÂO
Os cinco modos de condução disponíveis podem ser selecionados através de comandos colocados no próprio volante, permitindo ao condutor manter o olhar na estrada e ambas as mãos no volante.
No modo Normal o velocímetro surge ao centro em grandes algarismos, com a relação de caixa indicada á direita e nível de combustível mais temperatura do motor à esquerda. A faixa de rotações colocada entre as 3000 e as 7000 rpm ocupa o topo do ecrã.
No modo Wet (molhado) a arrumação é essencialmente igual à do modo Normal, embora com um fundo azul e grafismo de imagens molhadas para lembrar o condutor das condições do piso em que está a circular.
No modo Sport as prioridades das informações mudam bastante. Ao centro surge a seleção de caixa, com o velocímetro desviado para a direita e com dimensões reduzidas. O fundo assume tonalidade laranja, uma preferência dos pilotos de testes.
No modo Track (pista) o grafismo assume um fundo negro com grande leitura para as informações de texto, num vernelho vivo que é fácil de captar pela visão. O destaque principal vai para a mudança engrenada e para o regime de rotação do motor. Todas as outras informações, como a temperatura do líquido de refrigeração, pressão e temperatura do óleo, nível de combustível estão arrumados em baixo e à direita.
O modo V-Max muda por completo o ecrã de instrumentação. Especialmente vocacionado para atingir a velocidade máxima, exibe um velocímetro grande e bem legível, tal como nas fotos. O conta-rotações fica reduzido a uma linha para o mínimo de distração. As informações secundárias estão, neste caso, arrumadas no topo à esquerda.
NASCIDO NO CANADÁ
O primeiro exemplar da nova geração do Ford GT ficou concluído em dezembro passado, saindo da linha de montagem da Multimatic, empresa especialista em engenharia de competição situada no estado canadiano do Ontário que também prepara os GTE da Ford para Le Mans. O complexo do Ontario deverá produzir 250 unidades por ano, para uma produção total do GT prevista para as mil unidades.
Por enquanto a Ford apenas aceitou encomendas para as primeiras 500 unidades (cada uma deverá custar cerca de meio milhão de euros), contando abrir os registos para a segunda metade da produção a partir de 2018.
No momento em que conduzia o primeiro exemplar para fora da linha de montagem, o responsável de produto, Raj Nai,r transmitiu o sentimento de toda a sua equipa: “Para todos os envolvidos no design e no desenvolvimento deste carro, incluindo todos os empregados e fornecedores, este é um momento digno de celebração. O novo Ford GT é a montra das nossas capacidades de inovação e do nosso compromisso em darmos mais aos nossos clientes, em especial no que diz respeito às tecnologias de redução de peso, aerodinâmica e tecnologia de motores EcoBoost.”