Volkswagen Golf eHybrid. Fórmula do GTE, mas mais acessível

Texto: Carlos Moura
Data: 1 de Julho, 2022

Com base na fórmula do GTE e no nível de equipamento Style, a Volkswagen propõe uma versão híbrida recarregável do Golf ligeiramente menos potente, mas mais acessível. A autonomia em modo elétrico também é maior. Quanto ao resto mantém todas as caraterísticas conhecidas e reconhecidas do Golf, incluindo a mais recente arquitetura digital.

O primeiro Golf híbrido recarregável surgiu no mercado em 2017 e recebeu a identificação GTE.  No final de 2019, a Volkswagen lançou a oitava geração do Golf, que também contava com uma versão PHEV, assente na motorização 1.4 TSI, a qual oferecia uma potência combinada de 245 cv e uma autonomia elétrica de até 62 km.

Para complementar a oferta do Golf GTE, a Volkswagen introduziu a nova variante eHybrid, de cariz mais familiar e eficiente. Baseada no nível de equipamento Style, está dotada com a mesma linha motriz eletrificada, mas a potência combinada diminuiu para os 204 cv (igual à do Golf GTE da geração anterior), enquanto a autonomia elétrica pode chegar aos 82 quilómetros.

O Golf eHybrid também se distingue do Golf GTE pela sua imagem mais discreta e conservadora, sendo muito idêntica à da restante gama Golf. Mantendo as proporções equilibradas do modelo base, esta versão recebe jantes de liga leve de 17”, tomadas de ar frontais na cor da carroçaria e friso cromado na parte inferior do pára-choques, além de uma faixa luminosa em LED que se estende na parte superior da grelha do motor entre os faróis LED.

A tomada de carregamento está localizada no painel dianteiro esquerdo, ligeiramente acima da embaladeira. A secção traseira também é idêntica ao resto da gama Golf, apenas com a designação eHybrid a fazer a diferença.

INTERIOR

À semelhança da restante gama Golf, o habitáculo do eHybrid recebe a mesma arquitetura digital que inclui o Digital Cockpit Pro com o seu painel de instrumentos de 10,3”, que concentra a informação essencial para a condução, enquanto a parte superior do painel de bordo acomoda um ecrã central de 10”, com animações, comandos táteis, sendo quase todas as funcionalidades ativadas a partir do mesmo.

O ecrã tátil também possibilita o acesso ao sistema de navegação, às imagens da opcional câmara traseira ou visualizações de informações do sistema híbrido plug-in.

O condutor pode selecionar os modos E-Mode, Hybrid e E-Save/E-Charge no ecrã tátil, assim como os programas de condução Eco, Comfort, Sport, Individual.

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Abaixo do ecrã tátil estão localizados quatro comandos que possibilitam o acesso direto a funções como o apoio ao estacionamento, assistências à condução, climatização, perfis de condução. No túnel do motor pode ser encontrado o comando do travão de estacionamento elétrico e um pequeno manípulo em substituição da alavanca tradicional para selecionar os modos de condução.

No que se refere à habitabilidade, esta é bastante generosa para uma viatura familiar. O interior é amplo, com largura e altura suficientes para acomodar ocupantes de maior estatura. O banco do condutor ErgoActive, com regulação elétrica e função de massagem, revelou-se bastante ergonómico e confortável.

Compartimentos para arrumações também não faltam, incluindo porta-copos na frente e um porta-luvas de dimensões generosas. Os materiais utilizados são de qualidade, assim como o rigor na construção.

Passando aos lugares traseiros, estes oferecem um espaço suficiente para acomodar dois adultos. Mais do que isso só com muito boa vontade, já que o terceiro ocupante ficará “espremido” entre os dois.

Mais penalizado foi o espaço na bagageira, cuja capacidade foi reduzida para os 272 litros para permitir a instalação das baterias por baixo deste compartimento. Todavia, para uma utilização normal, a capacidade ainda é suficiente e em caso de necessidade é sempre possível rebater os bancos traseiros numa configuração 60:40.

MECÂNICA

A versão eHybrid tem a mesma configuração mecânica do GTE e por isso é constituída pelo mesmo motor 1.4 TSI de 110 kW (150 cv), um motor elétrico de 80 W (110 cv) e uma caixa de dupla embraiagem de seis velocidades.

A gestão, no entanto, é diferente e, por isso, é que os valores de potência e binário são diferentes. Combinados desenvolvem 204 cv, menos 41 cv do que no GTE, permitindo ao eHybrid uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 7,4 segundos, isto é, mais 0,7 segundos e alcançar uma velocidade. máxima de 220 km/h, menos 5 km/h.

O motor elétrico é alimentado por uma bateria de iões de lítio com uma capacidade de 13 kWh (10,4 kWh úteis), que pode ser utilizada em modo elétrico para percorrer até 82 quilómetros em ciclo WLTP.

Como a maioria dos híbridos plug-in, também este Golf dá prioridade ao modo “E-Mode” quando se arranca. Nestas circunstâncias, a aceleração que o motor elétrico proporciona é mais do que suficiente para movimentar o veículo com facilidade. Com aquele modo selecionado, a velocidade máxima é de 130 km/h. A partir daqui o sistema passa para o modo híbrido, funcionando ambos os motores em simultâneo.

Se o nível de carga da bateria cair abaixo de um determinado nível ou se for aplicada muita carga no acelerador, o sistema muda automaticamente para o modo híbrido, ainda que o condutor o possa selecionar de forma manual em qualquer momento.

Além disso também é possível manter o nível de carga da bateria ou aumentá-lo até um nível determinado, passando o motor de combustão a funcionar como um gerador.

Regra geral, a bateria de iões lítio obtém energia através do sistema de travagem regenerativa ou externamente com recurso a uma tomada doméstica tradicional, a uma wallbox ou numa estação de carregamento pública com utilização de um cabo modo 3 Tipo 2. No primeiro caso, a bateria demora cerca de quatro horas a recuperar a capacidade total num carregador de 3,6 kW e menos de seis horas num carregador de 2,3 kW.

TECNOLOGIA

A atual geração do Golf é a mais avançada tecnologicamente de sempre e a versão eHybrid não foge a essa regra. O sistema multimedia é semelhante ao GTE, sendo constituído por dois ecrãs, um central de 10 polegadas e outro reservado à instrumentação de 10,25”.

Aquele último, denominado Digital Cockpit Pro, cumpre as funções de painel de instrumentos, oferecendo não só o grafismo clássico como o conta-rotações, o velocímetro e o conta-quilómetros, mas, também, outros dados úteis. As funções favoritas podem ser configuradas no ecrã principal com recurso a comandos no volante multifunções.

O Golf eHybrid conta ainda com um espaço para o carregamento de smartphones por indução e várias entradas para ligações de alta velocidade, mas têm apenas entradas USB-C. A ligação com os serviços digitais da Volkswagen é assegurada através da aplicação WeConnect e constitui a porta de acesso aos serviços online da marca.

A elevada dotação tecnológica do Golf eHybrid estende-se aos sistemas de assistência à condução, designadamente o Travel Assist, que é de série e pode ser ativado por comandos no volante multifunções.

Aquele assistente pode ajudar o condutor a travar e a acelerar, mantendo o veículo na faixa de rodagem, assim como a velocidade e a distância de segurança para o trânsito que se encontra à sua frente. Em combinação com a caixa DSG oferece uma condução autónoma de nível 2.

O assistente de ângulos mortos também é de série, assim como o reconhecimento dos sinais de trânsito.

AO VOLANTE

O Golf eHybrid oferece uma excelente posição de condução e que se regula em poucos segundos, graças às possibilidades de ajuste elétrico do assento em altura, profundidade e inclinação, enquanto o volante é ajustável em altura.

Com bateria carregada, o Golf eHybrid arranca sempre em modo elétrico e a sua bateria de 13 kWh permite percorrer até 72 quilómetros em condições reais se o utilizador não ultrapassar os 130 km/h. Ao contrário de alguns concorrentes, não permite selecionar um nível mais intenso de regeneração de energia e neste capítulo também está longe de impressionar.

À semelhança do que acontece com a versão GTE de 245 cv também esta de 204 cv tem um funcionamento suave muito agradável e silencioso, sobretudo em circuito urbano, onde o sistema híbrido tem um desempenho notável. Se for necessário adotar um ritmo mais “vivo”, este Golf eHybrid também não deixa ninguém envergonhado, já que consegue acelerar dos 0 aos 100 km/h em 7,2 segundos.

Por outro lado, a gestão específica do sistema híbrido permite oferecer um consumo de energia e combustível mais baixo do que o GTE, assim como uma maior autonomia em modo elétrico. Assim, nos primeiros cem quilómetros é possível obter um consumo de combustível de dois litros e de energia elétrica de 12,1 kWh. Isto significa um custo combinado de aproximadamente 6,5 euros (desde que o carregamento seja doméstico ou efetuado num posto público lento).

Esgotada a capacidade da bateria, o consumo de combustível num percurso misto entre cidade e autoestrada pode chegar aos 4,3 l/100 km.

A potência é transmitida às rodas dianteiras por uma caixa de dupla embraiagem de seis velocidades, que é suave na transição entre os modos de combustão e elétrico. O bloqueio eletrónico do diferencial, que é de série, também ajuda o condutor a sentir-se mais seguro em percursos sinuosos, maximizando a tracção.

VEREDICTO

Se o utilizador tiver possibilidade de carregar a bateria sempre que possível, a autonomia elétrica de até 82 quilómetros do Golf eHybrid permite fazer a maioria das deslocações diárias pendulares com um consumo de combustível muito baixo, com poupanças significativas para o orçamento familiar.

Numa conjuntura de “alta” de preços dos combustíveis esta é indiscutivelmente uma vantagem competitiva deste modelo, que é ligeiramente mais acessível do que o Golf GTE, estando disponível a partir de 40.056 euros. A unidade ensaiada do eHybrid acresce 2602 euros relativos a opcionais como a pintura Azul Atlantic, o tecto panorâmico com abertura elétrica, a câmara traseira, o sistema keyless access e vidros traseiros escurecidos.

Tudo o resto é idêntico ao já conhecido da gama Golf, só numa versão híbrida recarregável menos potente, mas que continua a oferecer a mesma habitabilidade, qualidade de construção e arquitetura digital. Não deixa de ser uma proposta bastante convincente e agradável de conduzir.

 

Gostámos Gostámos

Preço

Proposto por 40.056 euros (sem opcionais), o Golf eHybrid apresenta-se como uma alternativa mais acessível face ao Golf GTE, com a vantagem de oferecer uma maior autonomia elétrico e um menor consumo de energia.

Autonomia elétrica

Em circuito urbano é possível obter uma autonomia em modo elétrico bastante aproximada dos 82 quilómetros anunciados pela marca, o que é bastante interessante para quem a utilização diária se resume a trajetos citadinos ou suburbanos.

Conforto

O Golf eHybrid oferece um amplo espaço para os passageiros da frente e detrás, assim como um elevado conforto a bordo, graças aos materiais e revestimentos utilizados nos bancos, assim como à própria regulação dos mesmos.

Não Gostámos Não Gostámos

Só carregamento lento

O Golf eHybrid está equipado com um carregador de bordo que não tem opção de carregamento rápido, mas apenas lento. Isto significa que numa estação de carregamento pública a bateria de 13,0 kWh recupera a sua capacidade total em 3h40m.   

 

Capacidade bagageira

A instalação da bateria por baixo do compartimento da bagageira teve como consequência uma redução da sua capacidade para uns pouco impressionantes 272 litros, com os bancos traseiros em posição normal.

Comandos climatização

A arquitetura digital chegou em força ao Golf, mesmo aos comandos da climatização que deixaram de ter os tradicionais botões físicos. Agora para regular o ar condicionado é necessário recorrer ao ecrã tátil central e a operação carece de alguma habituação.


Volkswagen Golf 1.4 TSI 204 eHybrid DSG

Preço 42.657 € (unidade ensaiada)  

Motor Gasolina, 1395 cc + elétrico
Potência 204 cv (150 cv / 109 cv)
Binário 250 Nm
Transmissão Dianteira,  DSG 6
Bateria / Autonomia 13,0 kWh / 82 km
Peso 1590 kg
Comp./Larg./Alt. 4,28/1,79/1,49 m
Dist. entre eixos 2,62 m
Mala 272 l – 1129 l
Desempenho 7,4 0-100 km/h; 220 km/h Vel. Máx.
Consumo 1,2 (2,8*) l/100 km
Emissões CO2 21 g/Km

*Medições Turbo

 

Equipamento
Série: Jantes liga leve 17”, travão estacionamento elétrico, ar condicionado automático Climatronic, Digital Cockpit Pro, faróis IQ.Light LED Matrix, sensor luz e chuva, sistema Start & Stop com recuperação da energia de travagem, recetor digital DAB+, reconhecimento sinais trânsito, sistema navegação “Discover Media”, suspensão adaptativa DCC, kit reparação pneus, bloqueio eletrónico diferencial XDS, Car2X, controlo eletrónico de estabilidade, cruise control adaptativo, sistema “Side Assist”, sistema Front Assist com monitorização de peões e ciclistas, Travel Assist e Emergency Assist